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Panelas e panelinhas

Já virou uma constante: sempre que ouve os pronunciamentos do governo ou a propaganda eleitoral gratuita de seu partido em cadeia nacional de rádio e televisão, a população brasileira das grandes cidades vai para a cozinha, escolhe uma panela velha, corre para as varandas e janelas dos edifícios e se integra ao restante da vizinhança em protestos ruidosos enquanto dura a falação oficial.

Embora reconheça a comodidade moderna desse estilo de protesto, é preciso verificar os reais efeitos da manifestação espontânea. De um lado, as manifestações ajudam a dividir as agruras de cada um com o restante da população que está no mesmo barco. De outro, a solidariedade de todos nos protestos é fundamental para a existência da própria manifestação. Sem o apoio do próximo, nada acontece. Ocorre que esse novo estilo de demonstrar seu desagrado, emprestado dos antepassados da humanidade, tem consequências muito limitadas.

Apesar do comodismo e do imobilismo que os protestos suscitam, é bom que a população afine em uníssono os tambores da desaprovação contra o pior governo de todos os tempos. Só que esses movimentos, a partir das janelas, nada resolvem. No máximo, as janelas se abrem e apontam para as ruas. É lá que pode estar o estopim das mudanças. Pode e não pode. Para valer, as mudanças só virão a partir da utilização correta das urnas como instrumento para a escolha de gente séria e comprometida com os desejos da sociedade.

Conquistada a democracia, faltou educar a população para saber separar o joio do trigo. Somente uma população escolarizada será capaz de escolher e definir quem serve para representá-la perante o Estado. Pelo que estamos assistindo, só por meio da educação de boa qualidade teremos democracia também de qualidade. Se vale para os eleitores, vale também para os eleitos. Só políticos devidamente escolarizados e de ficha limpa deveriam ser eleitos e empossados.

Só faz a hora quem sabe, e o saber é colhido nas escolas depois de anos e anos de labuta. Parafraseando as Escrituras Sagradas, não há salvação fora do ensino, da cultura e das escolas. Sem educação, o homem não possui espírito público, não sabe e nunca saberá escolher bem.

A frase que foi pronunciada

“Oxalá fôssemos uma nação de juristas. Mas o que somos é uma nação de retóricos. Os nossos governos vivem a envolver num tecido de palavras os seus abusos, porque as maiores enormidades oficiais têm certeza de iludir, se forem lustrosamente fraseadas. O arbítrio palavreado: Eis o regime brasileiro. Agora mesmo, a usurpação de que me queixo perante vós nunca se teria sonhado, se a espada, que nos governa, estivesse embainhada no elemento jurídico. Mas a espada, parenta próxima da tirania, detesta instintivamente esse elemento.”

Ruy Barbosa

Contato

Agradecemos o carinho dos leitores e replicadores dessa coluna,Antonio Francisco, aposentado pelo TCU, e Paulo Roberto Uchoa.

Pauta

Regina Ivete Lopes nos pede para divulgar sobre vagas para o curso de alfabetização de adultos. Na Paróquia N.S. Perpétuo Socorro no Lago Sul, em frente ao Gilberto Salomão, ainda há muitas vagas. Os horários são os seguintes: às segundas-feiras e às quartas-feiras, das 18h às 20h. Matrículas 8407-03396. É só ligar.

Siga a seta

Marca do turismo de Brasília, a Torre de TV sofre severas críticas tanto por parte dos visitantes quanto dos comerciantes. O fato é que, após a reforma, a distribuição das barracas ficou confusa. Não é possível localizar certo conjunto e número da loja apenas caminhando. Os conjuntos não fazem sentido, pois não seguem uma lógica. Cansados de passar sufoco, comerciantes pregam mapinha da feira na barraca para dar a localização exata dos produtos.

Morosidade

Pesquisadores brasileiros reclamam da falta de agilidade do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). Para se ter uma ideia, o Brasil leva em média 5 anos para patentear uma marca.

Drogas

A nova cracolândia do Distrito Federal fica localizada no Paranoá. Perto da Quadra 30, ao lado do San Drinks. Lá é possível ver jovens usando e comercializando drogas em plena luz do dia. No cenário de vários crimes, eles já não assustam mais a comunidade.

História de Brasília

Numa reunião secreta do PSD, o almirante Amaral Peixoto concitou a todos para votar pelo parlamentarismo, “porque eles toparão a parada”. (Publicado em 1º/9/1961)

Circe Cunha

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Circe Cunha
Tags: #Brasília #HistóriadeBrasília #AriCunha #CirceCunha #Mamfil

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