As enrolações na história brasileira

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DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha e MAMFIL

Nesses dias árduos para a nação, muitos senadores, principalmente aqueles que buscam aconchego na esquerda, têm feito apelos alarmistas aos seus colegas sobre os perigos que uma decisão em favor do impeachment da presidente Dilma trará para suas biografias. Esses parlamentares vêm brandindo o alerta para a possibilidade de o tribunal da história vir a julgar e condenar no futuro todos aqueles que querem hoje a destituição da presidente.

Obviamente, repetem mais uma narrativa que tentam recolocar em trilhos tortos aquilo que muitos pensadores chamam de trem da história. Fica fácil perceber que, neste caso, quem não saltou do referido trem antes da chegada às estações mensalão e petrolão correu o sério risco de se transformar em cúmplice e vir a sentar também no banco dos réus, quando o tribunal da história for instalado e começar a proferir seu julgamento tardio e derradeiro.

Esse jogo de palavras serve, não só para amparar e dar racionalidade à narrativa daqueles que querem a manutenção do status quo. A tentativa de buscar enquadrar em metáforas a situação real de um país levado às cordas da depressão econômica serve apenas às fantasias do jogo vazio de palavras. Ainda assim, é possível trazer de volta a expressão lata de lixo da história para definir o que muitos acreditam ser uma década definitivamente perdida pelos brasileiros.

Com a confirmação agora do impeachment da presidente por 61 votos, contra 20, fica patente que a maioria daqueles onde o papel de representantes da nação foi confiado, não se deixaram intimidar por expressões fortes da língua e cravaram no presente o voto que põe um ponto final na narrativa surreal que empurrava o país de volta aos anos 1960.

Certo. Quando se fala em política, a dúvida está sempre presente. Pode, sim, ter havido um acordão para cutucar a Constituição Federal. Um lado diz que não houve improbidade, mas aceitou o impeachment, e outro disse que havia sim provas contundentes sobre a improbidade, mas aceitou que a dona Dilma não perdesse os direitos políticos.

Não há a mesma retórica que pregava a importância de ungir com o poder os chamados condutores da história, como as únicas pessoas dotadas de luz e capazes de conduzir toda uma nação ao bom caminho ou seja, no rumo traçado pela onisciência do grande guia. Trata-se de fantasiosa criação que a própria história dos povos, em todo tempo e lugar cuidou de desmentir com exemplos fartos. Metáforas em história servem apenas as fantasias e as alucinações daqueles que acreditam ser possível reger a marcha evolutiva da espécie humana, como se fossem pastores pajeando um simples rebanho de ovelhas.

A frase que não foi pronunciada

“Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades.”

Caio Fernando Abreu, jornalista

Raridade

Lendo o artigo “O tripé básico do atendimento de excelência”, de Erik Penna, é possível ver como o nosso comércio está longe do potencial aceitável. Olhos nos olhos, sorriso e alegria ao atender são as primeiras dicas para o contato com o consumidor.

Anatel

Insuportável a invasão de privacidade sistemática da operadora Claro. Uma ligação aparentemente normal até ser atendida. Ouve-se uma gravação comercial vendendo produtos e ofertas. Um abuso inaceitável.

Introdução

Uma maldade o que a médica do Hospital do Gama fez com a dona Maria Vidal. A médica a aconselhou a fazer o exame com urgência e atenderia depois para ver o resultado. Como essa possibilidade é remota em um hospital público, a família se uniu para poder pagar mais de R$ 400 pelo exame.

Desenvolvimento

Felizes por terem seguido o conselho da doutora, levaram o exame para a análise, conforme o prometido. A resposta da profissional da saúde foi: “Aqui não há encaixe. Consulta só daqui a um mês. Se eu disse que atenderia, não me lembro. É a sua palavra contra a minha”. Dona Maria, com mais de 70 anos de idade, não lê, não escreve. Está apavorada.

Conclusão

“Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.” Só para lembrar a profissional novinha e arrogante o que ela jurou quando escolheu a profissão.

História de Brasília

Um técnico vale tanto, que vejam o caso da Polícia. O sr. Jânio Quadros trouxe para Brasília o cel. Jaime Santos. Hoje, maior número detesta o sr. Jânio Quadros, e maior número admira o cel. Jaime Santos, pelo seu trabalho bem feito e bem orientado. Técnico é assim: fica. O político é assim: passa. (Publicado em 13/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha

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