VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Nada como a proximidade das eleições para fazer com que os nossos políticos entrem numa espécie de catarse, amoleçam o coração e se transformem numa espécie de pais provedores, que a todos atendem com suas benesses, digamos, desinteressadas. Nesse sentido, as eleições são como o Natal, em que todos buscam exibir seu lado fraterno de ocasião.
Para o expectador atento à repentina mudança de comportamento, toda essa metamorfose dura tanto quanto fumaça ao vento. Tão logo as urnas são fechadas e os destinos, selados, o encanto se desfaz e todos empreendem um regresso ao umbigo do próprio ego. Engana-se quem pensa que todos esses mimos, feitos de maneira estratégica e cronometrada, saem diretamente dos bolsos desses beneméritos políticos.
No preço da bondade pré-eleitoral, está embutido um alto valor a ser pago por todos os contribuintes, mesmo aqueles que reprovam abertamente esse tipo de bondade. O leitor, por certo, já deve ter reparado que ultimamente têm sido recorrente as notícias, nos jornais locais, dando conta das inúmeras reuniões, discussões, votações, decretos e outras solenidades onde se anunciam, de forma solene e oficial, alguma concessão de áreas públicas, regularizações de bairros, votação em plenário e até revisões na já retalhada Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) e todo um movimento que, ao fim e ao cabo, nada mais são do que a velha e conhecida trans formação das terras públicas do Distrito Federal em moedas política e eleitoreira.
Essa, inclusive, é uma prática por demais denunciada neste mesmo espaço e que teve seu começo exato no mesmo dia em que a capital alcançou a tão polêmica maioridade política e que tantos escândalos já têm produzido ao longo dessas décadas. Entra e sai governo, e a prática permanece.
Elegem-se distritais a cada temporada de quatro anos, com alguns nessa função permanecendo indefinidamente, e a situação do parcelamento e legalização marota das terras públicas permanece alterada. Seguindo essa toada, chegará um dia em que não tendo mais espaços para assentar eleitores, nossos políticos usarão as áreas gramadas do Eixão Sul e Norte, assim como o Eixo Monumental para serem divididos em lotes e entregues aos seus correligionários.
Mas, antes disso, toda a área tombada do Plano Piloto ficará literalmente cercada de bairros improvisados e precários, todos saídos da imaginação interesseira dessa gente que não possuía menor empatia e compromisso algum com a capital e usam de seus cargos públicos apenas para faturar prestigio e votos. Não há necessidade aqui de relacionar as áreas que, nesse início de ano, estão sendo criadas ou licenciadas, pois esse espaço não comportaria. O que o cidadão atento e avesso a essas práticas politiqueiras sabe muito bem é que, cada palmo do Distrito Federal negociado nessa verdadeira bacia das almas ou balcão político, significa um palmo a menos na qualidade de vida dos habitantes da cidade.
É preciso saber que não há planejamento urbano possível quando os espaços públicos passam a ser moeda política. Trata-se de um movimento que levará à transformação irreversível da capital, tornando-a semelhante a muitas outras cidades brasileiras: caótica, insegura e inóspita.
A frase que foi pronunciada:
“Eu acredito que boa arquitetura não é apenas forma, porque isso é escultura. Boa arquitetura é a interação entre forma e vida.”
Jan Gehl
Na W3 Norte
Volta e meia, motoristas de ônibus brincam de aproximar o ônibus repentinamente em veículos, principalmente guiados por idosos. Riem com o malfeito e continuam sorrindo para quebrar a monotonia da profissão, enquanto não causam acidentes. Nosso leitor flagrou um deles, ontem, na hora do almoço. Depois do malfeito, posa para a foto, alegre. Até demais.
Mais cuidados
Hidrantes pela cidade destruídos e com peças furtadas. Hora de revisar e fazer a manutenção.
Câmara Notícias
Comparação entre as ações do SUS e rede privada na prevenção do câncer de pele, diagnóstico precoce e o tratamento serão os principais pontos a ser discutidos na sexta feira dessa semana, em comissão especial da Câmara dos Deputados. A presidência será do deputado Weliton Prado, autor do pedido de audiência.
História de Brasília
Nesta mesma página os senhores encontrarão uma carta ao nosso diretor, assinada pelo sr. José Pereira Caldas, a propósito da mudança do Ministério da Fazenda. Como o autor fala em “dar nomes aos bois”, aqui estão os bois e os nomes: no dia 9 de novembro de 1961, numa reunião do GTB, o sr. José Pereira Caldas fez referências à “volta da Diretoria Geral da Fazenda Nacional para o Rio de Janeiro”. (Publicada em 20.02.1962)