A agenda verde não pode ser colocada em segundo plano nas eleições de 2020. No entanto, por conta da pandemia da covid-19, a discussão sobre as questões econômicas deve ser priorizada à agenda ambiental nas disputas pelas prefeituras neste ano. Para os especialistas, isso será um equívoco, porque o debate socioambiental deveria pautar todos os candidatos aos cargos executivos e legislativos municipais. Para promover a agenda verde, algumas entidades buscam mostrar a importância do tema para o desenvolvimento das cidades brasileiras a partir de políticas públicas com foco na preservação do meio ambiente.
Para o deputado Rodrigo Agostinho (PSB/SP), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional, o tema é muito importante, porque as cidades brasileiras vivem conflitos ambientais, ocupações de áreas de preservação permanente e de mananciais, além de enfrentarem problemas de abastecimento de água e de destinação final dos resíduos sólidos. “Metade do Brasil é ocupado por florestas, então metade dos municípios tem florestas. Além disso, temas como saneamento e qualidade do ar fazem parte da vida das cidades”, defendeu.
Segundo o parlamentar, existem municípios que dependem do turismo de um parque nacional ou que têm toda a economia baseada na exploração de mineração, que é uma produção suja. “O tema precisa ser reconhecido como uma das prioridades, mesmo que o assunto do momento seja saúde e economia, com geração de emprego e renda, logo em seguida temos que preparar as cidades para mudanças climáticas, quase metade o Brasil sofre com estiagem. Isso afeta a vida das pessoas, portanto a saúde e a economia”, pontuou.
Rodrigo Perpétuo, secretário-executivo para a América do Sul da organização Governos Locais pela Sustentabilidade (Iclei, na sigla em inglês), ressaltou que a agenda ambiental não é mais setorial. “Temos que pensar em todas as dinâmicas, desde os processos de licenciamento e atividades produtivas, até critérios de compras públicas, passando pela educação”, afirmou.
Ele lembrou que Recife, por exemplo, implementou a orientação para que as escolas incorporem temáticas como os ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável) e o enfrentamento de crises climáticas. “Ainda não é debate prioritário por conta de um deficit de trabalho das universidades, ONGs e entidades representativas. É uma miopia que estamos tentando mitigar”, afirmou. O Iclei está criando uma plataforma de informação aos candidatos, para que a agenda socioambiental seja prioritária. “Reconheço que não será nesta eleição, porque é um trabalho de médio prazo. Mas deve se tornar uma referência”, destacou.
Historicamente, no entanto, a pauta ambiental não dá votos, reconhece Luiza Lima, da campanha de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Isso a gente observa em todas as eleições. O tema tira votos ou aumenta a rejeição de determinado candidato. Ninguém se elege por bandeira ambiental, porque temos outras problemáticas que entram na frente como prioridade”, argumentou.
Luiza acrescentou, contudo, que a pauta ambiental é, sobretudo, uma agenda de futuro. “Não sei se, este ano, teria tempo de avançar, mas há um aumento de conscientização do brasileiro sobre a associação entre o meio ambiente e o futuro, a economia, a saúde. Quando a maioria considerar que não teremos saúde sem meio ambiente protegido, percebendo o impacto na economia, a agenda vai avançar. Cada vez mais os candidatos não vão poder se eximir da responsabilidade”, sustentou.
Nina Orlow, arquiteta, urbanista e integrante da Aliança Resíduo Zero Brasil, considera a pauta socioambiental prioritária por permear questões econômicas e de bem-estar. “A proposta de resíduo zero precisa ser prioridade para os municípios cumprirem a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ainda temos cidades sem coleta seletiva”, afirmou. “Estamos trabalhando com propostas para que os candidatos assinem, não só para o executivo, como também os candidatos a vereadores”, destacou.
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