ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
No Brasil, quem ousa defender a vida, seja dos cidadãos ou do meio ambiente em geral, é logo tornado alvo e morto, impiedosamente, por bandidos que integram organizações ou a mando de empresas legais, muitas delas tornadas poderosas, graças aos incentivos e isenções que recebem dos cofres públicos e graças à proteção e ao lobby que recebem de numerosas bancadas, com assento no Congresso Nacional.
Por ano, uma média de mais de 500 policiais são assassinados em todo o país. Trata-se de um número assustador e que demonstra, com clareza, que aqueles profissionais que são treinados pelo Estado, muitos deles jovens, para dar proteção à sociedade, contra a criminalidade crescente, estão, às centenas, tombando em combate, deixando um flanco aberto para a escalada da criminalidade entre nós.
Utilizando, muitas vezes, armas obsoletas e de baixo calibre, sem opção de fogo contra o armamento sofisticado exibidos pelos bandidos, nossos policiais são presas fáceis do crime. A cada ano, tem crescido o número desses profissionais mortos por delinquentes. Em 2018, as estatísticas se repetem, como um policial morto a cada 54 horas, apenas no estado do Rio de Janeiro. Aqui em Brasília, a situação se repete. Em 2017, 20 policiais foram mortos e outras dezenas feridos com gravidade em todo o Distrito Federal e nas regiões do entorno. O problema é que estatísticas são elaboradas apenas para preencher formulários com uma aritmética fria que logo são deixadas de lado e parecem não possuir influência ou impactos maiores quer sobre as autoridades, quer sobre os próprios cidadãos, bombardeados com dados e gráficos todos os dias. Se a situação daqueles que defendem a sociedade contra o avanço da criminalidade nas cidades é de calamidade, o mesmo ocorre em relação àqueles que defendem o meio ambiente.
Relatório apresentado há pouco pela ONG britânica Global Witness (GW) acusa o Brasil de ser o país com o maior índice de ativistas ambientais assassinados. O relatório, com dados do ano de 2017, mostra que das 207 vítimas identificadas em 22 países naquele ano, 57 mortes foram contabilizadas em nosso país. Desse total, 60% ocorreram na América Latina.
De acordo com a GW, 2017 foi um dos anos mais violentos para aquelas pessoas que defendem o meio ambiente. “A comida em nossos pratos, os anéis em nossos dedos e os móveis de madeira em nossas casas: muitas vezes há uma realidade violenta por trás dos utensílios domésticos do nosso cotidiano. À medida que o agronegócio cresce, as florestas tropicais são derrubadas e a mineração continua a gerar enormes receitas para as grandes corporações globais, ocorrem ataques cada vez mais brutais aos defensores da terra e do meio ambiente”, diz o relatório da GW.
De acordo com essa ONG, o agronegócio, a mineração e o extrativismo têm sido apontados como os setores mais perigosos para todos aqueles que querem a Terra partilhada por todos.
A frase que foi pronunciada:
“Esqueça-se. Seja eterno. Torne-se parte do seu ambiente.”
Yayoi Kusama, artista plástica e escritora japonesa
Aborto
Veja no blog do Ari Cunha de ontem, depoimentos, filmes, fotos e frases sobre o aborto. Participe nos comentários!
Será?
Álvaro Dias, candidato à Presidência, declarou que não aceitará indicações políticas para ministérios nem para agência reguladoras, dando a entender que o conhecimento técnico será prioridade. Como isso irá refletir na candidatura ninguém sabe. Às vezes o apoio da população pode ter o peso para a aceitação no Congresso. Será que podemos acabar com o toma lá, dá cá?
Energia
Recebemos uma carta de Rangel Ferreira, presidente da Associação Brasiliense de Energia Solar Fotovoltaica expondo a preocupação quanto alguns esclarecimentos necessários aos leitores. Acompanhando o desenvolvimento da energia solar fotovoltaica, o Brasil percebe o impacto ambiental no uso de combustíveis fósseis e começa a rever a política energética a longo prazo, dinamizando o uso de novas fontes renováveis de energia. No blog do Ari Cunha, a íntegra do artigo.
–> A energia solar fotovoltaica como vetor de desenvolvimento sustentável
Na medida em que os principais países do mundo partem cada vez mais para a utilização de energias renováveis em suas matrizes elétricas é de se esperar que novas tecnologias se desenvolvam e contribuam para o desenvolvimento dos setores elétricos mundo afora, como é o caso da energia solar fotovoltaica. Países desenvolvidos, que reconhecidamente utilizaram durante décadas combustíveis fósseis como carvão e petróleo como fonte de energia, recentemente revisaram suas políticas energéticas, avaliaram os impactos ambientais causados ao meio ambiente ao longo do tempo e como consequência decidiram atualizar suas matrizes energéticas ampliando e incentivando o emprego de fontes renováveis de energia.
