Queda inédita no setor de serviços sinaliza que PIB ser bem pior

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Os dados do setor de serviços divulgados nesta terça-feira (12/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando um tombo de 6,9% em março superou as estimativas do mercado e mostram que os impactos da pandemia de covid-19 estão sendo bastante fortes, piorando as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Analistas já voltaram para suas planilhas para rever os números.

 

O tombo de março é o maior da série histórica da pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em janeiro de 2011 pelo IBGE. O setor de serviços tem um peso grande no PIB. Em 2019, respondeu por 75,8% e seu desempenho pode refletir na produção de riqueza no ano. Vale lembrar que, em 2019, o setor de serviços cresceu 1,1%, entre janeiro e março em relação ao mesmo período de 2018.  No ano, o PIB registrou expansão de 1,1%.

 

Uma das maiores quedas no setor de serviços foi no Turismo, de 30% na comparação com fevereiro, também a maior da história. As perdas desse segmento em março chegaram a R$ 13,4 bilhões, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Levantamento da entidade revela ainda que os prejuízos em relação ao período pós-pandemia já somam R$ 62,56 bilhões até 10º dia de maio. 

 

As perdas diárias no faturamento do setor de Turismo acompanharam essa tendência, segundo o economista da CNC Fabio Bentes. “A intensificação do impacto negativo da pandemia sobre o setor de turismo foi clara ao longo de abril e maio de modo a praticamente triplicar os prejuízos no período”, destacou.

 

Na avaliação de Bentes, os dados do IBGE são preocupantes. “Ainda na fase inicial da pandemia, volume de receita dos serviços recuou 6,9% em março foi recorde, imagine o que virá em abril e maio”, lamentou. Ele contou que está refazendo as projeções para este ano e elas não são nada animadoras.

 

“Os dados apontam para uma queda do PIB em 2020 de, pelo menos, 4% e deve forçar uma revisão em nossas projeções”, afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ele acaba de rever de 2% para 4% a estimativa de retração na economia este ano e admitiu a que essa previsão já ficou desatualizada.

 

E a tendência, daqui para frente, é de piora nos indicadores econômicos. “As perspectivas para abril são de nova queda no volume prestado de serviços, tanto na comparação interanual, quanto na mensal. Isto pela comparação de um mês ‘cheio’ com isolamento e outros sem isolamento ou parcialmente sem isolamento”, destacou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. Ele prevê queda de 7,4% no PIB deste ano e retração de 3%, em 2021.

 

O economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destacou que com o resultado de março a atividade de serviços está 17,2% abaixo da máxima histórica de novembro de 2014. “Esperamos que a atividade de serviços, particularmente os que exigem interação cara a cara, sejam severamente impactados pelas medidas voluntárias e obrigatórias para restringir o movimento e promover o distanciamento social e a deterioração do cenário econômico e do mercado de trabalho”, afirmou.