Lições de casa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

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       Fosse colocado na balança das experimentações da humanidade, o ano de 2020 teria o mesmo peso e o significado de outros períodos de extrema aflição, experimentados pela humanidade, como aqueles que marcaram as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, ou mesmo os atentados terroristas às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em novembro de 2001.

Na realidade, o século XXI foi descortinado com a mau augúrio dos atentados terroristas em todo o mundo, sinalizando, a todos, que esse seria um tempo que não passaria em branco. Vivemos essas primeiras duas décadas em sobressaltos. Tratam-se aqui de tempos para serem varridos da memória pelo simples fato de que nos recordam, a todo o instante, a extrema fragilidade e  fluidez de nossas vidas.

Para os filósofos e os pensadores da condição humana, são tempos férteis e cheios de aprendizados e, quem sabe, de novas perspectivas, aceleradas pela imposição de um isolamento social que tornou até as mais febris e movimentadas cidades do planeta, em lugares fantasmas, habitados apenas pela memória. Neste exato instante, em muitos cantos do planeta, pessoas das mais diversas especializações estão debruçadas, refletindo sobre mais essa encruzilhada em que se depara a espécie humana, buscando compreender que alternativas seriam viáveis e seguras para uma mudança de rumo.

Por certo, para o bem ou para o mal, todos aqueles, que buscam respostas para o acontecido em 2020, concordam num ponto: nada será como antes. De antemão, temos como prioridade não morrermos acometidos pela virose traiçoeira. No contexto em que nos encontramos, temos algumas esperanças de que a espécie humana possa reavaliar seu papel sobre o planeta. Aos olhos de alguns economistas, alguns sistemas que vínhamos experimentando terão suas rotas alteradas. A começar pelo sistema capitalista e sua variante: a globalização.

 Não é certo, ainda, pensar a pandemia como resultado extremo do próprio capitalismo. Tampouco é sabido se a pandemia virá para enterrar esse sistema e inaugurar outro, com a face mais humana. O que se sabe é que depois da peste negra ou peste bubônica, entre os anos 1347 e 1351, quando 200 milhões de pessoas, na Europa e Ásia, pereceram, o sistema feudal, predominante naquelas regiões, deixou de existir, cedendo lugar ao capitalismo comercial.

Também naquela ocasião, acredita-se, a peste teria viajado através da rota da seda, desde o Oriente, atingindo a Europa, a partir também da Itália, tal qual ocorreu com a Covid-19. Qualquer sistema, por maior e mais sofisticados que sejam seus mecanismos, tem seu ciclo. Com o capitalismo parece não ser diferente. No plano íntimo de cada um de nós, há ainda mudanças que se anunciam necessárias, mas que ainda não vislumbramos bem. As pessoas e as famílias estão sendo postas a provas duríssimas e isso, de certo, provocará reflexões, o que, por sua vez, abrirá portas para transformações.

 Temos claro que é impossível pensar em mudanças do sistema, seja ele qual for, sem mudanças nos indivíduos. Os sistemas refletem quem somos, gostemos ou não da premissa. Pouco antes da eclosão da pandemia, vivíamos o dilema do aquecimento global e ele ainda está ocorrendo. Esse fator externo também contribuirá para mudanças tanto no comportamento íntimo de cada um, quanto terá seus reflexos no sistema capitalista, principalmente em quesitos como o consumo e a distribuição de renda.

Um fator vinculado à pandemia, e que não pode ser ignorado, é o aumento sensível da pobreza e de pessoas em situação de risco. O ultra liberalismo e o hiper capitalismo, seus princípios éticos, parecem estar com os dias contados. Coube à China comunista, controlada por uma ditadura burocrática e insensível, mostrar ao mundo os horrores do capitalismo levado ao extremo.

A pandemia serviu, entre outras mil lições, para demonstrar o quanto pode ser nocivo à humanidade aparelhar, politicamente, órgãos das Nações Unidas, como a OMS. Aqui no Brasil, também as lições trazidas pela crise são inúmeras e deverão ser adotadas. A começar por uma mudança de rumos no próprio governo. O capitalismo industrial e poluidor terá que ceder espaço, cada vez maior, a um tipo de construção de riqueza que não agrida o meio ambiente e, sobretudo, o próprio homem. São lições de casa que, entre outras mil, haveremos de fazer, literalmente, em casa.

A frase que foi pronunciada:

“Pode-se morrer mais do que uma vez. A sepultura é que é só uma, para cada homem.”

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. (Wikipedia)

Camilo Castelo Branco. Foto: wikipedia.org

Solidariedade

Pelo Instagram, Ivan Mattos convida a comunidade de Brasília a conhecer seu trabalho em parceria com outros fotógrafos.  Veja, na página Fotografias Solidárias, como você poderá ajudar a Casa de Ismael, que está precisando demais do apoio de todos.

Publicação feita no perfil oficial do projeto Fotografias Solidárias no Instagram

Humano

Uma mensagem simpática do ex-governador Rodrigo Rollemberg, aos amigos, pelo WhatsApp. Coisa de quem cresceu na cidade e cativou muita gente. Veja no blog do Ari Cunha.

Leitor

Não é à toa que o Lago Norte tem tido aumento expressivo nos casos de dengue. A última casa da QL2, conjunto 8, acumula resto de obras no local, deixando os vizinhos em polvorosa. Isso há anos. Mas, até agora, nada foi feito, apesar das inúmeras reclamações.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As firmas instaladas ali são obrigadas a um sacrifício enorme, porque ficam completamente isoladas do resto da cidade. E um telefonema interurbano para ser completado, tem que ser no posto da W-3. (Publicado em 12/01/1962)

Circe Cunha

Publicado por
Circe Cunha
Tags: #Capitalismo #Comunismo #Coronavírus #COVID-19 #CriseMundial #HistóriadeBrasília #IsolamentoSocial #MeioAmbiente #OMS #Pandemia AriCunha Brasília CirceCunha mamfil política

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