Famosos silentes

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Incêndio nas margens da rodovia Raposo Tavares, no interior de São Paulo. Foto: poder360.com

      Diante da situação atual, em que basta abrir a janela para se certificar que o Brasil arde com mais de 20 mil focos de incêndio, é preciso alertar: “É o meio ambiente, estúpidos”. O fogo é sempre um assunto desagradável e não combina com popularidade e eleições. Candidatos omissos são, por isso, condenados nas urnas. Os satélites mostram um país coberto por nuvens pálidas e agourentas das fumaças. Entre o que se ouve oficialmente das autoridades, quando afirmam que o combate aos focos de incêndio tem sido exitoso, que tudo está sob controle, e o que olhos e pulmões constatam vai uma distância imensa — quase uma notícia fantasiosa. Os olhos não enganam. O nariz, também não. Há cheiro de fumaça no ar. E onde há fumaça há fogo.

      Onde há uma ausência ou inação governamental para proteger o patrimônio verde da nação, em seu lugar, há névoa de fumo e fuligem a anunciarem o que parece ser um país consumido pelas chamas. Visto a olho nu, o Brasil vai sendo devorado pelas beiradas. Com mais esse problema pela frente a se somar a tantos outros, nesses tempos nebulosos, estamos, literalmente, imersos na estória infantil em que o rei, por suas veleidades, acaba saindo nu pelas ruas do país. Por detrás da fumaça, o que se vê é o protagonista da peça teatral seguindo para os autógrafos, alheio à situação real.

      A questão é saber: iremos arder todos com as queimadas no Brasil? Não há como estocar ou esconder o vento fumacento varrendo-o para debaixo dos novos e caríssimos tapetes reais. Por onde andam os hollywoodianos indignados para clamar pela natureza brasileira? Ninguém viu. Talvez, mais efetivo seria cobrar de volta o cachê e destiná-lo para os pequenos municípios que não veem, há tempos, a cor azul do céu e do sol dourado.

      O país vai sendo encoberto por um véu que parece anunciar o fim dos tempos. De fato, estamos vivendo debaixo de tempos nebulosos. Esse é também o nevoeiro que ajuda apagar da memória o que vivemos. Também faz-nos esquecer e perdoar, mesmo contra a vontade de muitos. Talvez estejamos ardendo de desgosto e desalento. Queimam-nos a alma a realidade interna e a nossa responsabilidade perante o mundo. Os brasileiros estão pondo fogo no próprio país. É o que dizem. O mundo enxerga-nos sempre como um coletivo. Somos nós, brasileiros, e não o Estado, que achou por bem deixar que o país pegasse fogo. O mundo nos culpa de piromaníacos.

      O aquecimento global passa a ser uma mixaria quando notamos que, depois de cinco séculos, ainda estamos à mercê da monocultura da cana, cultivada em enormes latifúndios ou com as usinas de álcool e açúcar. Da mineração inclemente que esburaca o país, deixando para trás desertos inabitáveis, também não nos livramos ainda. São Paulo, outrora próspero e promissor e com clima ameno, produtor de uma diversidade de alimentos, hoje é um canavial gigante a enriquecer poucos e a empobrecer a terra e os homens comuns. Voltamos no tempo. São Paulo voltou ao ciclo canavieiro da época colonial. Talvez, por isso, pague um alto preço. Lavouras de fumaça são o que parecem produzir. Em meio ao braseiro, não é possível distinguir claramente entre culpados ou omissos. Todos carregam uma parcela de culpa, um fósforo na mão ou um litro de gasolina.

      Somos protagonistas de uma tragédia continental que é só nossa. O futuro promete absolvição plena aos verdadeiros culpados, livrando-os de todas as penas. Atentamos, há séculos, e sem remorsos contra o meio ambiente do país. Praticamente, não há local algum neste país em que não possamos verificar paisagens destruídas pelas mãos humanas. A cada dia, milhares de novos focos de incêndio são registrados. Entre 1º e 31 de julho deste ano, foram observados quase 12 mil novos focos de queimadas. Trata-se de uma sequência de ocorrências jamais registrada na nossa história.

      Os dados oficiais tentam minorar essa situação, mas os satélites internacionais mostram toda a realidade. Além de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e a Amazônia estão em chamas. São dezenas de milhares de focos. Nem  mesmo o Cerrado tem escapado dessa tragédia. No primeiro semestre deste ano, houve quase 10 mil queimadas registradas. A região de Matopiba (acrônimo dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia ) vive situação idêntica. A expansão agrícola desenfreada, somada aos efeitos da seca e ao aumento da temperatura global, parece ter transformado nosso país num gigantesco e único foco de queimadas. Bem-vindos ao inferno!

A frase que foi pronunciada:
“Os incêndios que se alastram pelo país são questões de direitos humanos, saúde pública e economia.. (…) Estão sendo provocados, conforme avaliação que nos chega até o momento.”
Senador Paulo Paim

Senador Paulo Paim. Fonte: Senado.gov.br

Interessa?
Agressiva a campanha de bandidos que usam voz, script e até número parecido com o SAC dos bancos. Não é possível que idosos sejam constantemente abordados por esses larápios. Faz pensar que os dados do INSS estão sendo vazados. Bancos e operadoras de celular até hoje não conseguiram investir em segurança para evitar esse tipo de golpe.

Charge do Thyagão

História de Brasília

O dr. Laranja, segundo nos disse, comunicou-se ontem de manhã com o prefeito, que está no Rio, e disse de sua intenção de nomear uma comissão para apurar essas irregularidades, não somente na sua administração, como, igualmente nas anteriores. (Publicada em 18.04.1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AquecimentoGlobal #AriCunha #Brasília #CirceCunha #HistóriadeBrasília #IncêndiosNoBrasil; #FumaçaNoBrasil; #Mamfil #MeioAmbiente

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