VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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É bom o governo começar a se movimentar, despachando logo seus diversos interlocutores para as mesas de negociação com as diversas categorias de trabalhadores. Os próximos meses prometem. A tão apreciada lua de mel entre a população e o governo pede providências de um bem montado núcleo de negociadores, capazes de reverter a onda de greves que se anuncia. É preciso, no entanto, assegurar-se de que aqueles que forem escalados para essas missões tenham garantidos, pelo próprio governo, o respaldo necessário para firmar o que pode ser cedido e o que não tem condições e, portanto, será negado. Ministros que prometem concessões que depois são vetadas pelo governo não só se desgastam inutilmente, como perdem a credibilidade, tornando-se pessoas não confiáveis nessas questões. Essa sugestão vale tanto para o governo federal, como para o governo do Distrito Federal.
Se forem cumpridos todos os calendários de greves e paralisações que constam das agendas das diversas categorias, o segundo semestre se transformará, sem dúvidas, num período de provações, com os novos governos, no âmbito federal e local, sendo submetidos a períodos paradistas que poderão contaminar essas novas gestões, se alastrando como rastilho de pólvora para outros setores, o que pode atrapalhar, ainda mais, esse início hesitante de governo, com idas e vindas inúteis.
O complicador para esse momento de tensão continua sendo a crise econômica com o desemprego em alta, o pífio crescimento e as poucas perspectivas de que o país irá superar essa fase em curto espaço de tempo. Antes de tudo é preciso esclarecer que qualquer governo que viesse a assumir o país, depois do tornado representado pela década petista, acabaria tendo que arcar com as consequências do desmonte do Brasil.
A chamada herança maldita repercute de forma dura nesse momento e ainda terá desdobramentos pela frente. Como notícia ruim, nesse caso, não vem sozinha, o governo ainda encontrará pelo caminho as interposições tanto de um Legislativo refratário a muitas medidas do Executivo, como do próprio Judiciário, representado pelo Supremo Tribunal Federal, indiferente às agruras do atual governo.
Nas ruas, também a população vinha, aos poucos, mostrando sua impaciência com a lentidão das reformas, com os preços dos alimentos e outras necessidades da vida real das pessoas. Mesmo parte da imprensa, é visível a intenção de envenenar o ambiente, com notícias distorcidas ou mesmo falsas.
Se forem juntar a essa salada indigesta, a falta de sintonia do partido do governo e o fato de um tal centrão reaparecer a qualquer minuto pela frente para embaralhar o jogo, aí temos que o governo vai precisar trabalhar como nunca para pacificar o país.
Para 14 de junho próximo, os servidores prometem greve contra a reforma da Previdência. Nessa quinta (30) os sindicatos participaram, juntamente com os servidores e técnicos da Universidade de Brasília, de atos contra o contingenciamento das verbas para a educação. Ao menos sessenta sindicatos prometeram presença nos atos. Também os servidores da Caesb, convocaram para assembleia geral com indicativo de greve. Outras empresas como a CEB e Metrô, estão estudando a questão.
Por todo o país existe indicativo de greve programada de vários setores da economia, contra as reformas, contra os cortes, contra as propostas de aposentadoria. Os servidores públicos são os que mais se mostram contrários às mudanças propostas pelo governo e são também, os mais mobilizados e coesos. Diante de um quadro de insatisfação geral como esse, é bom que o governo providencie logo uma corrente de orações, pois diante do que está por vir, só mesmo reza braba ou uma ação efetiva que agrade a população que o apoiou.
A frase que foi pronunciada:
“Se os hospitais do país funcionassem a população ficaria satisfeita.”
Ilza Santos, doméstica, voltando para casa depois de aguardar 13 horas por atendimento no Hospital do Paranoá. Foi para casa sem ter sido atendida na emergência.
Chateação
Carnaval fora de época e fora do espaço apropriado. É o que tira a paz de parte dos moradores do Lago Sul, que protestam contra o bloco Adocica. A paz termina no Hangar Cinco, na QI 5. Não é só o barulho ensurdecedor, mas os transtornos com brigas, altercações, sujeira por todo lado e o trânsito, que não foi delineado para esse tipo de movimento.
Nada feito
Tanto moradores quanto comerciantes, com o apoio da Prefeitura Comunitária do Lago Sul, protocolaram pedidos junto a Administração Regional com abaixo-assinado com centenas de assinaturas. Apenas duas iniciativas por parte do GDF. O horário foi ampliado das 22h para as 2h da madrugada do dia seguinte e a folia passou a fazer parte do calendário oficial do GDF, mesmo sem ter registro algum ou personalidade jurídica que se responsabilize pelo inconveniente. Tempo marcado para folia não funciona. O barulho avança no tempo.
Inoperância
Aos apelos, a Agefiz responde que não sabia de nada, nem tem efetivo suficiente para fiscalizações durante a madrugada.
Direito
Para melhor entender toda essa rede de conluios, foi solicitada, com base na Lei de Acesso à Informação, à Administração Regional, cópia do processo público de solicitação e concessão do alvará de autorização. O processo foi enviado com tarjas pretas cobrindo os nomes dos solicitantes de qualquer procedimento, o que impede de se conhecer quem está por traz desse evento.
Por trás dos carimbos
Ou seja, o GDF se revela surdo aos pedidos de sua comunidade, não cumpre a Lei do Silêncio (4092/2008) e nem o acordado em TAC`s com o Ministério Público (quanto aos horários de eventos carnavalescos), não fiscaliza a realização e esconde os envolvidos. E mais: a liberação do evento por parte de uma Secretaria só aconteceu 5 dias após a festa.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Hoje é terça-feira, dia da reunião ministerial. O povo aguarda a oportunidade de saber como vai o país, e quer saber o que será feito do seu destino. (Publicado em 21.11.1961)
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