Demo? Cracia

Compartilhe

ARI CUNHA
jornalista_aricunha@outlook.com

com Circe Cunha e MAMFIL

Precocemente envelhecida, a democracia brasileira vive uma situação pra lá de paradoxal: nem bem teve tempo de aprimorar os mecanismos necessários para acompanhar a evolução contínua da sociedade e já apresenta sinais de fadiga crônica e terminal. Na raiz do problema está a absoluta dissociação entre o Estado leviatã e a sociedade, vista aqui apenas no seu aspecto de provedora de um sistema perpetuamente desigual e injusto. Num modelo como esse, não há a menor possibilidade de um funcionamento longevo e harmonioso entre o governo e os cidadãos.

O que existe, de fato, é um alto muro separando os Três Poderes do restante dos brasileiros. De outra forma, como explicar para um contingente de 13 milhões de desempregados que desembargadores de estados pobres da União recebem mensalmente dos cofres públicos salários que ultrapassam os R$ 300 mil e ainda têm assegurado outras vantagens como auxílio-moradia, plano de saúde e sabe-se lá o que mais?

Que exercício fazer para que um cidadão aceite com tranquilidade o fato de que até seu representante no parlamento foi eleito graças aos muitos milhões de reais desviados criminosamente das empresas públicas? Como explicar, ainda, que membros do governo, além dos altos salários, contam com um reforço na forma de um cartão corporativo que tudo compra, de tapioca na esquina a préstimos e favores de todo gênero?

Não pode haver futuro para um país cuja população, saturada desses desmandos seguidos, hostiliza, até com violência, a maioria dos políticos flagrados em lugares públicos. Vivemos um clima de guerra civil não declarada. Para se ter uma ideia, no ano passado, o estado de Pernambuco, outrora uma potência do Nordeste, registrou 4.400 assassinatos. A cada 134 mortes violentas no mundo, uma é registrada em Pernambuco. Apenas nos primeiros dias deste ano, já foram 479 mortes violentas no estado. Em todo o país, 6,5 homicídios são registrados a cada hora. Não é por outro motivo que o Brasil lidera a lista mundial de mortes por assassinatos.

A violência é, talvez, a face mais vistosa de uma sociedade entregue à própria sorte, desamparada e à mercê da criminalidade crescente que medra desde os becos escuros das periferias insalubres até os palácios atapetados e iluminados com candelabros de cristal. Bastou a decretação de uma greve ilegal da Polícia Militar do Espírito Santo para que, em menos de uma semana, 140 pessoas fossem barbaramente mortas, obrigando a população a se refugiar em casa. Afirmar que está tudo dominado já não é apenas força de expressão, mas uma realidade presente e perigosa.

A frase que foi pronunciada

“Sereis tanto mais influentes quanto mais fordes corretos e justos.”

Juscelino Kubitschek

Discurso

» “Temos uma fúria legiferante, produzimos leis, leis, leis sem nos preocuparmos com execução ou implementação. Por isso os tribunais estão lotados e quem paga a conta é a população, que nunca recebe a resposta adequada.” Esse foi um trecho do brilhante discurso da senadora Ana Amélia, sexta-feira, no plenário.

Fonte

» Com uma base que soma 3 milhões de recortes de jornais, a biblioteca do Senado é o porto seguro de consultores, assessores e pesquisadores do Brasil e do mundo. Helena Celeste Vieira, coordenadora da Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, explica em entrevista à Agência Senado que a coleção chega a 7 mil assuntos. Fátima Costa, chefe do processamento de jornais, tem empenhado a última década em digitalizar os jornais. A coleção completa do Correio Braziliense, desde 1987, já está digitalizada. Com um portal extremamente amigável, é possível acessar a biblioteca pela internet, ler obras raras, livros modernos e autores dos mais variados estilos.

Segredo

» Soltaram no Plenário que o dia 8 de Março não vai ser um dia qualquer em Brasília. A Marcha das Mulheres promete tomar conta das ruas. A Câmara e o Senado preparam atividades, debates e homenagens. No Senado, o local escolhido é o Interlegis.

Indiferença

» Inacreditável que, depois do fiasco do concurso de domingo, a Polícia Militar do DF anuncie que a banca “organizadora” será a mesma dos Bombeiros. O Diário Oficial traz a informação de que o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistência Nacional será novamente o arrecadador das inscrições. Sim, porque até agora foi só o que essa instituição fez. Nem Bombeiros, nem o governador Rollemberg, nem a comissão que decidiu sobre a banca resolveram a situação de milhares de desempregados que dedicaram anos de estudo, abdicando de fins de semana e de uma vida social. Certamente, esse concurso será anulado por não ter o mínimo de organização.

Descaso

» Basta uma navegada pela internet para ver o número de ações contra o Idecan. O portal Reclame Aqui também coleciona o destrato que essa empresa misteriosa aplica nos estudantes.

História de Brasília

Elias de Oliveira Jr., “DC-Brasília”: Sob todos os pontos de vista, definitivamente encerrado, a não ser que o povo esteja destituído do poder de evocação para saber quem foi o sr. Jânio Quadros durante sete meses de governo e notadamente a “herança” que nos deixou com a renúncia.

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha

Posts recentes

  • ÍNTEGRA

Vícios e virtudes

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

2 dias atrás
  • ÍNTEGRA

Zombando da sorte

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

3 dias atrás
  • ÍNTEGRA

Fim da fome ou da corrupção?

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

4 dias atrás
  • ÍNTEGRA

Quando não há necessidade de currículum

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

1 semana atrás
  • Íntegra

Em busca da nascente

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

1 semana atrás
  • ÍNTEGRA

As portas da percepção

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

1 semana atrás