VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Alertas feitos este mês pela cúpula dirigente dos serviços secretos da Inglaterra, MI5, e dos Estados Unidos, FBI, vêm chamando a atenção de muitos governos, mundo afora, para os sérios riscos que correm os países ocidentais, por conta da avassaladora expansão chinesa, cujos objetivos escondem propósitos que vão muito além das relações comerciais.
De acordo com os diretores do FBI, Cristopher Wray, e do MI5, Ken Mcllum, em comunicado durante um evento em Londres, existe, com essa expansão acelerada e que segue, à risca, as diretrizes traçadas pelos altos dirigentes do Partido Comunista Chinês (PCC), além de uma preocupante ameaça econômica, uma ameaça à segurança de muitos países, pelo modo perigoso como essa expansão vem sendo praticada, onde o roubo de propriedades intelectuais e a espionagem são práticas comuns já constatadas.
Além disso os chineses, ou aqueles que participam diretamente desse verdadeiro programa de dominação e submissão do Ocidente, têm feito movimentos e ações que buscam, sobretudo, influenciar a política interna em muitos desses países. Quem conhece de perto a capacidade dos chineses em copiar, sem cerimônias, os produtos e a tecnologia do Ocidente, não tem dúvidas sobre os objetivos que essa expansão mercantil esconde de todos.
O roubo de tecnologia pelos chineses se dá em vários segmentos da indústria. Ao mesmo tempo em que usam de práticas condenáveis, o governo daquele país do Oriente vem adotando uma série de providências para proteger e blindar sua economia interna de futuras sanções, que, por certo, virão um dia. Recentemente, e só à guisa de ilustração, os chineses apresentaram, no concorrido mercado automobilístico internacional, uma cópia perfeita do Volkswagen, Fusca, um ícone da indústria alemã e um dos carros mais vendidos de toda a história.
Batizado de ORA PUNK CAT, o Fusca, versão chinesa, embora com um novo motor elétrico, é uma cópia do modelo da VW, o que mostra a cara de pau dessa potência que almeja substituir os EUA e conquistar o planeta pelas beiradas. Segundo o diretor do MI5, o PCC não está interessado em liberdades democráticas apresentadas pelo Ocidente. Interessa aos chineses pesquisar nossos modelos e sistema democráticos, midiáticos e legais para usá-los ao seu modo e para ganho direto da elite política do PCC, que controla, com mão de ferro, aquele país.
Uma vez roubado os segredos tecnológicos, o próximo passo que os chineses dão vão no sentido de minar os negócios dessas empresas, oferecendo produtos copiados a preços irrisórios e, com isso, dominando esse nicho de negócio. Para isso, não se intimidam em usar de todos os meios possíveis para obter informações, sejam espionando, copiando, subornando e interferindo, direta ou indiretamente, nos governos locais para atingir seus objetivos.
Segundo os estudos ingleses, o próprio governo chinês recruta Hackers em grande escala, junto com uma rede global de agentes de inteligência, em busca de obter acesso a segredos das tecnologias que consideram mais importantes no momento. Aqui no Brasil, esse avanço se faz não apenas no setor agrícola e pecuário, mas sobre as indústrias também.
Desde que o governo petista, sempre ele, em 2004, anunciou, com grande estardalhaço, que reconhecia a China como economia de mercado, ou seja, um país que respeitava os princípios éticos e as regras básicas de comércio, nossa economia vem sendo minada e destruída, tijolo por tijolo. Fábricas têxteis, de celulose, de maquinário, calçados e muitas outras simplesmente fecharam as portas e demitiram, por não suportar a concorrência desleal com os produtos chineses, sempre vistos como mais baratos e também de menor qualidade.
Naquela ocasião, o então presidente Lula, inebriado com o que parecia ser uma grande conquista de seu governo e uma diretriz básica de seu partido para reunificar as esquerdas de todo o mundo, declarou que, com aquele gesto, o Brasil dava uma demonstração de que essa relação estratégica era para valer. Demonstrava a prioridade que seu governo, leia-se seu partido, devotava às relações entre China e Brasil.
No mesmo tom, o então chefe máximo do Partido Comunista Chinês, Hu Jintao, que viera para o Brasil especialmente para se certificar, de perto, de que esse reconhecimento seria de fato selado, depois de forte pressão, respondeu, ao discurso de seu colega de ideologia, que essa postura do Brasil iria criar as condições para uma relação estratégica e muito mais rica e que iria também favorecer a cooperação econômica e comercial entre esses dois países. Note-se que, em ambos discursos, tanto o governo Lula quanto o de seu colega chinês usam a expressão “estratégica” para definir a avaliação que cada um dos mandatários fazia desse acordo.
Pelo lado brasileiro, a expressão “estratégica”, contida no discurso de euforia de Lula, possuía um significado que unia elementos de uma ideologia utópica e orientada a reerguer o Muro de Berlim, derrubado alguns anos antes, juntamente com uma vitória do próprio partido, que, com esse gesto, fortalecia sua presença no mundo das esquerdas, abrindo, simultaneamente, espaço para a entrada massiva de um regime dessa orientação nos negócios brasileiros.
Não se sabe ainda com exatidão que benefícios diretos, do tipo utilitarista e argentário, o Partido dos Trabalhadores colheu desse acordo exótico, já que, em todos os “negócios” envolvendo o Estado Brasileiro, essa sigla encontrou meios de obter altos lucros indevidos e enviesados. Pelo lado chinês, a expressão “estratégia”, contida no discurso do chefe do PCC, tinha o significado próprio dado por aquele governo a todos os outros acordos e negócios feitos com o resto do planeta, sobretudo com os países do terceiro mundo, onde o lucro máximo com riscos mínimos é sempre a fórmula acordada.
O Brasil, que hoje é um dos principais fornecedores de alimento para a China, corre o risco paradoxal de, nessa posição e nessa parceria inusual, vir a ser literalmente engolido pelo governo chinês, sem sequer dar contas dessa situação ameaçadora. O caso aqui se parece com aquele empregado de um zoológico, que mesmo cumprindo com sua obrigação diária de alimentar o tigre enjaulado, corre risco de morte diariamente, caso o animal escape das grades. O filósofo de Mondubim já alertava: “crie corvos e eles arrancarão seus olhos.”
A frase que foi pronunciada:
“Se a China quer ser um ator construtivo e ativo na economia mundial, tem que respeitar os direitos de propriedade intelectual ou torna praticamente impossível fazer negócios com eles.”
Dan Glickman
História de Brasília
Todos os dias de manhã, um ônibus da Fundação Brasil Central faz uma contra-mão à altura do edíficio da Câmara dos Deputados, virando à direita, no Eixo Monumental, em direção ao Bloco 11. (Publicada em 02.03.1962)
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