Na semana da COP 25, é preciso alertar para as possibilidades sustentáveis relacionadas à Amazônia. O manejo florestal, uma prática que existe desde 1930, mas que não avança por falta de vontade política, poderia ser uma saída para evitar o desmatamento predatório no país. Desenvolvimento sustentável é possível, garantem os especialistas.
Dados do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces) apontam que o Brasil tem a maior extensão de florestas tropicais e a segunda maior cobertura florestal do mundo, uma área equivalente a 516 milhões de hectares (Mha). Desse total, 56% (290 Mha) são florestas públicas e menos de 7% (34 Mha) destinados à produção florestal. O país também é o terceiro maior produtor de madeira no mundo, com produção total estimada em 30 milhões de metros cúbicos (m3) de tora, sendo que a região amazônica concentra a produção de madeira nativa, ao passo que a produção proveniente de plantações ocorre no Sudeste e Sul.
No entanto, segundo a diretora executiva da FSC — Conselho de Gestão Florestal (Forest Stewardship Council, na sigla em inglês) –, Aline Tristão Bernardes, apenas 1,2 Mha estão sob concessão, onde o manejo sustentável garante um desmatamento responsável e agregação de valor à cadeia da madeira. “O sistema é de baixo impacto e tem certificação. Os mecanismos existem, mas precisam ser implementados e respeitados”, diz.
O licenciamento do manejo sustentável permite a retirada de três a cinco árvores por hectare a cada 10 anos, com vários indicadores que devem ser cumpridos. “Existem muitas madeireiras responsáveis, certificadas. A legislação inclusive criminaliza o importador se as regras não são obedecidas”, conta.
A engenheira florestal Anna Fanzeres ressalta que o manejo permite explorar a floresta sem desmatar e as áreas tem de ser recuperadas. “É possível e viável economicamente. Porém, ao competir com o desmatamento ilegal, se retira toda a possibilidade de agregar valor à cadeia”, afirma. Segundo ela, o Serviço Florestal brasileiro, hoje no Ministério da Agricultura, estabelece as concessões. “É preciso estabelecer uma agenda positiva para ampliar o manejo florestal e reduzir o desmatamento. É uma decisão política”, avalia.
O estudo da FGVces Coalizão Brasil Clima, Floresta e Agricultura mostra a viabilidade econômica da produção madeireira por meio de manejo florestal sustentável em áreas públicas sob regime de concessão, com aumento da área até 2030 e combate da ilegalidade. A pesquisa revela que o impacto do aumento do consumo final do setor produção florestal, pesca e aquicultura tem potencial para gerar na economia brasileira aumento de R$ 1,7 bilhão no Produto Interno Bruto (PIB), arrecadação de impostos da ordem de R$ 102 milhões, geração de 70 mil postos de trabalho e impacto positivo de R$ 13,8 milhões na balança comercial.
Apenas na cadeia da madeira o impacto seria de um aumento do PIB em R$ 1,6 bilhões, R$ 73 milhões na balança comercial e arrecadação de impostos e encargos da ordem de R$ 150 milhões. Com 200 mil hectares por concessão, o manejo florestal poderia propiciar o estabelecimento de 100 novas áreas para empresas privadas. Hoje são 2 mil em operação.
Evitar o desmatamento ou degradação florestal por meio da ocupação e uso sustentável dos recursos naturais em florestas públicas
> Aumento do PIB em R$ 1,6 bilhões só na cadeia de madeira
> R$ 73 milhões de impacto positivo na balança comercial
> Arrecadação de impostos e encargos da ordem de R$ 150 milhões
> Com 200 mil hectares por concessão, estabelecimento de 100 novas áreas para empresas privadas (hoje são 2 mil em operação)
> Criação de 56 mil novos empregos diretos e 115 mil indiretos até 2030
> No caso de 20 milhões de hectares de florestas totalmente desmatados: 6 bilhões a 8 bilhões de toneladas de CO2 equivalentes (tCO2eq) liberados na atmosfera
> No caso de 20 milhões de hectares degradados (50% de abertura na floresta): 3 bilhões a 4 bilhões de (tCO2eq) liberados na atmosfera
> Alternativa de 20 milhões manejados de forma sustentável (10% de abertura na floresta):
Fonte: Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV EAESP (FGVces 2016)
As mudanças climáticas podem extinguir espécies de plantas e animais nos lugares mais biodiversos do…
O vidro pode ser totalmente reaproveitado no ciclo produtivo, porém é necessário melhorar sua coleta…
A Bio Mundo lança uma coleção de potes de vidro retornáveis, que visam reduzir o…
Dados de fevereiro de 2021 da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) mostram que o…
Consulta pública pretende colher subsídios para uma proposta de regulação, a ser apresentada ao Banco…
Criado em 2014, o INMA incorporou o Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, um dos…