Estudo aponta Índice de Desenvolvimento Humano 20,19% melhor e Produto Interno Bruto 21,15% maior nas localidades com investimentos em aerogeradores para produção de eletricidade por fonte eólica.
A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) disponibilizou o estudo Impactos Socioeconômicos e Ambientais da Geração de Energia Eólica no Brasil, realizado pela consultoria GO Associados que quantifica os impactos positivos da energia eólica. O trabalho analisa os efeitos multiplicadores dos investimentos realizados pelas empresas, assim como o impacto dos valores pagos para arrendamentos de terras para colocação de aerogeradores. A pesquisa também compara um grupo de municípios que recebeu parques eólicos e outro que não tem energia eólica para avaliar o impacto da chegada dos empreendimentos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no Produto Interno Bruto (PIB).
“No que se refere ao IDH e PIB municipal, os municípios que têm parques eólicos tiveram uma performance 20,19% e 21,15% melhor, respectivamente, para estes dois indicadores. Este é um resultado que mostra que não há dúvidas: a energia eólica chega e seus efeitos positivos multiplicadores impactam nos indicadores do município”, avalia Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica.
O estudo também faz um balanço do impacto dos investimentos realizados pelas empresas do setor eólico, por meio da metodologia de Matriz-Insumo-Produto (MIP), que mostra como um aporte se desdobra chegando a outras indústrias e impactando outros serviços. De 2011 a 2019, considerando setor de máquinas e equipamentos, inclusive manutenção e reparos e aquisição de produtos e a contratação de serviços no mercado doméstico, o valor investido pelo setor foi de R$ 66,9 bilhões.
“Partindo deste valor efetivamente investido pela indústria, pudemos então calcular os efeitos diretos, indiretos e efeito renda causados por estes investimentos, utilizando a MIP, e chegamos à conclusão de que estes investimentos tiveram potencial expandir a produção das Regiões Nordeste e Sul do país (valor agregado) na ordem de R$ 262 bilhões, gerando mais de 498 mil empregos por ano, em média e R$ 45,2 bilhões em massa salarial. Reitero que isso é uma somatória dos chamados efeitos multiplicadores: diretos, indiretos e massa salarial. Além disso, foram arrecadados R$ 22,4 bilhões em tributos relacionados”, explica Gesner Oliveira, sócio da GO Associados.
Efeito multiplicador
O estudo estimou o efeito multiplicador do pagamento de arrendamento. “Este é um ponto importantíssimo, porque os arrendamentos são uma injeção de renda direta na região. Importante explicar que, quando um pequeno proprietário arrenda um pedaço da sua terra para colocação de um aerogerador, ele pode continuar com suas plantações ou criação de gado. O pagamento de arrendamento se torna, então, um valor fixo para os proprietários que podem investir em sua própria terra e ampliar sua produção”, explica Elbia.
Considerando os dados de 2018, os pagamentos de arrendamento de terras para expansão do setor eólico, em torno de R$ 165,5 milhões ao ano, têm potencial de levar a uma expansão da produção das Regiões Nordeste e Sul (valor agregado) da ordem de R$ 524,6 milhões, gerando mais de 8 mil empregos e R$ 43,2 milhões em massa salarial. Além disso, são arrecadados R$ 45,4 milhões em tributos relacionados.
Outro benefício avaliado é a baixa taxa de ocupação do solo. O estudo concluiu que, mesmo num cenário em que os aerogeradores estariam mais próximos, pelo menos 92% da área ficaria livre para outras atividades. “O trabalho está sendo publicado num momento muito importante, já que a pandemia parece abrir ainda mais os olhos da humanidade para o inadiável combate ao aquecimento global. E, nesse processo, as fontes que não emitem gases de efeito estufa e apresentam benefícios sociais, econômicos e ambientais, como é o caso da eólica, são nossa melhor aposta para quando chegar o momento da retomada econômica”, avalia Élbia.