Brasília, com passado e sem futuro

Compartilhe

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Foto: Ivan Mattos

    Por razões culturais e outras características muito próprias de nossa formação histórica, falar em planejamento no Brasil ou em planos de longo prazo, invariavelmente não resulta em nada. Definitivamente não temos vocação para o futuro. O tempo e o nosso desleixo natural, cuidam de dissolver planos ou quaisquer anseios, mesmo os mais simples. Só é definitivo no nosso país o que for provisório.

   O que ocorre hoje com a capital do país exemplifica e explica muito esse desencontro que mantemos entre o presente e o amanhã. Planejada dentro do espírito otimista dos anos sessenta, quando se imaginava que o país estava prestes a despertar de seu sono profundo tido em berço esplendido, quatro anos depois de inaugurada, Brasília se viu como sede do poder de um novíssimo governo, que logo se mostrou avesso a todos aqueles que haviam idealizado a nova capital. Perseguições, prisões e mudança de rumos político, tiveram o dom de alterar os rumos da cidade.

    O exílio imposto a alguns entusiastas da nova capital, fez esfriar os ânimos desses e de outros idealizadores da cidade e os planos originais ou foram deixados de lado ou perderam seu sentido de ser. O que se seguiu foram intervenções descasadas dos projetos pioneiros.

     De fato a nova realidade acabou por impor novos modelos a capital. Seguimos em frente sem muito entusiasmo, até a chegada o governo de José Aparecido.  Mineiro com sensibilidade e com boas relações com o mundo cultural, sua administração (1985 – 1988) trouxe algum alento na cidade esquecida. Mas por pouco tempo. Com o advento, inexplicável, da emancipação política da capital, com a criação de um gigantesco e dispendioso aparato de gestão pública, perdulário e desonesto, o que era não mais do que displicência urbana, se converteu num caos generalizado, com a formação súbita de bairros dormitórios ao redor da capital, invasão de terras públicas, transformadas em moeda de troca por  políticos aventureiros, sem compromisso algum, até mesmo moral com os destinos da capital.

     O que se seguiu é o que se tem agora: uma cidade, que à semelhança de muitas outras país afora, caminha para se tornar inadministrável, não só por seu gigantismo disforme e acelerado, mas sobretudo pelo acúmulo de distorções e equívocos  urbanos, feitos as pressas para atender esse ou aquele governador em particular, mas nunca em favor do futuro dos brasilienses.

    O Estádio mamute é um bom exemplo desse tipo de equívoco. Com o caos urbano vieram seus descendentes diletos na forma de violência desenfreada, congestionamento dos serviços públicos e agora, com a escassez do abastecimento de água. O cercamento de prédios por grades metálicas, a invasão indiscriminada de áreas públicas, os puxadinhos disformes e o abandono de espaços de cultura e lazer, formam apenas o outro lado dessa moeda que tem como lastro apenas a credibilidade vazia de nossos políticos locais.

A frase que foi pronunciada:

“Socorrooooo!”

Grita Brasília ao Executivo, Legislativo e Judiciário

À estudar

Interessante observar a linguagem gestual de diferentes países. São completamente ininteligíveis e acabam arrancando gargalhadas quando o assunto toma conta de um grupo.

Preconceito

O grupo que usou carro de luxo para assaltar residências em Brasília conseguiu pegar o âmago da cidade. O julgamento pela aparência. A própria segurança dos condomínios é preconceituosa, julgando honestos os que esbanjam riqueza. Quem sentiu na pele várias vezes foi a então senadora Heloísa Helena, barrada várias vezes com calça jeans e blusa branca.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Humberto Queiroz, que redigia o “Jornal da Cidade Livre” é quem afirma que o dito Cândido Garcia está utilizando o movimento do Núcleo Bandeirante para encobrir seus fracassos comerciais. (Publicado em 11.10.1961)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: AriCunha CirceCunha

Posts recentes

  • ÍNTEGRA

Fim da fome ou da corrupção?

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

20 horas atrás
  • ÍNTEGRA

Quando não há necessidade de currículum

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

5 dias atrás
  • Íntegra

Em busca da nascente

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

6 dias atrás
  • ÍNTEGRA

As portas da percepção

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

7 dias atrás
  • ÍNTEGRA

Na carteira de ativos digitais

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

1 semana atrás
  • ÍNTEGRA

O seu voto representa você?

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…

2 semanas atrás