Há artes na guerra

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Ueslei Marcelino – 15.11.2022 / Reuters

Em tempos de patrulhamento e cerceamento do livre pensar, o cuidado com o que é dito e escrito deve ser redobrado. Muitos chegam ao ponto de censurarem a si mesmos. Outros acreditam que o melhor é ficar calado e de olhos fechados. Há ainda os que se vergam até ao chão, concordando com tudo o que as autoridades dizem e fazem, mesmo que, com isso, fique com o traseiro ridiculamente exposto. De fato, o indivíduo sem liberdade de pensar e expressar-se é, em si, um ser ridículo e manietado, a quem foram-lhe cortadas as asas e retirada a alma.

Mas, para aqueles aos quais a dignidade é sempre um tesouro a ser conquistado, o livre pensar é tão importante quanto o ato natural de respirar. Essa é, contudo, uma virtude reservada apenas para aqueles que conhecem a si mesmo e, portanto, conhecem também seus inimigos.

Para tanto, não permitem que seus planos e ideias fiquem expostos, forçando seus algozes a permanecerem numa condição passiva, sobestando-lhes todos e quaisquer movimentos. Sabem se defender na escassez e atacar quando os ventos estão a favor. Para isso, recorrem a variadas táticas, utilizando-as de acordo com cada situação. Atacam e ferem com flores e poesia e adulam seus algozes com a ponta das baionetas e balas de metralhadora. Os milhões de olhos e ouvidos, postos a serviço dos tiranos, são trunfos que podem, um dia, serem também a razão do próprio fracasso.

Em tempos adversos como esses, é preciso esperar a hora certa de agir, desde que as oportunidades, por menores que pareçam, sejam agarradas, com vigor, à medida em que vão surgindo. Nada deve ser desperdiçado. É preciso reunir, num ponto da memória, todos os erros e falhas cometidas pelos tiranos, inclusive os próprios. É nesse memorial que pode estar os indícios e os caminhos para a vitória. É também preciso reunir, discretamente, forças dissidentes, penetrando, imediatamente, em cada brecha deixada pelos algozes. Em períodos de fechamentos políticos, a energia para agir só pode ser melhor aproveitada se a decisão e os alvos forem certos.

Em momentos como esse, em que a ética foi lançada para o espaço, saber de que lado está a verdade dos fatos nada muda. Melhor entrar no jogo. Uma vez tendo penetrado as muralhas inimigas, agir como quinta coluna, desfazendo o mal a partir de seu interior. Não acredite que, numa guerra suja, você não irá se sujar também. Nesse caso, pense na flor de lótus, que nasce do lodo mas mantém sua alvura intocável. Embora pareça absurdo, há, nesse exato momento, um trem da história esperando na gare. Pense sempre que há tanto valor heroico naqueles que pegam em armas, como naqueles que empunham a pena. Cada um no seu posto, de acordo com suas aptidões. O melhor de tudo é poder vencer esses que agora parecem atravancar caminhos de todos, sem a necessidade de luta. Tenha em mente que a raiva e a discórdia nunca são boas conselheiras. Melhor ainda é lutar por amor à família, aos costumes e pela terra em que nasceu e cresceu.

A ira é uma terra desolada. As estratégias levam às táticas e não o contrário. Não por outra razão, o pensamento é uma arma poderosa. Entre o poder e a inteligência, fique sempre com o segundo. Poder sem inteligência nada é. Retenha em sua mente a ideia de que a guerra só faz sentido se for feita em nome da paz. Guerra e paz se sucedem naturalmente, assim como o ato de inspirar e expirar. Escolha seus comandantes entre aqueles que sabem jogar xadrez com maestria. Tenha presente que a imaginação é também uma arma poderosa. Fique atento e jamais se esqueça daqueles que traem.

Lembre-se que a vitória ou a conquista é sempre uma obra coletiva. O ego é também um flanco aberto. A melhor guerra é sempre aquela que dura pouco. Os melhores combatentes são aqueles que reconhecem que as guerras só cessarão quando os homens mudarem a si mesmos.

A frase que foi pronunciada:

“No esporte você ganha sem matar, na guerra você mata sem ganhar.”

Shimon Peres

Imagem de Shimon Peres em 2016 — Foto: AFP

Música

A seguir, Neviton Barros apresenta seu primeiro concerto com os coros do Colby College. Nos Estados Unidos, há décadas, a formação musical de Néviton Barros chegou ao doutorado. Um pena o Brasil não valorizar um talento desses. E são muitos os nossos compatriotas, de músicos a cientistas, que desistiram de lutar por aqui.

Comédia

Em 2017, a então senadora Ângela Portela defendia a aprovação da PEC 10 de 2013, que acabava com o foro privilegiado. Na época, as estatísticas mostravam que menos de 1% dos réus com foro privilegiado eram condenados. A FGV fez um estudo, entre 2011 e 2016, onde apontava que, das 404 ações penais em julgamento, apenas 3 resultaram em condenação.

Senadora Ângela Portela. Foto: senado.leg

História de Brasília

Voltemos ao “Gavião”: a escola está em consertos, e dentro de uma semana, informa o cel. Marçal, a Mecol entregará a obra pronta, novamente. É preciso apenas que a Fundação Educacional mantenha um zelador, para evitar o que houve: meninos jogando futebol nas salas de aula, blocos carnavalescos fazendo evoluções no alpêndre, e crianças depredando as entradas das janelas. (Publicada em 13.03.1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #Censura #CirceCunha #Eleições2022 #HistóriadeBrasília #Mamfil #ManifestaçõesNoBrasil #PresidênciaNaRepública #VotoNoBrasil STF

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