A difícil arte de ensinar

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: chargesdodenny.blogspot.com

     Basta uma observação superficial para constatar que alguma coisa em nosso modelo de ensino não vai bem. Análises exaustivas, das mais diversas, sob diferentes focos, têm sido feitas e os resultados parecem apontar para lugar nenhum. O que acontece hoje em nossas salas de aula, principalmente no ensino público, demonstra de fato que prosseguimos por caminhos incertos.

     Fossem instaladas câmeras em algumas dessas escolas, de Norte a Sul do país, para registrar o dia a dia de alunos e professores em sala de aula, o resultado mostraria, de forma inconteste, uma realidade que, em muitos casos, gostaríamos de não assistir. Violência, em todos os seus graus, opondo aluno contra aluno, brigas de gangues, consumo de drogas, agressões contra professores, ao pessoal de apoio, e uma infinidade de ações absolutamente fora de controle parecem ter tomado conta de nossas escolas.

        Na verdade, as escolas espelham a sociedade tal como ela é. Somente com a questão da indisciplina, que vem se alastrando por boa parte das instituições públicas de ensino, perde-se um tempo precioso para o bom desenvolvimento do conteúdo programático.

   A indisciplina amedronta também os próprios alunos e tem atingido, sobremaneira, muitos professores, obrigando-os, inclusive, a se afastarem do magistério. A violência, que tem tomado as ruas de nossas cidades, vem também se repetindo com mais intensidade dentro das nossas escolas. O que fazer?

      Sem mudar a sociedade, pouco pode ser feito dentro das escolas. Essa questão, vista de outra maneira, indica que é preciso e urgente empreender mudanças dentro das escolas, para depois ver como essa nova postura prática pode influenciar no comportamento da própria sociedade.

        A afirmação de Lévi-Strauss de que “passamos da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização”, pode vir a ser confirmada em nosso país, caso deixemos as coisas como estão. Países como é o caso da Suécia, distante em quilômetros e progresso social da gente, começa a perceber e a encarar as chamadas novas pedagogias como erro histórico.

      Métodos adotados atualmente, dando mais iniciativa e liberdade aos alunos em sala de aula, têm se mostrado incapazes de conduzir a educação à um bom termo, ao mesmo tempo em que retiram do professor a condução básica de dirigir o processo de ensino. Pelo menos é o que tem constatado a pedagoga e catedrática sueca, Inger Enkvist.

       A autora de vários livros sobre educação e atual assessora do governo sueco para assuntos de pedagogia acredita e defende que as escolas hoje, mesmo num momento em que pais e filhos parecem estabelecer relações diferente daquelas do passado, necessitam estar conscientes de que sua tarefa principal é ainda de formar, intelectualmente, os jovens das diversas idades. Para ela, a escola não pode ser uma creche e nem o professor ser transformado em um psicólogo ou assistente social. A formação intelectual, fornecida pelas escolas, visa, em sua opinião, prepará-los para o mercado de trabalho, transmitindo-lhes cultura, ao mesmo tempo em que irá proporcionar a todos uma ideia de ordem social. Esses conceitos devem ser reforçados ainda mais, já que as escolas constituem a primeira instituição com a qual as crianças se deparam na vida.

      Nesse sentido, a pedagoga reforça que os professores devem mostrar que existem regras, dentro e fora da escola, que precisam ser seguidas. Para tanto, diz, é preciso mostrar que o professor é a autoridade local e deve ser respeitado, assim como seus colegas de classe.

Para Inger Enkvist, é impossível aprender bem sem disciplina. “Não se é bom professor apenas pelo que se sabe sobre a matéria, nem só porque sabe conquistar os alunos. É preciso combinar ambos os elementos: atrair os alunos para a matéria para ensiná-la adequadamente. É preciso recrutar professores excelentes em que alunos, pais e autoridades possam confiar. E a menos que haja uma situação grave, devemos deixá-los trabalhar”, afirma a pedagoga. É um assunto a ser pensado com seriedade por aqui.

A frase que foi pronunciada:

“As ditaduras são sempre corruptas, porque roubaram o que pertence a todos: a liberdade de participar do poder “. 

Inger Enkvist

Charge: dukechargista.com.br

Quermesse

Leve seu copo para o templo budista nesse final de semana. A edição 2018 da Quermesse é ecológica. Os copinhos serão cobrados.

Imagem: facebook.com/events

Agências

Algumas mudanças previstas pelo Senado Federal para as agências reguladoras. A mais importante é a obrigatoriedade de apresentar um plano de gestão anual ao Congresso.  A Lei Geral das Agências Reguladoras, do senador Eunício Oliveira, também prevê o serviço de ouvidoria à disposição dos usuários. A sugestão da senadora Rose de Freitas é que seja programada uma consulta pública para qualquer edição de atos normativos das agências.

Detran

Mais cedo ou mais tarde, o Detran vai precisar ceder em relação ao estacionamento pago nas entrequadras. A arrecadação das multas é grande nessa área. Mais uma razão para poupar o contribuinte e dar maior conforto aos motoristas, além de aumentar giro no comércio local.

Foto: pt.foursquare.com/gavlinski

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Do deputado Amaral Furlan, ao ministro Ulisses Guimarães, no vôo ministerial da Panair: “Os ministros, que não pagam, são os primeiros a entrar”. (Publicado em 26.10.1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
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