O Partido Verde (PV) adotou uma série de medidas para frear avanços do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre o meio ambiente. As falas de Salles, reveladas na última sexta-feira (22/5), causaram espanto ao apresentar uma agenda de flexibilização de marcos ambientais à revelia do Legislativo. As ações do PV envolvem dois pedidos de impeachment e convocação do ministro para esclarecimentos na Câmara dos Deputados.
Em sua fala, Salles afirmou que o momento da pandemia era oportuno para que fossem adotadas medidas infralegais e atos normativos que visassem à desburocratização e simplificação de processos ambientais. “Vamos passando a boiada”, disse.
Dentre as medidas do PV está um requerimento de convocação, apresentado pelo deputado Israel Batista (PV-DF), acompanhado por Enrico Misassi (PV-SP), Célio Studart (PV-CE) e Leandre (PV-PR), para que o ministro preste esclarecimentos na Câmara dos Deputados. Studart protocolou notícia-crime contra Salles na Procuradoria-Geral da República. Na Câmara dos Deputados, a direção do PV protocolou novo pedido de impeachment nesta segunda-feira (25/5).
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em abril, durante a pandemia, os alertas de desmatamento da Amazônia registraram aumento de 63,75% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nesse contexto, a fala do ministro apresenta uma estratégia de atuação da pasta “Então, para isso precisa ter um esforço nosso aqui, enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”, afirmou Salles.
“De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de Ministério disso, de Ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação (…) que nós precisamos, em todos os aspectos”, acrescentou, na reunião ministerial, o titular do MMA, pasta que deveria cuidar da preservação ambiental.
Um dos autores do pedido de impeachment, o deputado Israel Batista (PV-DF) destacou que “Salles é a raposa cuidando do galinheiro. É um negacionista do aquecimento global. É anti-índio, antifloresta, antipreservação e antiministro. Que fique bem claro: não vai passar nenhum único boizinho da boiada dele!”, disse, em referência ao pronunciamento.
“Expor o país à disseminação desenfreada do desmatamento sem o devido debate democrático e encarar os veículos da imprensa como obstáculos a serem vencidos, em detrimento de utilizá-los como ferramenta para publicização de atos que impactam a qualidade de vida de toda a população, é tudo menos digno. É tudo menos honrado. É tudo menos decoroso. É tudo menos o que se espera do Ministro do Meio Ambiente do país que possui uma das maiores diversidades biológicas e ambientais do planeta”, assinalou o Partido Verde.