As armas e as igrejas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

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Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Desde a antiguidade, é sabido que onde há poder a ser alcançado, haverá disputa. É da natureza humana. Não por outro motivo o poder sempre foi considerado como o principal motor da história. O poder move homens e reinos inteiros, subjuga uns e enaltece outros, ao mesmo tempo que vai produzindo ruínas e colossos pelo caminho.

Se formos em busca das principais forças históricas que, desde sempre, travaram disputas pelo poder, três protagonistas surgem como os mais importantes: o exército ou a força das armas, a religião ou o poder espiritual, e mais modernamente a política ou a arte de negociar o impossível.

Assim como no resto do planeta, o Brasil também vem, ao longo dos séculos, experimentando o protagonismo e as disputas alternadas entre essas três forças em torno do poder e em busca de maior hegemonia. Mesmo as medidas contidas nessa e em outras Cartas Magnas anteriores, visando cercear a atuação de um e outro desses atores, não tem rendido grandes efeitos. Basta constatar que as Forças Armadas e a igreja tiveram participações efetivas em vários momentos da história, quer lutando por direitos, quer simplesmente se colocando contra ou a favor de determinados governos.

Mesmo a laicização do Estado, com a separação entre esse e a igreja, não é seguido à risca. O poder espiritual da Igreja Católica, ou mais modernamente das igrejas, se faz sentir também no campo temporal, relativos às coisas do mundo. É possível até se falar em um certo utilitarismo religioso.

Lembrem o caso da Amazônia e da interferência da Igreja nesses assuntos. Ou a teimosia de alas de muitas igrejas, com relação a temas polêmicos.

A própria formação de bancadas evangélicas no Poder Legislativo demonstram, na prática, essa inter-relação presente e atuante, que desmente a laicidade do Estado. O mesmo vale para as Forças Armadas, chamadas na Constituição de 1988 a ser a guardiã dos poderes nela estabelecidos, sempre tiveram e ainda têm protagonismo político em vários momentos de nossa história, agindo decisivamente em muitas ocasiões. De uma forma até surpreendente, o atual presidente da República, a despeito do que esta constitucionalmente assente, tem tanto em relação às Forças Armadas quanto em relação às bancadas religiosas que o apoiam um certo comprometimento que vai muito além dos impeditivos jurídicos dispostos na Constituição.

Tudo isso demonstra, de forma clara, que essas instituições, tanto armadas como religiosas, são um esteio importante desse governo e de outros no passado. De uma certa forma, as tentativas do ex-presidente Lula buscar uma aproximação com os religiosos, “forçando a barra” ao visitar o papa Francisco, correspondem a esse reconhecimento do poder temporal das igrejas ou mais precisamente do fenômeno da “espiritualização da política”, não como uma ação de busca da luz divina, mas, simplesmente, de busca do poder terreno.

Não se enganem. Para políticos dessa natureza, caso fosse concedida a ventura de encontrar o próprio cálice do Santo Graal, contendo o sangue de Cristo, a primeira e mais rápida providência seria derreter o recipiente de ouro para vendê-lo no primeiro mercado do caminho.

A frase que foi pronunciada

“Tudo o que pode ser dito ode ser dito claramente.”
Ludwig Wittgenstein, filósofo

Foto: Wikipedia

Alegria, alegria!
Você que abriu mão do carnaval, já pode baixar o aplicativo da Receita para a Declaração de Imposto de Renda 2020. Quem tem certificado digital receberá parte do arquivo já preenchido.

Final infeliz
Aumentam as reclamações contra o laboratório EMS. Medicamentos de uso contínuo sumiram das prateleiras deixando milhares de pacientes sem alternativa. Nesse caso, o medicamento genérico cloridrato de amilorida mais hidroclorotiazida está fora de circulação. O colírio de Euphrasia também foi abolido. Sem a menor satisfação aos consumidores.

Foto: www.ems.com

Outros tempos
Há 42 mil famílias prontas para a adoção e 4,9 mil crianças aguardando um novo lar. No passado, num mundo sem apologia à violência, as mães entregavam a criança na roda dos enjeitados ou a algum casal de amigos que não podia ter filhos, deixavam a criança abandonada num cesto, tocavam a campainha e iam embora. O amor fazia o resto.

CyBeR
Saiu a pesquisa da britânica GlobalWebIndex. O Brasil é o segundo país que mais fica conectado às redes sociais. As Filipinas lideram o ranking. A empresa britânica usa os dados para insights impactantes, definição de público-alvo, comparação de mercados globais e várias ferramentas estratégicas.

Ilustração: reprodução da internet

História de Brasília

O que acontece é isto: há uma área para embarque e desembarque onde ninguém estaciona. Vai daí o verde-amarelo chega, para ali mesmo, e quem quiser que salte na lama, porque o pátio de desembarque está ocupado pelo carro do governo, que está desorganizando o serviço. (Publicado em 16/12/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #HistóriadeBrasília #PoderesNoBrasil #PolíticaNoBarsil AriCunha Brasília CirceCunha mamfil

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