De olhos fechados para a educação

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Que o atual governo federal não vem dando a devida atenção às áreas do conhecimento científico, da educação e da cultura, é fato do conhecimento de muitos. O que não é do conhecimento de todos, principalmente daqueles que aplaudem a postura intransigente, é que, ao se posicionar contra essas áreas do saber humano, o governo está promovendo um atraso ou uma paralisação total do desenvolvimento do país, uma vez que se sabe que educação, ciência e cultura representam o principal lastro de progresso de uma nação.
Não é por outro motivo que a maioria dos países desenvolvidos, há muito, adotaram a educação e o incremento das pesquisas entre suas prioridades máximas. O referencial de riqueza de um país não reside mais na exploração de suas matérias-primas ou está centrada na balança comercial superavitária, como era crença durante o período mercantilista entre os séculos 15 e 18, época do colonialismo.
Hoje, os avanços na educação, na tecnologia e nas ciências são os fatores que trazem divisas para o país. A confirmar essa tese estão as empresas de alta tecnologia como as mais rentáveis em todas as Bolsas de Valores do mundo moderno. O valor de mercado de algumas dessas empresas de alta tecnologia supera em muitos bilhões as do petróleo, dos maquinários e outras. O século 21 será marcado, cada vez mais, pelo capital da alta tecnologia. Isso é uma realidade que nenhum chefe de Estado pode contestar ou se opor, sob pena de manter a nação em estágio de subdesenvolvimento perpétuo.
Quando se tem um ministro da Educação que sai pelos quatro cantos do país pregando abertamente a inutilidade do diploma de curso superior, ou dizendo que as universidades não são para qualquer um, como as falas do titular da pasta, Milton Ribeiro, fica demonstrado todo o seu despreparo para uma função que, por sua importância estratégica para o país, poderia estar no centro das preocupações e alvo das principais políticas de qualquer governo. Mas, infelizmente, não é o que vem acontecendo.
Ciente do descaso do governo e do despreparo dos ocupantes do ministério, a maioria das universidades e dos centros de pesquisa do país não escondem seu descontentamento com a atual gestão e, em alguns casos, estão em confronto declarado com o governo e com o ministro da Educação.
Para piorar um panorama que é, em si, para lá de caótico, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma entidade que o Brasil tem feito grandes esforços para integrar de fato, afirmou em seu Relatório Education At Glance (Um Olhar sobre a Educação)”, divulgado na quinta-feira (16/09), que a capacidade de leitura e aprendizado dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda, ao afetar as habilidades em seu desenvolvimento social e profissional, afeta, de modo direto, o exercício da cidadania.
Entende a OCDE que, entre os fatores que influenciam o desempenho na educação dos jovens, o status socioeconômico tem o maior impacto nas habilidades de aprendizagem. As desigualdades econômicas no Brasil, uma das mais acentuadas do mundo, demonstram que os jovens de classes menos favorecidas têm mais dificuldades de leitura e interpretação de textos do que aqueles de classe mais alta.
Ainda de acordo com a OCDE, o orçamento destinado para o ensino fundamental no Brasil não foi aumentado, na contramão do que fizeram outros 37 países, que, para superarem os desafios impostos pela pandemia do Covid-19, elevaram a injeção de recursos nessa etapa do ensino, como forma de contornar os problemas criados pelo apagão mundial.
Trata-se de uma estratégia que rende excelentes efeitos, sobretudo nas áreas de maior importância para o futuro, ainda mais depois de crises de grande impacto, como a pandemia, e tem sido uma tática em muitos países situados no clube dos ricos, que sofreram com períodos de calamidade, como guerras e outros eventos. O referido relatório traz, ainda, um panorama sobre o piso salarial dos professores brasileiros no ensino fundamental, mostrando que, entre 40 outros países, o Brasil é onde os rendimentos dos docentes, no início de carreira, é um dos menores do mundo.
Para a OCDE, a carreira de professores no Brasil precisa ser estruturada, de modo a garantir o desenvolvimento profissional dos mestres, bem como o aumento da aprendizagem dos alunos. Essas são, sim, apenas algumas das necessidades que até os técnicos de fora enxergam em nossa educação de base. Para um ministro que se preocupa apenas em agradar a quem o nomeou, essas são prioridades que sequer ele próprio tem conhecimento formal, ou finge ignorar.
A frase que foi pronunciada
“Tudo serve para alguma coisa, mas nada serve para tudo.”
Mafalda
Ilutração: Quino
Revival
O calçamento da W3 é importante, mas não é a única obra que essa via necessita para voltar a ser o que era. O tempo e o descaso de muitos governos e da própria população causaram estragos nas W3 Norte e Sul, que exigirão esforços não só do governo, mas de todos que querem essas avenidas de volta.
Foto: embsb.com

Agito

O tempo dos shoppings parece, com a informatização e com as compras online, ter chegado a um limite e a uma exaustão. Por isso o renascimento das avenidas W3 Norte e Sul podem representar uma nova era de prosperidade para a cidade em que todos sairão ganhando, não só os comerciantes, mas os consumidores, incluindo aí os amantes da noite, os artistas, os galeristas, os boêmios, os turistas e uma infinidade de outros brasilienses, carentes de um lugar que não tenha hora para fechar.

Foto: olharbrasilia.com
História de Brasília
Cada superquadra tem um bar que não merece. A 106, o Caiçara, a 306, o Barrica (gafieira), a 107, o El Torero, a 304, o Copo Verde, e assim por diante. (Publicada em 08/02/1962)
Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #EducaçãoNoBrasil #GovernoBolsonaro #HistóriadeBrasília #Mamfil #MinistérioDaEducação #MinistroMiltonRibeiro #OCDE

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