Aos bons, o ostracismo

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Desde 1960

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com Circe Cunha  e Mamfil

Por que será que a maioria dos políticos de bom comportamento, ética, com ficha limpa e respeitada por seus eleitores, quase nunca são lembrados ou indicados por seus respectivos partidos para ocupar cargos no governo? Não raro, deputados e senadores de boa índole moral são sempre alijados na hora de se apontar nomes para ocupar funções de relevância no governo ou dentro da própria legenda. E mais: quando votam com os eleitores e cumprem o preâmbulo da Carta Magna, a primeira providência do partido é a expulsão.

Por alguma razão misteriosa ficam no mais absoluto ostracismo, empurrados para o canto da sala, nem sequer participam das reuniões internas, exercendo o mandato numa espécie de gueto, distante do que chamam “grandes discussões”. A primeira explicação que aparece para clarear esse fenômeno talvez seja a sabedoria do filósofo de Mondubim: “Não se convocam ovelhas para a convenção de lobos”.

Por certo que esse dilema deixa à vista um comportamento que, com o tempo, se tornou padrão na maioria dos partidos. Pessoas absolutamente probas não brilham entre seus pares políticos, embora com eles convivam até de forma amigável. Os nomes e as situações em que esses fatos se verificam são numerosos e se repetem com certa monotonia desde o Brasil Império.

Qualquer pesquisa mostra que esse comportamento, além de comum, tem lógica dentro das primícias políticas que ganharam campo entre nós. Como ensinava Maquiavel: “Quero ir para o inferno, não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No céu, só terei por companhias mendigos, monges, eremitas e apóstolos”.

A refinada ciência política, tão importante para as relações humanas e para a construção de uma sociedade justa, se degenerou a ponto de se transformar na arte do malabarismo e da prestidigitação malandra. Talvez, por esse motivo, vemos com frequência o desfile dos mesmos e indecifráveis rostos. Entra e sai governo e eles lá estão, com a mesma gravata da sorte e a pastinha sob os braços, repleta de pedidos inconfessáveis e dossiês comprometedores. Nem mesmo mestres do pensamento, como Norberto Bobbio, tinham explicação para o fenômeno que aflige também outros lugares do mundo. “Quando sinto ter chegado ao fim da vida, disse, sem ter encontrado uma resposta às perguntas últimas, a minha inteligência fica humilhada, e eu aceito esta humilhação, aceito-a e não procuro fugir desta humilhação com a fé, por meio de caminhos que não consigo percorrer. Continuo a ser homem, com minha razão limitada e humilhada: sei que não sei”.

Talvez uma explicação para este comportamento político entre nós esteja no fato de que 62% dos deputados na atual legislatura e 73% dos senadores possuem laços sanguíneos com outros políticos.

A frase que não foi pronunciada

“A melhor hora para formar o caráter de uma criança é uns cem anos antes de seu nascimento.”

William Ralph Inge, escritor inglês

Agefis

» Pouco a pouco, um setor improvisado de galpões na EPPN, altura do condomínio Porto Seguro, está tomando proporções incontroláveis. Colado ao pinheiral do Paranoá, dia a dia aparecem novas construções.

Acredite se quiser

» No Brasil, com a violência comparada à guerra de outros países em relação ao número de mortos, já poderiam haver parcerias que favorecessem a doação de órgãos. De acordo com o Ministério da Saúde, 87% dos transplantes de órgãos no país são realizados pelo SUS.

Realidade

» A falta de estrutura e de pessoal é tanta, que o IML, para atender a demanda do DF, deixa corpos assassinados mais de 24h expostos. Se morreu perto da família, a situação é mais sofrida.

Ah! Bom!

» Chegando 2018 e com ele as eleições é preciso redobrar a atenção nas pesquisas de opinião. As perguntas e porcentagem eram: O que é melhor para o país? Novas eleições, 62%; Temer continuar? 19%; Dilma voltar, 12%; e outras respostas/não sabe, 7%. A fonte da pesquisa é a CUT Vox Populi.

DataSenado

» Por falar em pesquisa, no DataSenado, coordenado por Marcos Rubem de Oliveira, a amostra é escolhida aleatoriamente e segue cada parâmetro estatístico, o que atribui a validade científica ao trabalho. Todos os estados do país são consultados nas pesquisas. Há várias enquetes na internet e pesquisas também são feitas por telefone.

Solidão

» Lá estava ele. Solitário, com um bambu segurando um cartaz de protesto. André Rhouglas, 56, morador de Ponte Nova, em Minas Gerais, foi o único manifestante na Esplanada na decisão sobre o destino do presidente Temer.

Exportação

» Asmarana é um remédio natural elaborado a partir do óleo de rã-touro. Cura a asma. Não é mais encontrado nas farmácias brasileiras. Ao que parece, medicamentos produzidos no Brasil e rejeitados pela Anvisa estão ganhando o mundo.

História de Brasília

A possibilidade da venda dos apartamentos aos atuais ocupantes está despertando uma campanha nos ministérios militares, pela qual esses ministérios adquiririam os apartamentos para seu próprio patrimônio e alugariam aos seus integrantes, posteriormente. (Publicada em 3/10/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: Política Brasil Brasília Mamfil Ari cunha circe cunha

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