DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL
Continuaremos no reino do faz de contas e da fantasia democrática, enquanto não houver uma reforma política séria que, entre outras providências urgentes, elimine a maioria das legendas de aluguel e feche a torneira do dinheiro público para qualquer atividade partidária, obrigue essas agremiações a se submeterem ao pente fino da Receita Federal.
Argutos conhecedores das brechas e da malemolência das leis, os partidos, logo nos primeiros dias, após o término da ditadura, entraram numa espécie de degeneração ideológica progressiva e acabaram por se transformar no que são hoje: clubes exclusivos, comandados por uma elite de plutocratas, disfarçados de lideranças políticas, que se utilizam do chamado presidencialismo de coalizão apenas para negociar posições privilegiadas na máquina do Estado e passam a saquear o erário.
É dessa forma, em poucas linhas, como se processa, por meio dos partidos, a democracia em nosso país. Não é por outra razão que temos convivido, pacífica e historicamente, com um flagrante contraste entre dirigentes cada vez mais ricos e uma população que se arrasta num eterno estado de penúria material. Sintomaticamente, é possível ainda verificar que a grande maioria desses abastados dirigentes políticos amealhou verdadeiras fortunas apenas ocupando sucessivamente funções públicas ou a elas designando prepostos. Obviamente, a porta que dá acesso a esse mundo fabuloso dos negócios se situa bem no interior das legendas e é franqueada apenas aos seus dirigentes.
Uma análise mais acurada sobre esses prodígios sibaritas e a origem de seus tesouros não resistiria à primeira linha. Dessa forma, não soa estranho que todos os atuais partidos, sem exceção, com assento no Congresso, não tenham punido nem com nota de reprimenda, nem com o afastamento provisório, nenhum de seus integrantes implicados, quer no escândalo do mensalão, quer na Operação Lava-Jato.
Os partidos simplesmente ignoram e relevam as decisões da Justiça, mesmo aqueles casos em que seus filiados estão condenados e presos em cadeias públicas. Como tem sido demonstrado, ao longo do tempo, por diversos exemplos, a maioria das legendas partidárias considera a desobediência às orientações do partido, relativas às votações de matérias de interesse, como crime passível de expulsão. Votar com a consciência e contra questões fechadas pelos dirigentes das legendas é crime mais gravoso do que desviar recursos públicos. Nesses casos ,a fidelidade partidária acaba por se confundir, de forma perigosa, com aquelas juras de sangue feitas comumente entre membros de uma mesma gangue criminosa.
A frase que foi pronunciada
“Seu voto cuidará da sua carteira.”
Dona Dita acompanhando votações no Congresso
Preto no branco
» Segundo a ONU e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), as empresas deixam de pagar R$ 500 bilhões ao Estado brasileiro: 27% dos impostos são sonegados ou evadidos, e 13% do PIB é a mesma quantia que sai da Previdência Social.
Medicamentos
» Um boletim da OMS publicado neste ano mostra a dificuldade de acesso a medicamentos que foram testados na população da América Latina. Fora do alcance dessa mesma população, 12 desses medicamentos custam cinco vezes mais que o salário mínimo.
Póstuma
» Amigo da professora Neusa França, o governador Rollemberg lhe deve uma homenagem: executar o hino Oficial de Brasília nas escolas públicas.
Racismo
» Aconteceu ontem em Tannenbush, cidade bairro de Bonn, na Alemanha. Na Farmácia DM os funcionários acusaram uma negra de furto. Revistaram-na e não encontraram nada. Chamaram a polícia, que a levou para a delegacia. Não encontraram nada e a liberaram sem pedir desculpas.
Nova Odebrecht
» Mônica Odebrecht é a única da família que pode dar continuidade aos negócios da família.
Agende-se
» O maestro Jorge Antunes apresenta, de sua autoria, a ópera O Espelho. Baseada no conto de Machado de Assis, trata-se de duas almas: a interior e a exterior. A estreia será no Theatro São Pedro, em São Paulo, em 15 e 17 deste mês, às 20h, e 19 de março, às 17h. Venda pelo site www.compreingresso.com.
Lucidez
» Vale a pena buscar na internet a entrevista do sempre ministro Almir Pazzianotto no programa Roda Viva, sobre o desemprego pelo mundo, e os 12 milhões de desempregados no Brasil, além do subemprego. Ele fala sobre a insensibilidade diante do sofrimento dessa população, que vive sem dignidade. Políticas públicas para sanar esse problema precisam ser prioridade.
História de Brasília
Muita gente pensa como eu, mas as conveniências fazem com que se calem. E o defeito de interpretação tem me causado muitos aborrecimentos. Outro dia, um goiano me apresentando a outro, o fez com estas palavras: “Este aqui é o famigerado colunista”. (Publicado em 23/9/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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