O Brasil vive a maior devastação da história durante o atual governo. Em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro publicou, na semana passada, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente, que “somos o país que mais preserva o meio ambiente do mundo”, em mais uma demonstração da política de desinformação que marca sua gestão. A verdade é que o desmatamento na Amazônia Legal bate recorde atrás de recorde desde que assumiu, em janeiro de 2019.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve alertas de desmatamento para 2.032 quilômetros quadrados (km²) de janeiro a maio, a maior área para o período desde 2015, quando teve início a série histórica do sistema Deter-B. Entre 1º de janeiro e 31 de maio, houve alertas de desmatamento para 2.032 km² no bioma. A área devastada é 34% maior que a do mesmo período no ano passado (1.512 km²) e 49% acima da média dos quatro anos anteriores (2016 a 2019), que foi de 1.363 km².
Entre agosto de 2019 e maio de 2020, o desmatamento foi de 6.499 km², um aumento de 78% em comparação ao período anterior (agosto de 2018 a maio de 2019), quando foram desmatados 3.653 km².
Os quase 6,5 mil km² desmatados nesses últimos 10 meses contrastam com a média de 3,6 mil km² registrada no mesmo período desde o início da série histórica. Além disso, o período não inclui junho e julho, quando o desmatamento é historicamente mais alto.
A área sob alertas de desmatamento em maio de 2020 foi de 829 km², a maior dos últimos cinco anos e 12% acima da registrada em maio de 2019. No mês anterior, 407 km² haviam sido devastados, o que significa que a área desmatada dobrou entre abril e maio deste ano.
Chama a atenção a devastação registrada em maio no Pará, de 344 km² dos 829 km2, no Amazonas (182 km²) e no Mato Grosso (177 km²). As Unidades de Conservação (UC) com maior desmatamento no período de janeiro a maio foram a Floresta Nacional do Jamanxim (21 km²), a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (9 km²) e a Floresta Nacional de Altamira (8 km²) — todas elas no Pará.
O crescimento do desmatamento na Amazônia já havia sido expressivo na última temporada. Os dados consolidados do Prodes/Inpe indicam que a área devastada em 2019 foi de 10,1 mil km². O valor corresponde ao desmatamento realizado entre agosto de 2018 e julho de 2019 — um aumento de 34% em comparação ao período anterior (7.536 km²).
A situação torna-se ainda mais preocupante quando se leva em conta a evolução da pandemia de covid-19 no Brasil, particularmente na Amazônia. De acordo com nota técnica publicada no dia 8 de junho pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a vegetação derrubada e não queimada desde o ano passado — em uma área que pode superar 4,5 mil km² — deverá produzir queimadas intensas a partir deste mês.
Segundo o Ipam, isso aumentaria os riscos de um aumento expressivo das internações por problemas respiratórios, pressionando ainda mais o sistema de saúde da região, que já está fortemente impactado pela covid-19.
“Os dados de maio preocupam e indicam uma tendência crescente de desmatamento no período, com níveis ainda maiores do que 2019 — um ano já excepcionalmente alto. Estamos diante de um cenário de total catástrofe para a Amazônia, com a expectativa de mais áreas abertas, invasões e queimadas somadas ao triste cenário do alastramento da pandemia pelo bioma”, alerta Mariana Ferreira, gerente de Ciências do WWF-Brasil.
Mais uma vez procurado, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) preferiu não responder ao Blog, como vem ocorrendo sistematicamente, a despeito de a pasta ser um órgão público que deve satisfações à sociedade sobre sua atuação para a preservação do meio ambiente. Talvez não tenha nada a dizer.
Como há, em curso, uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia, promovida pelo Ministério da Defesa, a pasta também foi procurada. Segue a resposta da Defesa:
“A Operação Verde Brasil é coordenada pelo Ministério da Defesa. Está no escopo do Conselho Nacional da Amazônia (CNA), conselho regulado pela Vice-Presidência da República em apoio aos órgãos de controle ambiental e de segurança pública. Em sua primeira fase, realizada de 2019, conteve 1.800 focos de incêndio, apreendeu 18,4 mil metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente, confiscou mais de 200 veículos e efetuou 120 prisões.
Este ano, a partir do monitoramento realizado pelo SIPAM e a análise dados de desmatamento do INPE, verificou-se uma necessidade de implementação de uma nova GLO. Nesse contexto, em 11 de maio de 2020, teve início a Operação Verde Brasil 2.
A Operação Verde Brasil 2 termina o primeiro mês com resultados expressivos. Em 30 dias, apreendeu 14.472m³ de madeira, 31 motosserras, 95 caminhões, 50 tratores, 31 veículos e 113 embarcações. Efetuou 124 prisões, inspeção em 28 madeireiras, apreensão de 218 kg de pasta base de coca e 139 kg de maconha; aplicação de 288 termos de infração (R$ 103.776.525,45 em multas); 4.850 vistorias em veículos e 2.273 inspeções navais. Inutilizações de 104 veículos, motores de garimpo, balsas, tratores, escavadeiras e máquinas agrícolas. Os fiscais, apoiados pelos militares, ainda apreenderam perto de 1,5 tonelada de produtos do extrativismo, de caça e de pesca obtidos ilegalmente.
Para isso, foi empregado efetivo de cerca de 2.730 homens e mulheres, sendo 2.527 militares das Forças Armadas, 188 veículos, 3 navios, 7 embarcações e 11 aeronaves. Nesta quinta-feira (11), foi prorrogado até 10 de julho, por meio do decreto 10.394, o emprego de militares para combater focos de incêndio e desmatamento ilegal na chamada Amazônia Legal.
A atuação das Forças Armadas foi determinante para a estabilização do índice de crescimento observado no último ano. Isso pode ser comprovado quando observamos que os meses com menores taxas foram alcançadas em outubro de 2019 (5,09%) e maio de 2020 (12%), período de atuação dos militares. Em 10 de junho, o Presidente Jair Bolsonaro autorizou a atuação das Forças Armadas até 10 de julho.”
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