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O que Bolsonaro tanto teme em relação ao caso Marielle?

Publicado em Economia

É no mínimo estranho o presidente Jair Bolsonaro dizer que tem, há mais de um ano, as gravações das ligações feitas da portaria para as casas do condomínio onde tem residência, o Vivendas da Barra, no Rio.

 

Ele diz que se apoderou dos áudios para se proteger, para que as gravações não sejam “adulteradas”. A primeira pergunta que todos estão se fazendo é como o presidente soube das investigações se ele mesmo disse que o processo corre em segredo de Justiça.

 

“Nós pegamos antes que (o áudio) fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é minha”, disse.

 

O presidente se refere às investigações da polícia — divulgadas pelo Jornal Nacional, da Tevê Globo — de que um dos porteiros do Vivendas da Barra ligou para a casa de Bolsonaro no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes.

 

Naquele dia, por volta das 17h, o ex-PM Elcio Queiroz, suspeito de participação no assassinato de Marielle e do motorista dela, ao chegar ao Vivendas da Barra, teria dito que iria à casa 58, que pertence ao presidente.

 

Segundo depoimento porteiro, cujo nome é mantido em sigilo, uma ligação teria sido feita para a casa 58 e que “seu Jair” atendeu o telefone e autorizou a entrada de Élcio Queiroz.

 

Também, segundo o porteiro, Elcio Queiroz seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato da vereadora. Naquele dia, porém, Bolsonaro estava em Brasília, como mostram registros da Câmara dos Deputados.

 

Ditado popular

 

Se não tem nada a temer, por que Bolsonaro teve tanta preocupação em se apoderar das gravações da portaria do condomínio onde tem casa? Como diz um ditado popular, quem não deve, não teme.

 

Um coisa é certa nessa história: se o depoimento do porteiro do Vivendas da Barra não tivesse sido revelado, esse pedaço importante das investigações da morte de Marielle — o depoimento do porteiro — ficaria escondido.

 

Diante de tudo o que se viu até agora, há algo de muito podre no ar. Se a Justiça não tiver coragem de mostrar o que aconteceu, caberá a imprensa apresentar a verdade ao Brasil.

 

Talvez, por isso, o jornalismo esteja sendo tão atacado. Mas não serão as declarações virulentas que todos viram nos últimos dias que vão intimidar aqueles que têm compromisso com a verdade.

 

Brasília, 19h10min