Bancada do bem

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DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha com MAMFIL

Com a ocupação de escolas do ensino médio e agora das universidades públicas pelos alunos em todo o país, vai ficando claro para toda a sociedade que o governo, por mais melindrado e preocupado que esteja com essa questão, está, literalmente, de mãos amarradas, impossibilitado de dar resposta satisfatória para os manifestantes, mesmo ciente dos enormes prejuízos que as ocupações acarretam para todos. A razão dessa imobilidade e cautela do governo tem uma explicação singela e ao mesmo tempo complexa: os estudantes, de modo geral, têm ocupado espaço que naturalmente lhes pertence e, portanto, agem dentro de território próprio. Essa espécie de imunidade extraterritorial conferida aos estabelecimentos de ensino é fundamental para o livre exercício da docência, dentro dos preceitos democráticos que arduamente perseguimos.

A escola, por sua própria definição, pertence a um mundo à parte, situada no território das ideias, da experimentação. Estado nenhum do planeta pode almejar o futuro se prescindir da preparação de seus cidadãos. Da mesma forma, todo e qualquer Estado democrático de direito que se preze tem o dever de assegurar, entre os itens que compõem as qualidades de um bom ensino, o livre pensar.

Infelizmente, as fotos publicadas na edição do CB desta semana mostraram alunos encapuzados acenando sobre o telhado da Reitoria da UnB, o que fez lembrar as imagens das muitas rebeliões de presos nas penitenciárias do país, onde os detentos sobem nas coberturas, para demonstrar que dominaram o território. É sabido que toda a manifestação é, em si, um ato político, passível, portanto, de tratamento eminentemente político.

No caso das ocupações das escolas de ensino médio e das universidades, o mote dos protestos tem sido as PECs da reforma do ensino médio e da limitação dos gastos públicos. Parece certo que o governo não tem intenção de recuar nas duas propostas, que, inclusive, contam com o apoio da maioria dos políticos. Também os alunos, principalmente nas universidades, parecem dispostos a não recuar de suas posições. Criado o impasse entre a liberdade de pensar e as imposições obrigatórias e legais que cabem ao Estado, resta à sociedade, situada nessa fronteira, assistir ao embate entre o futuro, que não se sabe ao certo como virá, e o presente, representado por um governo recém-chegado ao poder de forma pouco usual. Todo o cuidado é pouco para tratar do assunto.

O que está em cena talvez seja o primeiro e maior desafio da era Temer. Para os estudantes metidos nesse impasse político, talvez a solução esteja justamente em pelejar com as mesmas armas dos políticos, por meio — quem sabe? — da formação de uma base ampla no Congresso em favor do ensino, com a confecção de uma bancada da educação, a exemplo de outras bancadas de pressão que agem dentro do Legislativo. Se a questão é política, melhor agir no âmbito do parlamento. Enquanto isso não se concretiza, melhor liberar as escolas, perdendo uma primeira batalha, mas se preparando adequadamente para a guerra no foro próprio.

» A frase que não foi pronunciada

“Gente! Alguém sabe o que que é família?”

Pedrinho, em 2066.

Sem caráter

» Prova maior da encenação nas ocupações dos locais de ensino público são os líderes xingando e provocando os repórteres filmando com o celular em punho. Mostram descaradamente a má-fé na intenção.

Identidade

» Eliana Calmon foi homenageada pela passagem do aniversário por vários admiradores. Em conversas no cafezinho do Senado, da mesa ao lado, ouviu-se. Eliana Calmon é uma espécie de Sérgio Moro de saia.

Para todos

» Imprensa anuncia o absurdo de moradora de Samambaia que cerca a calçada impedindo o trânsito de pedestres. Mais perto da sede dos jornais, estão casas por todos os lados que fazem o mesmo e a Agefiz nunca conseguiu manter o padrão. No Lago Norte, o avanço deixou os postes no meio das calçadas. Culparam a CEB.

» História de Brasília

Ontem cedo, o general Pedro Geraldo estava no Palácio do Planalto, apresentando as despedidas que não pôde fazer no dia da renúncia. Cordial, cortês, explicou para a imprensa por que tantas vezes não foi o mesmo amigo daquela hora. Homem bom. ()Publicado em 29/8/1961

Circe Cunha

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Circe Cunha

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