A Luos e os interesses políticos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: lagosul.com.br

Desde que foi alçada, por interesses diversos e difusos, à condição de capital do país com plena autonomia política, Ari Cunha, nesta coluna, que teve sua estreia exatamente no mesmo dia em que Brasília foi inaugurada, em 21 de abril de 1960, passou a acompanhar, com um misto de desconfiança e maus presságios, o que veria a ser a tal maioridade política do Distrito Federal, tão festejada por políticos e empresários, isso há 32 anos.
Permanecem as razões que levavam, e ainda levam, esse espaço a acreditar que a emancipação política da capital, feita de modo açodado e sem um debate público aprofundado, não seria um bom negócio para seus habitantes. Primeiro, porque o próprio idealizador da capital, o urbanista e arquiteto Lucio Costa, por diversas vezes se posicionou contra essa possibilidade, que desvirtuava as ideias de seu projeto original: também porque, de lá para cá, o que se viu, a cores e ao vivo, foram sucessões de escândalos cabeludos, envolvendo políticos e empreendedores lo cais, com prisões de alguns, flagrados com dinheiro de corrupção nas mãos, mas principalmente com a tão conhecida impunidade, que, a exemplo do que sempre aconteceu no resto do país, veio também a fazer parte do cotidiano candango.
Fossem esses os únicos problemas que passaram a assolar a ca pital e seus habitantes, a solução poderia ser resolvida com eleições. O fato, e essa coluna apontava desde o começo, é que, como se viu, interesses econômicos, aliados a má índole política de nossos representantes, concorreriam para desfigurar o projeto e a ideia originais contidos na proposta vitoriosa de Lucio Costa.
Desde o primeiro dia dessa emancipação, os jornais passaram a estampar em suas manchetes uma torrente de denúncias, mostrando, por um lado, a transformação dos espaços públicos e das áreas de preservação em moeda política de troca, dentro da concepção torta de “um voto por um lote”. Com isso, a capital começou a experimentar um inchaço urbano sem igual, com áreas ocupadas da noite para o dia, invasões a terras públicas e estabelecimento de bairros sem quaisquer projetos de impactos.
A vontade política passou a prevalecer sobre os anseios da população de bem, o que gerou um descompasso tal que, em pouco tempo, o que deveria ser a Casa do Povo – o Legislativo – ganhou a alcunha, nada lisonjeira, de “Casa do Espanto”.
Problemas urbanos que, antes só haviam em outras metrópoles do país, passaram a ser presenciados também na capital, como engarrafamentos constantes, aumentos da violência e da mendicância, deterioração e decadência dos espaços coletivos, com sobrecarga incontrolável na prestação de serviços públicos de saúde, educação, transporte, segurança e outros. O aumento estratosférico nas despesas para custear a enorme e inchada máquina administrativa criada foi outra herança da emancipação política. Os gastos passaram a ser cobertos pelo aumento de impostos e tributos arrancados dos contribuintes. Houve, assim, aumento no custo de vida dos brasilienses e piora acentuada da qualidade de vida dos habitantes.
Por conhecer a história e a índole política dos homens públicos deste país, esta coluna viu suas piores previsões se transformarem em realidade. Uma realidade que desagrada todos. É preciso lembrar que, desde o início, antevíamos que a emancipação seria um excelente negócio para alguns poucos, principalmente gente que vimos desfilando nas páginas policiais dos nossos jornais. Quando se anuncia que, na próxima semana, será votada a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) na Câmara Legislativa, é bom que a adormecida população acorde para o que está por vir nesse pacote que altera, mais uma vez, a ocupação e a destinação das áreas que ainda restam dentro do polígono do Distrito Federal.
De nossa parte, vínhamos alertando, desde os anos 1990, para os perigos de deixar em mãos dos políticos locais as discussões e decisões sobre as terras da capital. Com a palavra dos urbanistas e outros brasilienses atentos.
A frase que foi pronunciada:
“Se os políticos falassem apenas por suas atitudes, por certo muitos deles seriam varridos do cenário nacional e da história do país.”
Filósofo de Mondubim
30/09/2013 Crédito: Monique Renne/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF. Jantar Prêmio Engenho. Ari Cunha.
Eficiente
Mais rápido e eficiente. O aplicativo Maria da Penha Virtual foi usado só no Rio de Janeiro, por 850 mulheres em pouco mais de um ano. As petições de medida protetiva de urgência por violência doméstica, ou familiar, aumentaram durante o isolamento social. Mas a solução dada foi prática e efetiva. Confira no link: https://www3.tjrj.jus.br/mariapenhavirtual/
Ilustração: tjrj.jus
Conhecimento e cacife
Disputa em leilão rende a Dib Franciss uma Bíblia raríssima. Vendida, como um objeto qualquer, a publicação, provavelmente, veio da coleção de algum bibliófilo que faleceu e seus descendentes sequer sabiam do que se tratava. A descrição no catálogo do leilão mostrava o desinteresse pela obra (veja as imagens a seguir). Foi uma disputa acirrada de 48 lances durante o pregão. Dib Franciss venceu.
–> Trata-se de um dos primeiros raricíssimos exemplares da Bíblia, impresso em 1579 em Wittenberg (Alemanha) por Hans Lufft (1495 – 1584), o mais importante “mestre impressor” da Reforma Protestante. Ele entrou para a história como “O Impressor da Bíblia”. Foi ele quem realizou, em 1534, a 1ª edição completa da Bíblia de Lutero, e esse que eu adquiri é exatamente essa tradução para o alemão de Martinho Lutero, o primeiro compêndio com as correções feitas pelo próprio.Contém o Antigo e o Novo Testamentos e traz ilustrações em xilogravura de Lucas Cranach (1515 – 1586). Ela tem ainda a encadernação de época, do sec. XVI.

Essas Bíblias são raríssimas no mundo e quase todas estão em bibliotecas ou museus ao redor do mundo. Uma exatamente igual a essa encontra-se no Museu da Reforma Protestante, em Genebra.
Ainda estou em estado de graça pela aquisição desse tesouro da civilização ocidental.

Imaginem quantos acontecimentos históricos se passaram no mundo ao longo desses 543 anos de existência desse importante compêndio. Quantas guerras, quantas pestes, quantas invasões, tragédias da natureza e etc. Essa Bíblia ter chegado até os nossos dias é realmente algo inacreditável.

Jotapê F
João Paulo Florêncio está se firmando no jornalismo esportivo de forma exponencial. Confira no link: https://www.instagram.com/jpflorencio/.
–> Fala, galera! Tô botando na praça o meu podcast. O Joga Solto vem sendo gestado desde o ano passado e é fruto de uma mudança de chave na minha vida. ⠀

O assunto é esporte, suas inúmeras modalidades e reverberações. Toda semana um convidado e um episódio novo no YouTube e no Spotify. Conto com a torcida de vocês. Valeeeu 👊🙌

História de Brasília
E mais: quando uma pessoa pede para ir para o Palace Hotel, os motoristas alegam que fica longe, que é mau para o hóspede, e que lá é lugar de turismo e de exploração. É uma concorrência desleal e descortês. (Publicada em 20/2/1962)
Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #AriCunha #Brasília #CirceCunha #CLDF #GDF #GovernoIbaneis #HistóriadeBrasília #LeioDeUsoEOcupaçãoDoSolo #LUOS #Mamfil #UrbanismoNoDF

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