Eleitor e candidato, relação desigual

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Blindar o dinheiro pago pelo contribuinte da ação predatória dos diversos agentes do Estado, incluídos os políticos, os servidores públicos, empresários e outros personagens modernos, seria solução mais eficaz do que blindar determinadas pessoas que, imantadas pelo instituto da prerrogativa de foro, continuam a agir, despreocupadamente, na dilapidação do bem público.

A Operação Lava-Jato não será, como muitos creem, uma virada de página na histórica engrenagem corrupta que nos mantém presos ao atraso e subdesenvolvimento. Antes disso, é preciso trilhar o caminho das reformas do Estado. Uma simples observação nos valores do impostômetro, mostrados nos painéis eletrônicos espalhados pelo país, levanta inúmeras suspeitas de que o montante trilionário arrecadado em impostos não bate com os benefícios retornados para a população.

Entre as mil faces da corrupção, estão listadas a má aplicação do dinheiro público em negócios mal calculados e de risco, além da camuflagem das contas do Estado por meio das pedaladas fiscais. O dinheiro do contribuinte deveria ter  tratamento especial por parte da legislação, de modo a incluí-lo entre os bens de elevadíssima importância para a sobrevivência de toda a nação, sendo, portanto, considerado crime dos mais graves seu mau uso ou usurpação por qualquer meio.

No Brasil, até as legendas partidárias e os políticos individualmente, que deveriam se portar como legítimos e fiéis representantes da população junto ao governo, agem sempre de forma a lesar o eleitor e contribuinte, quando se associam a maus empresários no intuito de encher os cofres do partido e das empresas com a riqueza da população. Para esses personagens, que reiteradamente vêm operando contra nossos interesses, além do instituto do foro privilegiado que lhes concedemos, oferecemos bons salários, com mil mordomias, propaganda em cadeia nacional paga pelo contribuinte, fundo partidário, verbas para emendas ao Orçamento (individual e por bancada) e outros inúmeros benefícios.

Nossos representantes, em sua maioria, agem como bem observou o filósofo Roberto Romano, como lobistas, operando como verdadeiros brokers nos Três Poderes. A trilha aberta agora pelas investigações do Ministério Público e pela Polícia Federal poderá nos levar a bom porto, caso sejam feitas também mudanças radicais na nossa representação política, pois são eles, encastelados em fortificações blindadas, a causa de nossas crises permanentes. Repensar as relações entre eleitor e eleitos talvez seja a tarefa mais urgente e difícil que temos pela frente. Mais difícil e necessária até do que a própria  Operação Lava-Jato e congêneres.

A frase que não foi pronunciada

“Eu quis regulamentar o lobby, eu quis salvar o Brasil.”

Ex-senador Marco Maciel, pensando enquanto ouve as notícias.

Sem aconchego

Em 1999, foram vendidas 70 mil caixas de Ritalina. Em 2010, mais de 2 milhões de caixas. O medicamento serve para deficit de atenção e hiperatividade.

Mães vulneráveis

Em 2006, a Lei nº 11.265 regulamentou a comercialização de leite para recém-nascidos. Parece que era o que as empresas multinacionais precisavam. Como proíbe a promoção comercial dos produtos, hospitais se encarregam da propaganda deixando as mães inseguras quanto à amamentação. Sugerem um nome para caso o “leite esteja fraco”. A venda para lactentes disparou.

ANS

Campanha lançada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar em parceria com o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) pede que as mães digam não ao parto agendado. Parece que o alvo atingiu o público errado. Cabe ao médico orientar a paciente sobre o assunto. Ele é o profissional e deveria agir como tal.

História de Brasília

Os chapas-brancas estão na rua a qualquer hora, desobediência à ordem. Logo mais veremos brigas de galo e biquínis escandalizando as senhoras católicas do Paraná. (Publicado em 31/8/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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