Brasília na mira dos destruidores

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DESDE 1960

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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br

Uma cidade é, antes de tudo, um organismo vivo. É gerada a partir de um complexo planejamento tão ou mais sofisticado do que a própria vida orgânica. Uma cidade nasce, cresce, se expande e, não raro, entra em decadência e morre. Dessa forma, pode-se considerar que a construção de uma cidade é processo contínuo e que, praticamente, jamais se completa ou tem ponto final. No caso de cidade ou sítios tombados, essa mecânica segue modelo ou protocolo diferente. A área tombada pela Unesco em Brasília em 1987, abrangendo seu aspecto volumétrico, está restrita ao perímetro urbano do Plano Piloto. O que deveria ser comemorado como motivo de orgulho para toda a população, vem sendo, desde a emancipação política da capital, em 1988, alvo de todo tipo de ataque.

De um lado, a especulação imobiliária, impulsionada pelo inchaço populacional da cidade, levou a pressões variadas — algumas, inclusive, criminosas — para alterar ou simplesmente desprezar o tombamento. Os argumentos para os ataques são, obviamente, falsos. Dizer que o tombamento engessa o crescimento da cidade e impede seu desenvolvimento não passa de retórica de gente que tem no horizonte apenas motivos financeiros próprios.

O pior nesta polêmica toda é que aqueles que deveriam, até por função, proteger e lutar para a preservação do Plano Piloto no Livro do tombo da Unesco, são os primeiros a buscar a desfiguração do projeto original de Lucio Costa. A Câmara Legislativa, por diversas vezes, por incrível que isso possa parecer, tem voltado sua artilharia contra o tombamento da capital.

As razões para este comportamento contraditório, já tratado neste espaço, se resume ao binômio um lote, um voto. De um lado, os corruptos, e, de outro, os corruptores loucos para efetivar o ganho. O verdadeiro festival de puxadinhos e remendos improvisados vão, pouco a pouco, tomando conta da cidade, não respeitando as áreas verdes, o comércio nem mesmo as residências.

Todas essas modificações e improvisos são apoiados e incentivados por nossos representantes. A profusão paulatina de modificações ao projeto de Lucio Costa, em pouco tempo, tornará irreversível a ideia original, contaminando também a permanência da capital como patrimônio cultural da humanidade. Os arremedos de arquitetura vêm acontecendo numa sequência tal que, em poucos anos, Brasília terá o mesmo aspecto desarrumado comum à maioria das cidades brasileiras, onde o desrespeito à arquitetura e ao urbanismo é norma e segue a sanha de políticos de passagem.

A diretora-presidente da Agefis, Bruna Pinheiro, anuncia que, até julho, amplo levantamento de intervenções irregulares será seguido de campanhas educativas no Plano Piloto. A partir dessa data, o órgão promete remover as construções irregulares que ferem o tombamento. Fechamentos de pilotis, grades e cercas não serão aceitos e  eles vão ser devidamente arrancadas, promete o órgão.

A frase que foi pronunciada

“Não poderá prevalecer a paz na Terra enquanto existir o aborto. Porque é uma guerra contra as crianças. Se aceitarmos que uma mãe mate seu filho no próprio ventre, como podemos dizer para outras pessoas que não matem uns aos outros?”

Madre Teresa de Calcutá

Carta do leitor I

É impossível para o bom senso entender a razão da diminuição da velocidade de 80km/h para 60 km/h em pequeno trecho da Avenida das Nações Norte em frente ao Iate Clube. A Avenida das Nações é uma via de velocidade constante onde o motorista crava os 80km/h e consegue fazer seu deslocamento sem problemas.

II

Tecnicamente, nada justifica dois pardais distantes a menos de 300m um do outro nessa localidade. A não ser o furor arrecadatório. O leitor deve ter reparado que me referi a órgão de trânsito. Isso porque não consigo entender que quem multa na L4 deve ser o DNER e, na L2, o Detran. Provavelmente, os diretores e chefes são duplicados nos dois órgãos. Não há bom senso; nem consigo entender por que no eixinho quem multa é o Detran e no Eixão o faturamento é do DER.

III

Nossos governantes e todos os escalões inferiores precisam perceber que a população está com a paciência atingindo o limite quando o assunto trata de má gestão e de desrespeito aos direitos do cidadão contribuinte. É justo pagar multa quando se desvia da legalidade do trânsito. Mas é insuportável para a paciência do contribuinte perceber armadilhas (dois pardais e redução maluca de velocidade) que visam apenas o faturamento dos órgãos.

IV

Sr. governador, perceba o descontentamento do cidadão e exija que os órgãos, para os quais o senhor nomeia os diretores e chefes, respeitem o direito do contribuinte. É difícil pagar enormidades em impostos e multas e trafegar em vias esburacadas, remendadas e cheias de armadilhas inseguras.

História de Brasília

Na hora de defender a pele, de tentar salvar o seu prestígio, o sr. Carlos Lacerda esqueceu todos os seus dotes democráticos. Mandou apreender jornais, arrolhar jornalistas e distribuir, pelo Palácio, notícias tendenciosas e desprovidas de verdade.(Publicado em 2/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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