Saques em contas inativas do FGTS chegam a R$ 15,1 bi

Publicado em Economia

MARLLA SABINO

Quase oito em cada 10 trabalhadores que tinham direito a sacar recursos das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) já compareceram às agências da Caixa Econômica Federal. No total, eles sacaram R$ 15,1 bilhões (83,2%) dos R$ 18,1 bilhões liberados.

 

Segundo a Caixa, 9,5 milhões de trabalhadores embolsaram os recursos a que tinham direito. Eles representam 76% dos 12,5 milhões que fazem aniversário entre janeiro e maio. O banco espera que esse número cresça nas próximas semanas. A partir de 12 de maio estão liberados para saques os nascidos em junho, julho e agosto.

 

Muitos dos que sacaram o dinheiro liberado pela Medida Provisória 763/2016 usaram os recursos para pagar dívidas. Foi a melhor decisão, segundo os especialistas, uma vez que o endividamento das famílias está muito elevado. A quitação de débitos em atraso ajudará a reduzir a inadimplência.

 

Prazo acaba em 31 de julho

 

No total, 30,2 milhões de trabalhadores têm direito a sacar das contas inativas do FGTS. O total disponível chega a R$ 43,6 bilhões. O governo acredita que pelo menos R$ 38 bilhões serão resgatados pelos trabalhadores até 31 de julho, quando termina o prazo final para saques previstos na MP.

 

O governo acreditava que a maior parte do dinheiro do FGTS fosse para o consumo. Isso ajudaria o país a sair da recessão mais rapidamente. Não foi o que aconteceu. As pessoas preferiram colocar as contas de dia, o que, na avaliação dos analistas, foi muito bom, pois não há porque ficar tão endividado.

 

Os especialistas dizem ainda que, a partir do momento em que as famílias forem reduzindo o endividamento, elas voltarão a consumir. Isso, porém, só deve ocorrer mais para o fim do ano, quando os trabalhadores terão maior confiança de que o pior da recessão ficou para trás.

 

“O dinheiro do FGTS veio em boa hora, mas só deu para pagar dívidas”, diz a comerciária Anelise Silva, 34 anos. “Estava no sufoco. Agora, vou controlar as contas para não cair de novo na inadimplência. É terrível ficar devendo e não ter dinheiro para pagar”, frisa. Ela está sem trabalho fixo há quase um ano. “Estou vivendo de bicos”, complementa.

 

Brasília, 13h10min