Desde 1960
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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br
Ninguém duvida que o governo Temer esteja caminhando no fio da navalha. Mesmo com o apoio provisório de parte significativa da população e de seus pares no Congresso, dentro do costumeiro período de trégua de lua de mel, seus movimentos estão sendo observados por uma lupa rigorosa.
Impossibilitado de fugir do abraço mortal do modelo de presidencialismo de coalizão, que já levou muitos à ruína, cabe ao presidente e sua equipe se equilibrarem entre as muitas armadilhas plantadas pelos petistas rancorosos, pelo fogo amigo e pela ansiedade de uma população à beira do colapso nervoso.
No front externo, a situação varia entre a expectativa e a desconfiança. Dos inúmeros desserviços prestados ao país pela ex-presidente e seus acólitos, talvez o com maior potencial de estrago para uma economia fragilizada como a nossa tenha sido justamente a propagação , além fronteiras, da versão falsa de que o impeachment não passou de movimento golpista, levado a cabo por um grupo de direita de olho nas riquezas nacionais.
Em complemento à estratégia de difamação externa, o governo, varrido pelo bafo das ruas, ainda recorreu aos blocos econômicos do continente, dominados pelos tais bolivarianos, pedindo nada menos do que a expulsão do Brasil de seus quadros, por ofensa aos princípios e cláusulas democráticas. Alguns editoriais em jornais de grande respeitabilidade no mundo embarcaram na versão de golpe, motivados por um misto de má vontade com o Brasil e preguiça dos próprios correspondentes, que preferiram replicar informes espalhados pelos petistas.
Sabotado, de um lado, e, de outro, tendo à frente a maior crise econômica de todos os tempos, Temer contempla, da corda bamba, o precipício. Tomar pé das reais condições das contas públicas, camufladas, maquiadas e escondidas pelos que deixaram o poder, é o primeiro passo. Adotar medidas emergenciais precisas é o passo seguinte. Montar uma equipe com credibilidade perante o público interno e que, ao mesmo tempo, tenha espaço e peso dentro do Poder Legislativo é outra providência imediata. Para turvar o quadro, estão previstas, ainda, manifestações de rua dos grupos defenestrados do poder, apoiados pelos movimentos sociais e sindicatos que perderam a boquinha do governo.
Correndo por fora, a Operação Lava-Jato entrou na fase derradeira e já ameaça diretamente a ponta do megaescândalo, composta pela classe política. Quando a espada da Justiça começar a cortar as cabeças coroadas do parlamento, haverá, além da choradeira de praxe, uma cobrança maior de todos da base para que o governo Temer ponha freio no ímpeto saneador do Ministério Público. Vencidos esses obstáculos iniciais, restará a Temer aguardar ainda as decisões do TSE, se caça ou não a chapa que formou com Dilma em 2014, além, é claro, do julgamento final do impeachment pelo Senado.
O tempo exíguo para a realização de todas essas tarefas e a inquietação gerada pela massa de 11 milhões de desempregados desesperados representam também barreiras a serem superadas nessa maratona gigantesca e histórica que o destino reservou ao presidente em exercício.
A frase que não foi pronunciada:
“Filósofo parece costureira. Consegue pensar o resultado usando apenas o tecido, a linha e a agulha imaginários.”
Dona Dita
Missiva
Sobre o artigo “Cérebros em fuga” publicado nessa coluna, a médica endocrinologista Cristiane Jeice Gomes Lima descobriu, entre seus inúmeros pacientes, que um câncer que afetou uma família inteira é originário de mutações raríssimas. Tão importante foi a descoberta que a Instituição Americana Medstar Research Instituto a convidou para desenvolver sua pesquisa em Washington (EUA), às expensas do Instituto.
Logística
Doutora Cristiane, então, em setembro de 2015, pediu licença sem vencimento ao GDF (Processo nº 0270.001.126/2015) para continuar a pesquisa na Instituição Americana.
O antigo secretário tinha deferido o pedido, mas o atual cancelou, sob o argumento de que há carência de médico em Brasília, mesmo a médica tendo iniciado o curso, se mudado com a família para Washington, nos Estados Unidos, e arcado com todas as despesas de aluguel, matrícula das filhas etc.
Realidade
Foi feito o pedido de reconsideração, e o processo se encontra na mesa do novo secretário para decisão. Não preciso declinar os benefícios que o Brasil terá com a pesquisa. Pela história, percebe-se como os cérebros são tratados no Brasil. (A missiva foi enviada pelo leitor
Rubem Martins.)
História de Brasília
Quem resolveu a questão de comunicações foi a equipe da Rádio Difusora, Associada de S. Paulo. Os repórteres José Carlos de Morais e Carlos Spera formaram uma ponte sonora Brasília-Porto Alegre, através da qual o senador Auro de Moura Andrade pôde conversar com o governador Leonel Brizola. Foi o trabalho jornalístico mais importante do ano. (Publicado em 6/9/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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