O conceito de Desenvolvimento Sustentável foi apresentado, em 1987, no Relatório Brundtland. A definição predominante e comumente empregada de desenvolvimento sustentável consiste no desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. Grandes reuniões se sucederam, como foi o caso da RIO 92, sediada no Brasil, contribuindo para despertar e trazer ao conhecimento popular as observações e constatações de que o clima estava sendo afetado pelo desenvolvimento humano, em especial, o aquecimento global.
Com isso, foram adotadas políticas mundiais no tocante a combater especialmente as mudanças climáticas, como foi o caso do Protocolo de Quioto, em 1997. O protocolo tinha como objetivo principal evitar o aumento das emissões de CO2 na atmosfera contribuindo assim para a estabilidade climática. Os prejuízos do aquecimento global além de afetar a existência de populações residentes em ilhas com o aumento do nível do mar, acarretariam em mudança climáticas significantes que poderiam impactar profundamente a forma do ser humano produzir e atender suas necessidades. O protocolo evoluiu recebeu críticas, apoios, esteve a ponto de ser extinto, porém foi resgatado, evoluiu e se transformou no Acordo de Paris, assinado pelo Brasil em 2015 e ratificado e promulgado em 2016 e 2017, respectivamente.
Entre as metas assumidas pelo Brasil para contribuir com o acordo estão a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país deverá aumentar a participação da bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, além de garantir a participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030.
No tocante ao financiamento, o Acordo de Paris determinou que os países desenvolvidos investirão 100 bilhões de dólares por ano em medidas de combate à mudança do clima e adaptação, em países em desenvolvimento. Para garantir que mais países pudessem financiar projetos com objetivos de contribuir para os objetivos do acordo foram autorizados financiamentos entre países em desenvolvimento. Abriu-se, portanto, uma vasta gama de oportunidades para todos os países em desenvolvimento. O Brasil desponta como um dos países com maior atratividade de projetos e ações de apoio às mudanças climáticas.
A matriz elétrica brasileira é composta atualmente por 0,78% de energia solar, 7,81% de eólica, 8,72% de biomassa e 60,76% de hídrica. Ao todo, 78,07% da matriz elétrica brasileira é renovável. Porém, para fins de cálculos e validação do Acordo de Paris, a matriz hidráulica não é computada como energia renovável, o que reduz significativamente a participação das energias renováveis na matriz elétrica nacional, para 17,31%. Ou seja, para o país atingir os compromissos determinados será necessário praticamente triplicar a matriz energética renovável do país. A composição final da participação de cada fonte de energia na matriz energética ainda não está clara, mas sem dúvidas os investimentos mais significativos estarão na energia solar, que não corresponde a 1%.
Os desafios para atingir as metas propostas para a energia solar são incontáveis, porém não faltam estímulos e oportunidades num país tropical de proporções continentais e que apresenta uma das melhores radiações solares do planeta. Além disso, a democratização por parte dessa iniciativa, através da publicação da Resolução Normativa 482/12 (REN 482/12) publicada pela ANEEL e sua posterior atualização, através da REN 687/15, permitiu a popularização de sistemas de energia solar fotovoltaica no Brasil através da Geração Distribuída. Os consumidores passaram a ter oportunidade direta de contribuir para a diversificação da matriz elétrica nacional, o que possibilitou a instalação de mais de 30 mil de sistemas no Brasil, nos últimos dois anos, o que contribuiu para inserção de mais de 300 MW de energia solar na matriz elétrica nacional.
E, é com essa participação popular, que o Brasil deve esperar atingir suas contribuições e voltar a ser visto como referência internacional no tocante ao uso de energias renováveis. Retomar o protagonismo mundial nas discussões e acordos mundiais sobre mudanças climáticas, bem como voltar a ser considerado um defensor do desenvolvimento sustentável. É imperioso que o país avance ainda mais nas regulações normativas evitando qualquer intervenção indevida no setor energético, em especial, na Geração Distribuída. Ampliar, dentro do possível, a potência instalada dos minigeradores de energia de 5 MW para 10 MW e, futuramente, numa próxima revisão das resoluções normativas, a possibilidade de comercialização dos créditos gerados na geração distribuída, tal qual ocorre no mercado livre de energia.
RANGEL FERREIRA
Presidente da Associação Brasiliense de Energia Solar Fotovoltaica
Eles e Elas
Sem críticas ou julgamentos, a sociedade brasileira, com o empurrão de inúmeros estabelecimentos de ensino, começa a evitar o tratamento dos alunos por gênero. Meninos ou meninas agora são crianças, aluno ou aluna agora são estudantes. Não ficou bem claro a razão disso. Mas parece que é o futuro chegando.
Agenda positiva
Hospital do Paranoá, madrugada de domingo para segunda-feira. Atendimento aos moradores do Itapuã e Paranoá tranquilo. Dr. Marcelo Martins muito atencioso com os pacientes.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Outra particularidade do vôo ministerial: no Rio, os ministros são levados para uma sala da Panair, com portas à prova de “curiosos”, com porteiro e tudo. (Publicado em 26.10.1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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