Desmatamento da Amazônia: países da UE são contra acordo com Mercosul

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Às vésperas do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho, mais um país europeu aprovou moção contra a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) por conta da política ambiental brasileira. Desta vez foi o Parlamento da Holanda (foto) e o argumento central é o aumento do desmatamento na Amazônia.

A votação na Câmara dos Deputados da Holanda ocorreu na noite de quarta-feira (4/6). A moção foi apresentada pelos ecologistas do Partido pelos Animais e pede ao governo holandês que se oponha ao tratado em todas as instâncias europeias.

Para entrar em vigor, o acordo entre os blocos comerciais precisa ser aprovado no Parlamento europeu e nos congressos nacionais de cada país que integra a UE, além de obter aval nos legislativos dos países do Mercosul. Porém, a política ambiental do governo Jair Bolsonaro, de enfraquecimento das leis protetivas ao meio ambiente e de estímulo ao desmatamento e à invasão de terras e grilagem na Amazônia, incomoda alguns governos europeus, que parecem não estar dispostos a ratificar o acordo.

De acordo com Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, a Holanda é apenas mais um país que se soma ao repúdio internacional ao Brasil motivado pela questão ambiental e o pelo desrespeito aos Direitos Humanos. “Recentemente, a Áustria também se posicionou contrária ao acordo. Os parlamentares alemães já enviaram diversas manifestações. E, ontem, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos também teve uma decisão de vetar o possível novo acordo bilateral com o Brasil, ou seja, não é uma preocupação exclusiva da Europa”, explicou.

De fato, assinar o acordo comercial com Mercosul enfrenta resistência em vários países por causa do Brasil. No ano passado, o presidente francês, Emmanuel Macron, havia decidido bloquear o acordo UE-Mercosul, acusando o presidente Jair Bolsonaro de minimizar as preocupações com as mudanças climáticas, o que atraiu críticas da Alemanha e do Reino Unido.

Dois meses depois, a ministra francesa do Meio Ambiente, Elisabeth Borne, afirmou que o país não assinará o tratado porque o Brasil “não respeita a Amazônia nem o Tratado de Paris sobre clima”. Em seguida, foi a vez da Irlanda ameaçar ficar contra o acordo porque o Brasil não respeita seus “compromissos ambientais”. No início de 2020, a Bélgica adotou resolução no mesmo tom.

Em maio, a deputada alemã Yasmin Fahimi, presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Alemanha, disse que não seria possível conciliar as política de Bolsonaro com as exigências para o acordo UE-Mercosul nas áreas de  desenvolvimento sustentável e direitos humanos.

Desmatamento

De janeiro a abril deste ano, os alertas de desmatamento já chegaram a 1.202 km² de florestas, área 55% superior à do mesmo período do ano passado (773 km²), pelos dados Deter, que mostram uma alta de 94% desde agosto de 2019. Tudo indica que os números oficiais do desmatamento na Amazônia, que serão divulgados em novembro deste ano, poderão ser significativamente maiores do que os de 2019, quando o Brasil quebrou um recorde, elevando a destruição da floresta em quase 30% em 12 meses.

De acordo com o WWF-Brasil, as projeções, com base nos dados dos últimos quatro anos, indicam que a devastação caminha para algo entre 12 mil km² e 16 mil km² de destruição. A continuar neste ritmo, além de colocar em risco o equilíbrio climático do planeta e a produtividade da agricultura brasileira, cada vez mais as portas da economia mundial vão se fechar para o Brasil.

Com informações de agências internacionais

simonekafruni

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