No Brasil, são recorrentes os problemas envolvendo barragens de contenção ou reservatórios de água. Dois dos maiores desastres ambientais da história do país — Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais — ocorreram devido ao descaso no monitoramento de barragens de rejeitos de minério, responsabilidade da mineradora Vale em ambos os casos.
Atento a esse grave risco, o Observatório Nacional (ON) iniciou uma pesquisa inovadora para monitoramento dessas barragens. A ideia é utilizar diferentes métodos geofísicos de forma integrada: Tomografia de Resistividade Elétrica (ERT); Potencial Espontâneos (SP); Polarização Induzida (IP) e Radar de Penetração de Solo (GPR).
Esses métodos podem ser utilizados na melhora do controle de segurança das barragens de mineradoras e também dos reservatórios das companhias de água. “As barragens de rejeitos acabam não recebendo muito investimento das mineradoras, pelo motivo que o próprio nome diz: são rejeitos, nada mais que lixo, coisas que não interessam mais. Então, é feito pouco investimento nesse tipo de barragem, mas é possível pensar em tecnologia para melhorar essas condições”, explica o pesquisador Emanuele Francesco La Terra, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional.
As medidas geofísicas serão feitas sobre a barragem utilizando equipamentos de última geração, em duas maneiras: arranjo 4D para monitoramento contínuo e em tempo real, ao longo de um determinado intervalo de tempo; e arranjo 2D e 3D com medidas tomadas sobre a barragem de forma convencional ou fixa.
O arranjo 4D para monitoramento contínuo em tempo real é uma nova metodologia que está sendo proposta para que, a partir de medidas de grandezas físicas, utilizando equipamentos especiais, seja possível monitorar, por exemplo, se está acontecendo entrada de fluidos no maciço principal, entrada ou frente da barragem. Isso será feito em tempo real. Dessa forma, é possível saber se o fluido está entrando ou se é algo que existe e já está estabilizado.
Na tecnologia 4D, é feito o arranjo tridimensional do maciço da barragem e medição ao longo do tempo, o que seria a quarta dimensão. A entrada de fluido compromete a estrutura e a estabilidade da barragem. Quando forem detectadas tais anomalias, as empresas podem adotar medidas de segurança prevenindo acidentes.
Uma metodologia como essa contribui também para o controle governamental sobre os índices e riscos e pode facilitar a gestão de segurança em barragens pelas próprias empresas. “As mineradoras têm recursos suficientes para realizarem esse tipo de monitoramento. O custo financeiro é infinitamente menor do que as perdas de propriedades, animais, que os danos causados ao meio ambiente e, sobretudo, o imensurável, que é a perda de vidas humanas”, afirma Emanuele.
O Observatório Nacional está na fase da escolha da barragem piloto para fazer os testes e o desenvolvimento dessa tecnologia. O resultado da pesquisa é o desenvolvimento da metodologia, que estará acessível a diversas empresas para que possam adotá-la. “Os riscos sempre existirão e pode não ser possível eliminá-los em 100%, mas podemos conseguir diminuí-los. Quanto mais informações coletadas com os sensores, mais a segurança aumenta”, explica o pesquisador.
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