ARI CUNHA – Visto, lido e ouvido

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Conversa de comadres

Feita sob medida para buscar frestas de luz e ar fresco depois de soterrado e acuado por um mar de lama de denúncias de corrupção que envolve diretamente sua pessoa, seu governo, o governo da sucessora, seu partido e, de quebra, membros da própria família, o ex-presidente Lula usou da conhecida verborragia para dizer o que bem quis numa entrevista em que o interlocutor se limitou a abrir portas para o chefe do Partido dos Trabalhadores passar com o discurso ilusionista.

Nos bastidores, o que se comenta é que Lula teria ligado pessoalmente para Silvio Santos, dono da emissora, pedindo espaço para o “pronunciamento”, disfarçado em forma de entrevista, a fim de dar sua versão para o que já é chamado de década perdida. A imprensa séria, escaldada por esse tipo de fala ensaiada, preferiu ignorar o assunto. Ao contrário de blogs e do próprio Instituto Lula, que deram grande destaque ao fato. Entretanto, uma observação mais atenta, feita sob a lupa de um psicanalista interessado, pode revelar, nas entrelinhas, no omitido, muito sobre esse personagem controverso da política nacional.O cenário gigante, ao fundo, repleto de imagens do entrevistado em vários momentos de sua trajetória, até com a foto oficial ostentando a faixa da República, já denunciava o caráter propagandístico da conversa coloquial. A pré-pauta, com as perguntas conhecidas de antemão, eram recebidas pelo ex-presidente sem surpresas e com um sintomático sorriso no canto dos lábios que insinuava, além de falsa segurança no que dizia, tentativa de desqualificar, pelo deboche, o grande número de denúncias que lhe pesam sobre os ombros.

Entre um afago e outro na barba rala, afiando a ponta do bigode, Lula concorda com a deixa do entrevistador de que a bandeira de uma possível candidatura sua é pequena e se resume em apenas evitar a volta da oposição. “Não tenho vontade de ser candidato, sou candidato para defender o pobre”, disse.  O problema maior em buscar sentido prático em entrevistas ensaiadas é que cada gesto, cada fala passa a se incorporar intimamente ao gestual, ficando todo o enredo prisioneiro apenas da performance do ator.

No caso da entrevista em foco, quem estava sentado ao lado do jornalista do SBT era muito mais do que um político típico brasileiro. Na verdade, era alguém cuja grande proeza se resume na sobrevivência em meio ao grande sertão inóspito que provocou e deixou para trás.

A frase que não foi pronunciada

“Não sei como será o Brasil de 2050, mas o de 2017 vai continuar no vermelho. Em todos os sentidos.”

Mente coletiva

Lado bom

Governador Rollemberg acertou quando convidou um professor da UnB para tomar corpo na Secretaria de Segurança. Arthur Trindade deixou sua marca nesse breve tempo. O corpo docente das universidades brasileiras precisa ser consultado mais vezes por todas as esferas do governo. Ganha a comunidade. Os ponteiros políticos vão se ajeitando com o tempo.

Preços

Novamente mostramos a forma de as indústrias venderem iludindo os consumidores. A falta de padrão de peso da mercadoria é utilizada sem ética por muitas indústrias para ludibriar o comprador no varejo. Paga-se mais caro e ainda se leva menos quantidade. A observação chegou pela missiva de Roldão Simas.

Pesos

A pipoca para micro-ondas foi lançada pela Yoki em embalagens de 100 gramas e é comercializada no Supermercado Wal-Mart por R$ 1,48. Na mesma gôndola encontramos pipocas de outras marcas em embalagens do mesmo tamanho e formato, mas com pesos (e preços diferentes). A Elma Chips, com 80 gramas, vendida por R$ 1,68 (equivalente a R$ 2,10 por 100 gramas) e a ACT II, da Cargill, com 85 gramas, a R$1,88, (ou seja, R$ 2,21 por 100 gramas).

Leitor

Cabe uma pergunta sobre a administração dos fundos de pensão: como acreditar na seriedade da administração desses recursos se, como fez o governador do Distrito Federal, no primeiro aperto que se apresenta simplesmente mete a mão nos recursos do trabalhador?

História de Brasília

Hoje cedo, era intenso o movimento no aeroporto, com todos os aviões lotados. O ministro da Educação conversava alegremente com todos os presentes, sem, entretanto, demonstrar o mínimo conhecimento dos acontecimentos. (Publicado em 26/8/1961)

Ari Cunha

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