Visto, lido e ouvido
“Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são”
Posta na boca de Macunaíma, por Mário de Andrade, a frase é tão antiga como a Terra de Vera Cruz, mas ainda presente em nosso cotidiano e com perspectiva de se estender para um futuro longínquo.
Males de um Brasil que parece não ter cura e que por falta de caráter de nossas lideranças , “dominadas pela paixão do ouro” , ameaçam gerações seguidas, num processo contínuo onde os culpados são sempre os outros. Assim fica fácil repisar as mesmas estradas que nos levam, sem remorsos, ao nosso destino certo: o subdesenvolvimento eterno e histórico que mina e consome nossa saúde, dia após dia.
No caso da crise da saúde que persiste no Distrito Federal, mesmo depois de 206 dias em estado de emergência, nossos males parecem não ter fim. Para o cidadão, que já se acostumou a acionar o Ministério Público na busca de vagas em hospitais, o futuro é ainda mais preocupante.
Houvesse uma escala que traduzisse o estado geral da rede pública de saúde no DF estaríamos hoje no mais alto grau de caos. A situação chegou ao limite com a desobediência generalizada ao que ordenou a própria justiça. O não acatamento a determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, que considerou a greve abusiva e o imediato retorno ao trabalho, mostra um diagnóstico perturbador desse setor e que já escapa , inclusive, do âmbito dos hospitais.
A queda de braço entre sindicato, governo e agora a justiça, penaliza primeiro a população , sobretudo aquela parcela que depende apenas dos serviços públicos. Se durante o horário de expediente já não há médicos para o atendimento à demanda, na greve as dificuldades aumentam. Os R$ 300 mil de multas pelo não cumprimento da decisão judicial , também não intimidam mais os sindicatos que representam os servidores.
Temos assim uma arena em que se enfrentam governo , e justiça , de um lado e sindicatos, servidores da saúde e partidos que apoiam o movimento de outro lado. No meio desse impasse, fica a população, maltratada em hospitais onde falta tudo, inclusive governança eficaz. Se funcionam é graças a boa vontade de funcionários que trabalham além das forças.
Vista em seu retrato ampliado, o caos na saúde é um problema nacional do qual nenhum estado da União escapa. Para o cidadão comum fica difícil explicar como é possível torrar R$ 2 bilhões na construção de um estádio e não ter recursos, sequer, para providenciar um simples esparadrapo. Para quem acompanha de perto o desastre do setor, a culpa é da quantidade e voracidade das saúvas.
A frase que não foi pronunciada:
“Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que as afligem.”
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês
Nota quente
Para quem sugeriu que o nosso Irlam Rocha Lima escrevesse as memórias sobre a cena musical em Brasília, uma notícia em primeira mão: vai sair ainda este ano o livro ‘Minha trilha sonora’, com as histórias de Irlam junto a mais de 50 artistas de ponta da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Roberto Carlos, Chico Buarque, Nara Leão e dezenas de outros. Histórias e fotos! O lançamento vai ser em 7 de dezembro, no Clube do Choro. É bom ligar na redação do CB para garantir o seu!
Sucata divertidas
Transformar sucata em personagens é uma alegria que nao custa nada. Essas e outras peripécias na oficina de teatro de sombras para crianças 07 a 12 anos. A brincadeira é oferecida pela Ocupação Território Paranoá e a professor Márcia Lima é quem garante prender a atenção das crianças. Neste sábado a domingo (24 a 25/10), das 10h às 12h no Teatro Funarte Plínio Marcos. Inscrições até sexta-feira pelo tel 37102929.
Doe livros
São mais de 100 crianças com Down na expectativa de receber livros doados. A festa de confraternização será no dia 24 desse mês no SGAS 912, Conjunto E, lotes 43/48 na Asa Sul. A festa em comemoração ao Dia Nacional do Livro terá também atividades e brincadeiras e um lanche especial com cachorro quente, suco, pipoca e algodão doce.Interessados em colaborar como voluntários no evento ou doando livros, o número para contato é o 3234 8603.
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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