VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Dos muitos fatores que concorrem para facilitar e até mesmo incentivar a perpetuação da corrupção entre nós, mesmo depois dos gigantescos esforços feitos por operações exitosas como a Lava Jato, nenhum outro é tão importante e tão central quanto a questão da desigualdade social, item no qual o Brasil continua sendo um dos grandes campeões mundiais.
À primeira vista, pode até parecer que não exista ligação direta entre um fenômeno e outro, o que, por certo, explica a pouca atenção que estudiosos do problema têm dado a essa relação de causa e efeito. Apenas à guisa de introdução nesse assunto, é preciso observar que o fenômeno da corrupção, na máquina do Estado, diminui naqueles países onde a desigualdade social tende a ser menor, aumentando, no mesmo sentido, à medida em que crescem também os níveis de desigualdades sociais.
A explicação para o interligamento desses dois fatores pode ser encontrado no seio do próprio Estado. É nas flagrantes diferenças com que o Estado trata seus cidadãos, de acordo com o poder aquisitivo de cada um, que reside um dos múltiplos braços desse polvo imortal da corrupção. A começar pelos efeitos da carga tributária, que especialistas já comprovaram recair justamente sobre os cidadãos com as menores rendas.
Passa pelo sistema judiciário, onde o indivíduo flagrado furtando um pacote de manteiga, dentro do que seria entendido como um delito por razões famélicas, é condenado e encarcerado por quatro anos, mesmo tendo família para cuidar e dar sustento. Esse mesmo sistema de justiça, alojado no que seria o mais complexo e perdulário organograma de um Poder Judiciário de todo o planeta, encontra, em seus mecanismos Kafkianos, meios de impedir a condenação de poderosos que desviaram bilhões de reais dos cofres públicos, concedendo-lhes todas as facilidades e indulgências, inclusive perseguindo aqueles que ousaram acusar tão nobre casta.
Noutras instâncias, como no Legislativo, a blindagem de seus membros cuida para que os maestros dessa “cacofonia” desarmônica, que é o Brasil, fiquem ao abrigo de quaisquer penalidades, mesmo quando apanhados em crimes de morte.
Com a pandemia, essas disparidades surreais ficaram ainda mais evidentes, apenas observando-se a quantidade insuficiente de enfermeiros para cada médico. De médicos para cada paciente. De leitos para cada internado. De medicamentos para cada enfermo. Enquanto um único médico não encontra quem o auxilie na hora da emergência, um juiz, nas altas cortes, conta com centenas de auxiliares pagos a peso de ouro.
Esse mesmo servidor da saúde, quando adoecido, não encontra meios próprios para assegurar sua vida. Os planos de saúde, sustentados pela população de baixa renda, atendem apenas os pacientes do andar de cima. Por que razão um profissional bombeiro ou socorrista, que passa a vida salvando vidas, não possui os mesmos planos de saúde de primeira linha de um ocupante do alto escalão do Estado?
Questões como essas deixam pistas para entender como o processo intricado da desigualdade social acaba imbicando e se misturando ao fenômeno da corrupção, dando-lhe impulso e vitalidade para se prolongar incólume no tempo. Esse binômio perverso poderia muito bem ser rompido, por meio de um longo processo de educação da população, com o Estado garantido qualidade no ensino público. Mas isso não feito, talvez, por uma razão até singela e já pontada por educadores como Darcy Ribeiro, que certa vez notou: “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.”
A frase que foi pronunciada:
“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”
Immanuel Kant
Interessante
A seguir, um vídeo interessante divulgado nas redes sociais, com Luís Lacombe e Alessandro Loiola, sobre ditaduras socialistas, negociações com nações e aranhas.
Lavagem
Eric Lins, também em um vídeo que lembra o homem nu no MAM, onde uma criança era orientada a tocar naquele corpo exposto, mostra como nós, cidadãos brasileiros, somos passivos aos absurdos que nos são impostos de forma sorrateira e desavergonhada. Ou acordamos ou o pesadelo nos espera. Veja a seguir.
Galo canta
Por falar nisso, Toni Farah manda as três interrogações. Ninguém ficou pasmado com a disponibilidade de máscaras do país asiático para o mundo todo? Eles já estavam preparados até para exportar respiradores? Incrível observar o estrago feito na economia, principalmente da Europa e Américas. Como é possível que a economia deles não tenha sido abalada? Só mais uma: aquele mercado nojento, onde dizem que tudo começou, está com ofertas incríveis.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Recebemos uma carta de um leitor contando que foi procurado por três desses falsos mendigos, com receitas do Hospital Distrital, pedindo dinheiro para aviá-las. (Publicado em 18/01/1962)
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