DESDE 1960 »
ARI CUNHA
com Circe Cunha e MAMFIL
Só mesmo num país sui generis como o Brasil é que condenados presos, que cometeram todo tipo de crime, são liberados para deixar a cadeia às vésperas do Natal, para, possivelmente, ir confraternizar com suas famílias, nas festas de fim de ano. Essa liberação é vista com desconfiança pela população e mais ainda pelas próprias vítimas e por parentes delas. Indiferentes à liberalidade ficam apenas as autoridades que patrocinam essa anomalia que permite ao detento sair livre para comer, beber à vontade e farrear.
Alguns, já no caminho em direção à própria casa, aproveitam para cometer crimes, afinal não dá para perder tempo. Em São Paulo, a Justiça conseguiu alcançar os píncaros da ironia macabra, ao permitir que, em maio deste ano, Suzane Von Richthofen deixasse temporariamente a prisão, onde cumpre pena de 39 anos por matar os pais, para comemorar o Dia das Mães. Depois de assassinar, com requintes de crueldade, os pais que dormiam, Suzane foi presa e condenada em 2006. No entanto, passados menos de uma década da sua condenação, ela já se encontra no regime semiaberto, com direito a cinco saídas temporárias que incluem, além do Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Páscoa, Natal e ano-novo. Além dessa regalia, ela foi autorizada a frequentar o curso de administração de empresas em Taubaté. O saidão de Natal deste ano no Distrito Federal deve abrir as prisões para mais de 1.500 presos que cumprem pena em regime semiaberto.
A cada ano, algumas dezenas destes detentos não retornam aos presídios. Sempre que a liberação é anunciada pelas autoridades da Secretaria de Segurança Pública, a população fica apreensiva e com razão, já que nos feriados de fim de ano aumentam os casos de ocorrência de todo tipo de crime. Além desse benefício, os presos podem contar ainda com o chamado indulto de Natal, quando ocorre o perdão da pena por decreto presidencial, editado a cada ano. A Lei de Execução Penal (nº 7.210/84) dispõe que para a “harmônica integração social do condenado e do internado, serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei e que o Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena”.
A frase que não foi pronunciada
“Neste Natal, escolha quem sempre está presente no lugar de quem sempre dá presente!”
Sugestão do Papai Noel
Fortíssimo
» Denise Tavares usa a voz para interpretar as mais complicadas peças de Mozart, Beethoven, Vaughan Williams como soprano. Como uma das mais ferrenhas defensoras da Escola de Música de Brasília, Denise tem dado agudos para proteger a instituição.
Alcance
» Uma das iniciativas de Denise Tavares foi solicitar ao governo, antes que virasse sucata, os postos comunitários da PM para funcionarem como sala de aula. A transferência foi feita.
Clave de dó
» Tudo começou em 2015. Com a notícia da desativação dos postos, Denise chegou a fazer um estudo até da parte psicológica do policial que ficava guardando patrimônio, sentindo-se inferiorizado em não poder socorrer uma vítima, sem saber se ao voltar teria o posto vandalizado e, ao mesmo tempo, não podendo utilizar seus conhecimentos e investimento do Estado na sua formação como policial.
Acorde
» Políticos, empresários, engenheiros, arquitetos foram consultados sobre o projeto e juntos planejaram uma maneira de transferir esse patrimônio de R$ 3 milhões. Infelizmente, a Secretaria de Educação não mostrou muito interesse em participar dessa ideia. Mesmo assim, quem valoriza a escola arregaçou as mangas. Mais de 100 pessoas, entre professores, alunos, pais, amigos, shows, vaquinhas, contribuíram para levantar dinheiro para as instalações.
Allegro
» A escola não tem salas de aulas suficientes. Até a chegada dos postos, professores davam aulas em camarins, banheiros, salas de reuniões, corredores e qualquer lugar que fosse possível. Salas grandes de teoria foram divididas com drywall e se transformaram em três salas de guitarras amplificadas. O som vaza entre as salas e é impossível ter uma aula decente. Coisa que ninguém sabe quando assiste aos belos concertos da EMB.
Nota suspensa
» Desde a chegada, os Postos estão sendo restaurados com a doação dos professores. Cabos, rebites, escadas improvisadas, tudo sem recursos ou investimentos da Secretaria da Educação. Há a esperança de que em 2017 a Escola consiga levar energia elétrica a todos eles.
Rondó
» Seis dos 15 postos que estão na EMB são usados regularmente. Alguns ganharam caminhos (bloquetes carregados por alunos e professores), plantas ao redor e flores dentro. Os seis têm estantes para partituras, espelhos e os professores estão felizes por não terem de disputar salas com colegas por meio de pontuação. (O que é muito indigesto, apesar de ser o meio oficial de escolha de salas e turmas.) Alguém sempre ficava sem sala. Era uma situação incontornável, com resultados perigosos de devolução de professores por falta de espaço para dar aulas e recusa de alunos para novas matrículas.
Spiritual
» A chegada dos postos à escola resolveu muitos problemas, gerou alívio nos conflitos, abriu novas possibilidades de estudos dos alunos (que não tinham nunca onde estudar). Além de ter sido transferido dentro do GDF, o patrimônio de R$ 3 milhões. O GDF dificilmente construiria novas salas de aula na Escola de Música com tantas demandas que a cidade tem. Foram resolvidos os problemas da PM e o da EMB.
EMB
» Todo o material, histórico, passo a passo, notas fiscais, estão com Denise Tavares. Há projetos para fazer um Teatro de Arena com as antigas Torres de Observação. É uma ideia genial para música ao ar livre. A área total do terreno da EMB é de 41.176m² e a área construída é de 7.186m².
Da capo
» Denise Tavares e todos os seus apoiadores são profissionais e amantes
da música. Racional e emocionalmente.
História de Brasília
A opinião do padre Calazans sobre a Prefeitura de Brasília é esta: o prefeito a ser nomeado dever servir a Brasília, e não se servir de Brasília. (Publicado em 20/9/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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