Ciclo de palestras em Brasília debate atitudes sustentáveis

Publicado em desenvolvimento sustentável, sustentabilidade

Um ciclo de palestras gratuitas sobre energias renováveis e água marca a divulgação do livro Energias renováveis, atitudes sustentáveis, de Flamínio Levy Neto. Engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com mestrado e PhD em engenharia mecânica, Levy é professor do ITA e da Universidade de Brasília (UnB), com 40 anos de docência. 

Em entrevista ao Blog 4Elementos, Levy explica que a publicação reúne anos de experiência em cima da temática sustentável. “O livro aborda a crise hídrica, a produção de energia limpa e também tem um capítulo inteiro sobre alimentação natural”, diz. 

Para divulgar o livro — que está à venda na livraria da UnB e em alguns restaurantes naturais, como o Flor de Lótus (102 Norte), o Naturetto (405 Norte), o Boa Saúde (Rádio Center) e o Terra Viva (202 Norte) — o professor fará um ciclo de palestras em setembro: dia 20, às 19h, no Sebinho (406 Norte); dia 26, às 19h30, no Colégio do Sol (CA 6 do Lago Norte); e, dia 30, às 8h da manhã na UnB, no auditório do Departamento de Engenharia Mecânica. 

Chuvas

Flamínio Levy Neto explica que decidiu reunir todo o conhecimento adquirido ao longo da vida profissional para alertar sobre a crise hídrica, ambiental e energética pela qual passam o Brasil e o mundo. “A falta de chuva tem tudo a ver com a derrubada das árvores. São as árvores que retêm a água da chuva. Garantem a infiltração para as enxurradas não provocarem enchentes”, ensina.

Durante a seca, continua o professor, as árvores transpiram. “Soltam partículas, chamadas aerossóis. Tanto que chove muito mais no continente do que nos oceanos, porque nas águas não têm essas partículas”, conta. 

Para o especialista, a crise hídrica e a energética estão juntas. “Quando chove menos, os reservatórios recebem menos água. Por isso, a importância de mais investimentos em energia solar e eólica. No livro, eu incentivo isso”, explica. 

Levy lamenta o que ocorreu no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cujos dados sobre desmatamento na Amazônia foram desacreditados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e o diretor Ricardo Galvão, exonerado. “Assisti o episódio com bastante tristeza. O alerta do Inpe foi ridicularizado. Do ponto de vista científico e ambiental, foi um desastre”, opinou.

Sudoeste: devastação.

Desmatamento no Cerrado

O professor alerta, no entanto, que o desmatamento na Amazônia chama mais atenção do mundo, enquanto o que ocorre no Cerrado é ainda mais agressivo. “Na Amazônia, o desmatamento atinge 18% do bioma, no Cerrado, passa de 50%. É um desastre, porque as árvores do Cerrado têm raízes muito profundas, mais de dois terços estão embaixo da terra”, explica.

Com raízes tão fundas, as árvores do Cerrado abastecem os aquíferos. “Toda essa água que o Cerrado conduz para o subsolo, chega aos aquíferos Guarani e do Rio São Francisco”, sustenta. Manter uma floresta nativa é preservar a flora e também a fauna: pássaros e sapos que comem pragas e evitam a necessidade de uso de agrotóxicos, por exemplo. “Por outro lado, pastos são berçários de deserto”, sentencia.

Lamentável

Enquanto o professor ensina a importância da preservação das matas do Cerrado, em Brasília se assiste ao desmatamento de importantes áreas com vegetação nativa. Em pleno Sudoeste, da noite para o dia, vasto terreno ao lado do Parque Ecológico das Sucupiras amanheceu com as árvores derrubadas. No local, as quadras 500, se pretende construir 22 prédios. 

 

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