Basta circular pelas principais ruas e avenidas do Plano Piloto para constatar a invasão de verdadeiro exército de lata, formado de quiosques de todo o tipo e finalidade e, agora, os chamados food truck. Eles tomaram de assalto a capital do país. Para uma cidade que se pretendia minimamente planejada, a multiplicação desordenada dessas estruturas metálicas fixas e motorizadas ameaçam qualquer pretensão de urbanidade e lançam, no terreno incerto do caos, uma metrópole que ainda integra o seleto rol dos sítios tombados pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Na ânsia de angariar simpatias (leia-se votos), as autoridades do poder público do Distrito Federal, incluídos o Executivo, o Judiciário e principalmente o Legislativo, de forma leniente e açodada, vêm permitindo que a cidade caminhe para se transformar numa gigantesca favela de folha de flandres, do tipo feira dos importados. Para tornar o processo ainda mais rápido, as normas regulamentando a invasão vêm sendo tocadas no melhor estilo fast food.
A comunidade segue desprotegida pela vigilância sanitária sem saber o que está acontecendo. O que surgiu como comércio provisório para atender necessidades pontuais, em pouco tempo se transformou em problema de grandes dimensões e caminha para se tornar situação irreversível, desordenada e caótica, capaz de inviabilizar de vez a gestão dos espaços públicos da capital.
Para o comércio local tradicional, a concorrência com o exército de lata pode ser fatal. No caso do food truck, a afirmação de que se trata de tendência mundial não significa nada. A conhecida precariedade dos serviços de fiscalização do Contran e da Anvisa serão, obviamente, estendidos a esses novos prestadores de serviços, transformando o que já é insuficiente em algo corrente.
Ao inchaço da capital, com a proliferação de invasões e de condomínios ilegais em terras públicas, com trânsito congestionado com mais de um milhão de automóveis entulhando as ruas, vem se somar, agora, o novo flagelo urbano representado por latas fixas e sobre rodas espalhadas por todo canto. O que hoje parece tendência ingênua e sem maiores consequências, aponta para um futuro em que Brasília pode se transformar num imenso mercado de lata a céu aberto.
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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