Do outro lado do mundo

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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De acordo com a Neoenergia, o fornecimento foi normalizado às 15h30. – (crédito: Divulgação/Neoenergia)

       Em nome dos pais, das mães e dos filhos desta capital do país, é preciso que as autoridades e os políticos locais venham a público esclarecer as razões que levaram o GDF, com a assentimento da Câmara Legislativa, a privatizar, em 4 de junho de 2021, a CEB Distribuição. Com isso, aparentemente, tiraram dos ombros do Distrito Federal, as responsabilidades sobre o fornecimento de um dos mais importantes insumos para a população que é a energia elétrica. A Neoenergia é responsável pela distribuição de energia e manutenção da rede elétrica no Distrito Federal. A CEB Ipes é a empresa que ficou responsável pela gestão da iluminação pública no DF.

Sem bons serviços no fornecimento de energia elétrica às famílias do DF e entorno, não há, nem ao menos, cidadania, que dirá progresso. O que ocorre agora em Brasília é o mesmo que vem ocorrendo em outras capitais brasileiras, onde os serviços essenciais de distribuição de energia foram privatizados sem um devido processo de impactos ou sem uma consulta prévia e acurada junto à população.

Experiências em várias partes do mundo e mesmo aqui em nosso país demonstram que a isenção do Estado na distribuição de energia elétrica acarretou enormes prejuízos à população, além de transformar esses serviços num mercado altamente lucrativo para os proprietários desse tipo de negócio. Pena que a Constituição do Distrito Federal e mesmo a Constituição Federal de 1988 não tenham incluído, entre suas cláusulas pétreas, um dispositivo que vedasse a privatização dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica, fornecimento de água potável, além do tratamento adequado de esgoto e do encaminhamento ecológico do lixo urbano.

 Tendo que conviver com a maior carga tributária do planeta, esses serviços essenciais e vitais deveriam ser, ao menos, garantidos pela Lei Maior, como direitos inalienáveis, e obrigação máxima do governo e do Estado. Ao empurrar ou lavar as mãos sobre o fornecimento desses serviços básicos, deixando esses contratempos para a iniciativa privada, a população, que antes sabia a quem recorrer ou mesmo levar aos tribunais em caso de falhas, ficou desamparada e à mercê de uma burocracia empresarial alheia às necessidades do povo. Não por outros motivos, as reclamações se avolumam tanto junto à Neoenergia como a outros órgãos, como é o caso do site Reclame Aqui. Já são mais de 76 mil reclamações registradas, sendo que outras milhares não foram sequer registradas.

É bom lembrar que a privatização da CEB, dando o controle dessa empresa ao grupo espanhol Iberdrola, rendeu ao GDF R$ 2,515 bilhões, um valor, que foi capitalizado pela empresa local graças, unicamente, ao dinheiro pago todo mês pelos brasilienses ao longo de décadas. Com o retorno das chuvas e com as previsões nada pacíficas sobre o comportamento do tempo, que, segundo a meteorologia, serão de fortes pancadas de chuvas e trovoadas fora dos padrões normais, as interrupções e falhas nas redes de energia serão comuns e muito além do que poderá essa empresa atender.

 O aquecimento global, que também entra nessa equação para aumentar as angústias da população, irá demonstrar que a privatização da CEB foi será um negócio cada vez mais prejudicial para a população, que ficou entregue à própria sorte. Água, luz, esgoto, segurança, educação e saúde não podem ser transformados em mercadorias, nem entregues às dinâmicas do mercado, tampouco às previsões de lucros de empresários. Diante do volume de reclamações que cresce dia a dia e diante dos precários retornos e atendimento, não será surpresa se, daqui a pouco, esse assunto não irá se transformar em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que será realizada na mesma Casa Legislativa local que permitiu a venda desse importante serviço para os espanhóis do outro lado do mundo.

         No início do mês, a Neoenergia fez a apresentação de um plano de contingência operacional e de atendimento e mostrou o aumento de investimentos para enfrentar as chuvas que se anunciam. Nesse plano, está previsto o pronto atendimento das equipes para o reforço nas ruas e no Centro de Operações Integradas (COI) e para o atendimento das solicitações emergenciais. A Neoenergia garante que engenheiros, técnicos e eletricistas permanecerão de plantão durante todo o período chuvoso. Inclusive o SAC receberá mais atendentes para atendimento pelos números 116, o WhatsApp ((61) 3465-9318), o aplicativo Neoenergia Brasília e a Agência Virtual. Vamos acompanhar!

A frase que foi pronunciada:

“Benjamin Franklin pode ter descoberto a eletricidade, mas foi o homem que inventou o medidor que ganhou dinheiro.”

Conde Wilson

Conde de Wilson – Fotografia do século XIX – Original da Coleção Waldyr Cordovil Pires – Rio de Janeiro

História de Brasília

É por isto que acontece o que acontece, e quem a paga é a cidade. Quem de prejudica é a cidade. É preciso que haja alguém que diga ao sr. Laranja Filho como Brasília foi construída. Em que moldes, e em que caráter de honestidade. (Publicada em 19.04.1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #Chuvas #CirceCunha #EnergiaEmBrasília #EnergiaNoDistritoFederal #HistóriadeBrasília #Mamfil #Neoenergia #Reclamações

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