Torquato manterá Daiello na chefia da Polícia Federal

Publicado em Economia

LEONARDO CAVALCANTI

Torquato Jardim toma posse hoje como ministro da Justiça com a promessa de manter Leandro Daiello na direção da Polícia Federal. Os dois já acertaram os ponteiros.

 

Os dois, por sinal, viajam juntos para Porto Alegre na próxima sexta-feira, 2 de junho. Vão mostrar que não há intenção de fazer mudanças na PF, como temem muitos.

 

Desde que Torquato foi convidado pelo presidente Michel Temer para trocar o Ministério da Transparência pelo da Justiça, começou um grande alvoroço de que o objetivo do governo seria mudar o comando da PF para esvaziar a Operação Lava-Jato.

 

A perspectiva de demissão de Daiello levou, inclusive, a associação de delegados da PF a divulgar nota sobre os riscos de a Lava-Jato, que está botando dezenas de políticos e empresários na prisão, perder a força. Criou-se uma comoção no país.

 

Opinião pública

 

Perante a opinião pública, a Lava-Jato é intocável. Ainda que a operação cometa alguns excessos, ela está sendo vital para atacar a corrupção que suga o dinheiro público. O esquema descoberto na Petrobras é considerado o maior do mundo.

 

As preocupações em relação a um possível esvaziamento da Lava-Jato são mais do justificáveis. Várias gravações obtidas pela Justiça com base em delações mostram políticos conspirando contra a operação. É o caso do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que aparece nas gravações chamando Osmar Serraglio, ex-ministro da Justiça, de fraco, por não ter qualquer controle sobre a PF.

 

A interlocutores, Torquato diz não ter intenção de comprar qualquer briga com a PF. Muito pelo contrário. Ele acredita que o momento exige uma ótima relação entre o ministro da Justiça e o órgão responsável pelas investigações da Lava-Jato. Ele promete sintonia com Daiello.

 

Torquato foi convidado por Temer para o Ministério da Justiça por seu grande conhecimento da legislação eleitoral. Hoje, a prioridade do presidente da República é evitar a sua cassação caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considere irregular a chapa que o elegeu como vice de Dilma Rousseff.

 

Brasília, 15h15min