A ONU, 80 anos depois: entre a promessa e o fracasso

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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ONU. Foto: Reprodução

A Organização das Nações Unidas completará 80 anos em 24 de outubro. Criada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, nasceu com a missão de ser o grande fórum de mediação entre os povos, o escudo diplomático contra novos conflitos globais. Oito décadas depois, no entanto, o que se vê é uma instituição envelhecida, enfraquecida e cada vez mais desacreditada. Não são poucos os líderes, de diferentes espectros ideológicos, que hoje fazem severas críticas ao organismo multilateral. Da direita à esquerda, há consenso em um ponto: a ONU já não exerce o prestígio e a autoridade que teve no passado. Pior: em muitos episódios recentes, demonstrou uma inoperância que beira a irrelevância.

Um dos exemplos mais gritantes talvez tenha sido antes e durante a pandemia de Covid-19. A Organização Mundial da Saúde, braço da ONU, revelou-se submissa a pressões políticas e interesses externos, sobretudo da poderosa indústria de medicamentos.  Longe de liderar uma resposta global, assistiu ao surgimento de um cenário desigual, em que países ricos monopolizaram vacinas e insumos, enquanto nações pobres ficaram à margem. O discurso de solidariedade global não passou de retórica.

Outro caso emblemático é a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Desde 2022, o Conselho de Segurança se vê paralisado pelo veto de seus membros permanentes, incapaz de tomar decisões concretas. A ONU assiste de braços cruzados a uma guerra prolongada, que ceifou milhares de vidas, deslocou milhões de pessoas e abala o equilíbrio internacional. A mesma paralisia já havia sido registrada na guerra civil da Síria e no conflito do Iêmen, evidenciando a fragilidade estrutural do sistema multilateral. O problema, porém, vai além da incapacidade técnica.

Cresce a percepção de que a ONU está sendo corroída por dentro. Em vez de neutralidade diplomática, o que se vê é a promoção insistente de pautas que minam a soberania dos Estados: imigração irrestrita, governança climática centralizada, uniformização cultural e social. São diretrizes apresentadas como consensos universais, mas que escondem a tentativa de enfraquecer autonomias nacionais em favor de uma elite transnacional pouco transparente. É nesse ponto que muitos governantes têm perdido a paciência. A ONU não consegue conter guerras, não consegue garantir segurança coletiva, mas empenha-se em impor um projeto de centralização política global. Tal desvio de função explica por que cresce o coro dos que defendem seu fim. Ainda assim, o vácuo seria perigoso. Um mundo sem ONU mergulharia na lei da força, sem qualquer fórum de mediação, por mais limitado que este seja. A alternativa, portanto, não é extinguir a Organização, mas reformá-la radicalmente. É preciso devolver-lhe neutralidade e resgatar seu propósito original: ser guardiã da paz, não agente de agendas políticas disfarçadas. Aos 80 anos, a ONU é uma senhora cansada, mas ainda necessária. O desafio é resgatá-la antes que se transforme apenas em palco de discursos vazios ou, pior, em ferramenta de projetos que nada têm a ver com os interesses dos povos que um dia prometeu proteger.

Os Estados Unidos que sempre foram os maiores financiadores desse organismo, já não enxergam como o mesmo entusiasmo a atuação da ONU. Na abertura da 79ª Assembleia Geral, no último dia 24 de setembro o ritual de reclamações se repetiu. A chegada do presidente americano ao evento foi marcado por um fato inusitado. Tanto ele como sua esposa, ficaram parados a meio caminho, quando a escada rolante que conduzia ao auditório parou, sem maiores explicações. Também o teleprompter que deveria servir de guia para o discurso de Trump, simplesmente deixou de funcionar. Muitos dizem que ambos os acontecimentos foram de clara sabotagem ao americano, que não esconde seu desânimo com a atuação da ONU. Em tom de ironia Trump agradeceu a ONU por essas falhas, que para ele endossam os argumento de todos aqueles que acreditam que esse organismo precisa ser urgentemente repensado.

A frase que foi pronunciada:

“A Organização das Nações Unidas proclamou 1979 como o Ano da Criança. As crianças receberão de nós a corrida armamentista como uma herança necessária?”

Papa João Paulo II

Foto: a12.com

Prata da casa

Com passagem marcada para Brasília, Luisa Francesconi, de Brasília, que alçou voo pelo mundo, traz, na bagagem, um presente especial. Masterclass de canto lírico que acontecerá na Thomas Jefferson da Asa Sul, no dia 02 de outubro, às 19h30. Veja mais informações a seguir.

História de Brasília

O que valeu, no momento. foi a presença de espírito do guarda do DFSP, que com energia e agindo rapidamente evitou um linchamento e uma depredação. (Publicado em 10.05.1962)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #HistóriadeBrasília #Mamfil

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