Eis a questão

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Charge do Zé Dassilva

Acerca da Ética, os dicionários ensinam se tratar de um ramo da filosofia que busca explicar os princípios que norteiam o comportamento humano, com relação ao respeito às normas e aos valores da realidade social, no intuito de valorizar as regras de conduta moral dos indivíduos em suas relações com seus semelhantes.

Para o filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), a ética é estabelecida de dentro para fora, a partir da razão humana, com seu talento em criar regras de conduta e de convivência, tornando-as verdadeiras bússolas morais às quais denominou Imperativo Categórico. Para Santo Agostinho (354-430 d.C.), a ética estaria ligada ao amor, sobretudo ao amor a Deus, longe das necessidades materiais. Para ele, a liberdade de vontade inerente ao homem deve ser orientada sempre para o bem em busca de uma harmonia individual e coletiva.

Já para outro filósofo da Igreja Católica, Tomás de Aquino (1225-1274), a ética está centrada no pensamento metafísico, a partir do agir humano. Também chamada de Ética Tomista, ela se centra na contemplação do criador. Mesmo para os gregos da antiguidade clássica, como é o caso de Aristóteles, a ética, que poderia ser definida como costume, hábito ou caráter, estava relacionada intrinsecamente com a ideia de felicidade e virtude. Para muitos gregos, a tendência natural do ser humano era a busca pela felicidade e para o bem.

       Para Nicolau Maquiavel (1469-1527), seriam duas concepções de éticas diversas. Uma ligada à tradição cristã, que visava a salvação da alma, e uma outra ética ligada à política, que tinha como finalidade última a salvação do Estado e que abria exceções nesse caso: mentir quando necessário, ser mau quando for o caso e, ao mesmo tempo, parecer bom e piedoso. Realista ao extremo, costuma dizer: “Os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo (plebe) sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo.”

Na visão do chamado “pai da Psicanálise”, Sigmund Freud (1856-1939), não existe uma ética nascida no coração do homem, essa noção passa a existir à medida em que o sujeito se vê imerso dentro do campo da cultura. Para ele, a ética irá se delinear como uma limitação da pulsão (força dinâmica) e poderia estar na raiz de algumas patologias psíquicas. Na psicanálise, a ética está inserida no inconsciente e traduz um sentimento de que existe, sim, um mal-estar próprio à condição humana. Para Freud, a ética tinha sua origem na tentativa dos indivíduos de justificar, racionalmente, sua conduta moral para assim ficar em paz com sua própria consciência e em paz com seus semelhantes próximos. No entanto, a concepção que se tem hoje sobre ética, diante da modernidade e da contemporaneidade, está ligada às novas relações entre os homens e às recentes instituições, com o objetivo de combater desmandos e abusos.

       Desse modo, a Ética moderna se liga agora mais às motivações institucionais e legais, deixando a questão da moralidade em segundo plano. Com isso, é na forma da lei que a noção de ética se liga hoje. Não surpreende a quantidade de códigos de ética existentes atualmente. Por todo o lado e, sobretudo, nas instituições, os códigos de ética e de conduta estão presentes. São os códigos de ética médica, da advocacia, da igreja, das universidades, da imprensa, do comércio, dos órgãos do governo, das empresas e por aí vai. Fala-se muito, hoje, em governança, transparência, e outros termos e neologismos, cheios de significados e muitas vezes vazios de afirmação efetiva. A questão aqui e no resto do mundo é saber onde estaria a ética nesses novos tempos.

Para alguns observadores da modernidade, a ética, como a conhecemos, ao longo da história humana, foi exilada, para alguma ilha distante, justamente por apresentar o abismo existente entre os homens públicos e a própria noção de Ética que trazemos ainda guardada dentro do peito e que se refere a conceitos como bom caráter, boa conduta, integridade moral, evolução espiritual e outros valores que devem permanecer eternamente válidos, sob o risco de cairmos todos na vala comum da animalidade e da insanidade.

Hoje, a mais acertada definição de ética fica por conta do filósofo de Leme, Millôr Fernandes (1923-2012). Como ele dizia, criticando nosso conceito moderno de ética: “meus princípios são rígidos e inalteráveis. Eu porém, nem tanto.” Ou simulando um diálogo entre dois políticos: “mas de uma coisa o senhor poder estar certo. Se algum dia em abrir mão de minhas convicções morais, a preferência será sua.” A relatividade imposta ao conceito de democracia valeira também para a ética. Somos o que somos? Ou não somos mais nada? Eis a questão.

A frase que foi pronunciada:

“Um homem sem ética é uma fera solta neste mundo.”

Albert Camus

Albert Camus. Foto: wikipedia.org

Vamos para o trabalho

Casos em que funcionários precisam levar crianças ao trabalho causam dúvidas na reação dos vigilantes. O problema é que as instituições não podem ser responsabilizadas por qualquer acidente com os pequenos. Caso resolvido pondo, à disposição dos pais, um termo de responsabilidade pela criança durante a visita. Ver o pai ao telefone no trabalho, as máquinas a todo vapor, os restos de bobinas espalhados no chão para receber a tinta das canetas coloridas… Ou a mãe cuidando das comunidades carentes de atenção. Aferindo a pressão arterial daquelas idosas com o rosto marcado pelo sofrimento, ou da vacina dada nos filhos de ministros da Justiça com sotaque engraçado. São memórias valiosas e todos devem ter esse direito.

Foto: meon.com

História de Brasília

Nessa mesma data, já que o assunto é telefone, o DTUI entregará o aparelho 2-9999 o que quer dizer que estarão aplicados os 3 mil terminais nesse ano. (Publicada em 01.04.1962)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #ConceitoDeÉtica #ÉticaNoBrasil #HistóriadeBrasília #Mamfil #PolíticaBrasileira

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