Em rota de colisão

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Desde 1960

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com Mamfil e Circe Cunha

Diferentemente de qualquer outra legislatura do passado, as atuais bancadas federais na Câmara e no Senado puderam, de maneira inédita, experimentar na própria pele o bafo quente das megamanifestações de rua. Os movimentos populares, diga-se de passagem, espontâneos, apartidários e até hostis aos políticos e ao modo de se fazer política. Pela magnitude e pelos recados que, de modo claro, passaram às autoridades, o que a população anseia para a administração do Estado, diverge, frontalmente daquilo que insiste em impor agora, de modo afoito, as Câmaras Alta e Baixa. A dissintonia entre eleitos e eleitores é de tal forma tamanha, que há quem considere, inclusive, que a classe política, por cegueira e medo do que está por vir com as investigações que correm na Justiça, busca, com as mudanças, um espaço para a salvação de centenas de cabeças é cada vez mais estreito e iminente.

Nesse caso, as reformas políticas que se anunciam, pelas fantasias que contêm, principalmente pelos modelos de escolha de candidatos e de partidos e pelos meios de financiamento das campanhas, estão empurrando, perigosamente, os atuais políticos numa rota de colisão contra a população. Pela importância das reformas para o futuro do país, torna-se óbvio, até mesmo para o cidadão comum, que as mudanças necessitam de tempo para reflexão, responsabilidade na proposição, sentimento de nacionalidade e, sobretudo, consciência tranquila e limpa para se qualificar como reformador. Tudo, absolutamente, que não se encontra nessa turma nervosa que comanda a atual reforma política.

A essa altura dos acontecimentos, o público em geral percebeu que o que está sendo gestado no Legislativo é uma saída de emergência para os encalacrados com desvios éticos de toda ordem. Dadas  a falta de preocupação com o país, marca da maioria das figuras que compõem a atual legislatura, e a implicação de muitos deles em casos de desvios de dinheiro público e outros crimes, fica patente, à maioria da sociedade, que qualquer reforma que venha ser a escrita por essas mesmas mãos não resultará em benefício algum para os brasileiros e para o Brasil. Os frutos dessa árvore são conhecidos por todos e foram rechaçados nas grandes manifestações de rua. Só não viu quem não quis.

A frase que foi pronunciada

“Com a lei da palmada, os castigos passaram a ser virtuais. Sem computador, celular ou tablet por uma semana. Esse castigo é mais eficiente que qualquer corretivo antigo.”

Pai da Helena

Lupa

» Tem gente de olho na Proposta de Emenda à Constituição da senadora Gleisi Hoffman, do PT paranaense. Apelidada de “PEC do cheque em branco”, tem como objetivo mudar a regra das emendas individuais feitas ao Orçamento da União. A ideia é que deputados e senadores apliquem no Fundo de Participação dos Estados e DF e os Fundos de Participação dos Municípios as verbas de emendas individuais. A dúvida fica por conta da prestação de contas e do planejamento.

Faz sentido

» Em Porto Alegre, uma discussão interessante sobre isenção de IPTU. Em tempos de menos verba no caixa do governo, há estudos para acabar com a isenção do imposto para clubes. No caso, seriam clubes sociais e de futebol. Nelson Marquezan fez o cálculo. São menos R$ 14 milhões por ano na arrecadação na capital do Rio Grande do Sul.

Outro lado

» Sobre a abertura desta coluna que estimula os leitores a pedir a nota fiscal em postos de gasolina, nosso amigo que é dono de um posto altamente conceituado na capital da República dá a dica: o preço do combustível começa na distribuidora. Quem dita o preço não são os postos, mas a política econômica do governo. Metade do preço da gasolina é de impostos. “A população e os jornalistas, principalmente, precisam se informar melhor antes de culpar os postos”, disse ele.

Promoção

» Por falar nisso, o posto da Disbrave na 504 Norte estava vendendo gasolina no débito ou no dinheiro por R$ 3,65.

Release

» Diz o documento elaborado pelo senador Paulo Paim, intitulado Frente Ampla pelo país: “A corrupção político-empresarial está institucionalizada nos três níveis: federal, estadual e municipal, e a impunidade é componente decisivo para o aumento da corrupção. Os governos transformam o Estado em balcão de negócios. E o que tivemos até hoje foram governos sem princípios e sem olhar humano. Eles vendem a alma do povo para se manterem no poder”.

Verdade

» Mais uma do senador Paulo Paim: “O Brasil não possui uma cultura de governabilidade. Cada vez que muda o governo, mudam-se as políticas econômicas e sociais de acordo com o pensamento do grupo que assume. Não há máquina administrativa que aguente  nem programa de governo que se sustente.”

História de Brasília

Militares estão malsatisfeitos porque perdem a possibilidade de comprar imóvel próprio, já que caberá aos ocupantes atuais a chance de adquirir os apartamentos. (Publicada em 4/10/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: Política Brasil Brasília Mamfil Ari cunha circe cunha

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