O número de focos de incêndio acumulados entre janeiro e outubro é recorde e supera 2019 nos dois biomas.
Um triste recorde de queimadas em outubro. O mês entrará para a história com um dos piores no registro de queimadas para a Amazônia e o Pantanal. Os números divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) neste domingo (1/11) mostram que os focos de calor aumentaram em comparação com o mesmo período do ano passado para os dois biomas. Em outubro deste ano, o Inpe lançou alertas para 17.326 focos de calor na Amazônia. No ano passado, foram 7.855 no mesmo mês. No Pantanal, foram 2.856 focos neste ano contra 2.430 em 2019.
O acumulado nos 10 meses de 2020 soma 93.356 focos de calor na Amazônia. No ano passado, foram 74.604. Não se via situação igual desde 2010 para Amazônia. O Pará foi o estado com maior número de focos no período, com 33.449, seguidos pelo Mato Grosso (19.334), Amazonas (16.180) e Acre (9.053).
O Pantanal tem até aqui o pior ano na série histórica do Inpe. São 21.115 focos desde o início deste ano sendo que, nesse mesmo intervalo de 2019, foram registrados 4.413 focos de calor. Segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), uma área de 4,2 milhões de hectares foi queimada no Pantanal.Isso significa 28% do bioma consumido pelas chamas.
Os dados vão na direção contrária do que diz o governo, de que a situação foi controlada nos meses de estiagem. Com as taxas de desmatamento cada vez maiores nos últimos anos, os alertas dos pesquisadores foram ignorados pelo governo: desmatamento e fogo andam juntos”, diz Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil. “Após derrubarem a mata, os infratores ateiam fogo para limpar o material orgânico acumulado.”
“No final do mês, com a chegada das chuvas, o ritmo das queimadas parece estar reduzindo, mas não podemos depender apenas dos fatores climáticos. O que aconteceu na temporada da seca na Amazônia e Pantanal em 2020 não pode se repetir”, diz Napolitano.
Operação Verde Brasil 2
Ao assumirem o comando das operações de fiscalização e controle na Amazônia, as Forças Armadas passaram a cumprir o papel legal destinado ao Ibama. Alegando não ter dinheiro para a operação (embora tivesse começado com R$ 4,5 milhões de gastos autorizados) e a situação excepcional criada pela pandemia, o governo garantiu, em agosto deste ano, a aprovação de crédito extraordinário para a operação militar Verde Brasil 2, que elevou a autorização de gastos para R$ 418,6 milhões.
A operação Verde Brasil 2 está prorrogada oficialmente até novembro deste ano e deverá se estender até 2022, segundo planejamento do Conselho da Amazônia. Um novo anúncio de prorrogação foi feito no último dia 26 de outubro.
* Com informações do WWF-Brasil