Enquanto os olhos do mundo estão voltados para o desmatamento na Amazônia, as queimadas não param de arder o Pantanal brasileiro. Os incêndios atingiram cerca de 780 mil hectares do bioma este ano, apenas no Mato Grosso do Sul. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram mais de 67 mil focos registrados até junho, sendo 70,3% naquele estado. A situação no Pantanal se agravou na última semana. Em sete dias, foram queimados o equivalente a 34 mil campos de futebol.
Dados do Programa Queimadas, do Inpe, mostram que os focos cresceram 206% no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. Ao considerar Mato Grosso e Mato Grosso do Sul é o maior registro desde 1998, quando começou a série histórica. Os incêndios são atípicos para o período no bioma, porém decorrentes da combinação da seca com práticas relacionadas à agropecuária. Os meses chuvosos de janeiro, fevereiro e março tiveram 50% menos chuvas em relação à média histórica.
O governo do Mato Grosso do Sul decretou estado de emergência ambiental em Ladário e Corumbá, em razão das queimadas. O documento foi assinado no dia 24 de julho e tem validade por 180 dias. Além de possibilitar a realização de contratações emergenciais de brigadistas para ajudar no combate aos incêndios, proíbe o uso do fogo.
Júlio Sampaio, gerente do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, explica que a estiagem no bioma para o período é uma das piores naquela região nos últimos 47 anos. “O fogo está presente como ferramenta da atividade humana de manejo da terra. É previsto em lei para limpeza das pastagens. Ocorre que, em um período de seca, este tipo de fogo foge ao controle”, explica.
Um agravante é que as áreas que antes estavam inundadas agora estão secas. “O rio Paraguai, que é o principal responsável pela inundação do Pantanal, está muito baixo. As áreas que deveriam estar cobertas com água não estão. Isso facilita o descontrole do fogo”, alerta o especialista.
Por isso, o Mato Grosso do Sul suspendeu todas as autorizações de uso do fogo nos próximos 180 dias. “A medida sozinha não resolve o problema. É importante que a fiscalização continue nesse período e que os órgãos possam punir quem usar fogo de forma criminosa”, ressalta Sampaio.
Além da fiscalização para o cumprimento da moratória do fogo por 180 dias, são necessárias campanhas de divulgação e conscientização. “Também é preciso o aparelhamento para enfrentar os incêndios. No Pantanal, um entrave são as distâncias e os acessos. Em muitos locais onde há fogo, só se chega de barco. São necessárias condições para que o combate seja efetivo, com ajuda das Forças Armadas à experiência do Corpo de Bombeiros. Senão, dificilmente será possível reduzir as queimadas”, destaca o gerente do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil.
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