Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com
com Circe Cunha e Mamfil
De todos os fatores com potenciais para inviabilizar, definitivamente, a existência de uma cidade, como guerra, fome, pestes e outras, nenhum tem maior capacidade devastadora do que a escassez de água potável. A história da humanidade está repleta de exemplos de antigas cidades portentosas que, simplesmente, desapareceram quando as fontes de água potável secaram. Ruínas espalhadas pelos quatro cantos do globo atestam o saber antigo: sem água, não há vida. Mesmo dentro dos limites da resiliência humana, que se traduz pela capacidade de adaptação às mais severas mudanças climáticas e ambientais, a falta de água, torna praticamente impossível o funcionamento de uma cidade, principalmente em se tratando de uma grande metrópole, como é a capital federal.
A captação de água do Lago Paranoá (idealizado para melhorar os níveis de umidade do ar e para compor o paisagismo futurista da nova capital) para consumo humano, dá uma mostra de que o problema da escassez, antes uma hipótese remota, é realidade que está entre nós, tende a se agravar ainda mais no futuro.
Sob um ponto de vista mais abrangente, é possível afirmar que todos nós temos uma parcela significativa de responsabilidade sobre essa tragédia: nossa ação imprevidente no dia a dia, sobre tudo o que se relaciona ao meio ambiente e o respeito que se deve a ele, e a displicência e falta de gestão para o futuro levaram ao ponto a que chegamos, onde o fornecimento de água tratada passou a ser feito em intervalos intercalados. Acostumados, desde sempre, a consumir a água sem os freios da racionalidade e do comedimento, persistimos ainda nesse costume, como se não houvesse amanhã.
Ocorre que os tempos são outros. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e, sobretudo, as atitudes. Estamos, talvez, diante do maior desafio de todos os anos de Brasil colonizado. Se não há dúvidas de que temos a responsabilidade individual nesse processo, é certo, porém que nossos dirigentes têm responsabilidade coletiva por erros e estratégias cometidos ao longo de décadas e acabaram por levar a capital ao impasse atual. O mais preocupante é que persiste, nas esferas do Governo do Distrito Federal, a tendência de prolongar esses mesmos erros e equívocos.
Esse parece ser precisamente o caso da construção do Trecho 2, Etapa 1 do Setor habitacional Taquari. Localizado em área de Proteção Ambiental (APA) do Planalto Central e Lago Paranoá, o Setor Taquari será fixado exatamente sobre uma área de recarga de aquífero da Bacia Hidrográfica do Rio Paranoá, num terreno de grande sensibilidade ecológica e com diversas pendências ambientais em aberto. A área guarda diversas nascentes da água que abastece o Lago Paranoá. Não por outra razão a 3ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e do Patrimônio Cultural (Prodema) recomendou a suspensão imediata da licença de instalação desse bairro naquele sítio até que os estudos sobre essa área estejam completos. O que se teme é a repetição de erros que levaram ao epicentro da maior crise hídrica de nossa curta história.
A frase que foi pronunciada
“Tomar água nos dá vida, tomar consciência nos dará água.”
Campanha do Dema na Semana da Água 2016
Terrível
» Todos os serviços de meteorologia do DF não foram exatos sobre a próxima temporada de chuvas. Nem as cigarras, nem os sabiás, nem o cajueiro. A última notícia que se tem é que Ophelia, uma tempestade tropical, começa a se formar no Atlântico.
Visita
» Liderando a equipe que visitou a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Deltan Dallagnol foi quem apresentou o balanço das investigações feitas até agora. No material divulgado consta o seguinte: 165 condenações contra 107 pessoas, totalizando 1.634 anos e sete meses de prisão. Os crimes investigados envolvem R$ 6,4 bilhões em pagamento de propina. R$ 10,3 bilhões desviados da estatal e de outros órgãos públicos envolvidos nos desvios foram recuperados.
Para resolver I
» O então senador Rodrigo Rollemberg entrou recitando poesia na Casa. Aquele vigor se transformou em semblante de extrema preocupação, agora como governador. Certo é que a pressão aumenta. Por exemplo, a Associação ParkWay Residencial, grupo apartidário em defesa do meio ambiente, quer conversar e resolver questões como: deficiência nas políticas públicas, ineficiência na gestão hídrica e falta de visão integrada do Distrito Federal.
Para resolver II
» Perda de áreas rurais, ineficiência na mobilidade urbana, falta de rotina de restauração e manutenção do patrimônio cultural, falta de plano diretor de arborização urbana e plano distrital de adaptação às mudanças climáticas, projetos de adensamentos populacional, projetos de grande impacto no meio ambiente, área urbana e no sítio tombado.
Para resolver III
» Quadro comparativo entre as atuais normas de uso e ocupação do solo e a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos), Plano de preservação do conjunto urbanístico de Brasília em choque com a preservação real. Enfim, a falta de informações, transparência, indefinições e pendências sem respostas à população de Brasília deixa a comunidade que quer exercer a cidadania, completamente abandonada.
História de Brasília
Onda de desemprego virá mesmo, se o governo aprovar o novo salário mínimo este ano. Há uma onda de pânico em todas as classes. (Publicado em 6/10/1961)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam) Hoje, com Circe…
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