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“O governo não tem um plano”, diz Monica de Bolle

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A economista Monica De Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics (PIIE), de Washington, tem demonstrado preocupação com a inabilidade do presidente Jair Bolsonaro e da equipe econômica para lidar com a pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Para ela, o governo ainda não tem plano para conter a crise que está se formando e que vai fazer o país mergulhar em uma recessão profunda. E a prova mais recente disso foi a trapalhada com a Medida Provisória (MP) nº 927, publicada na noite de domingo no Diário Oficial da União (DOU),  que provocou uma reação em cadeia de críticas dentro e fora das redes sociais.

 

O presidente voltou atrás e anunciou nas redes sociais a revogação do artigo que suspendia os contratos trabalhistas por quatro meses, sem previsão salários, e anunciou que publicaria uma segunda MP. Mesmo assim, Monica defende a revogação integral da MP 927, porque ela na contramão do que as economias desenvolvidas estão fazendo para lidar com a pandemia, reduzindo salários de trabalhadores que precisarão ficar confinados. 

 

“O governo não tem plano. Ficar editando MP em cima de MP não faz o menor sentido”, afirmou ela, nesta segunda-feira, durante live no YouTube. Há uma semana, Monica vem comentando diariamente sobre as mazelas da economia brasileira e não falta assunto e foi uma das primeiras a criticar a MP 927 e suas críticas ecoaram fortemente nas redes sociais. Monica está, inclusive, tornando-se referência no assunto, apesar de defender nos vídeos, para os jornalistas ouvirem menos economistas e mais especialistas em epidemiologia sobre o que precisa ser feito no combate ao coronavírus. 

 

SUS precisa de R$ 50 bi

 

Ao comentar sobre o pacote de R$ 88,2 bilhões anunciados pelo presidente para os estados, a economista fez um elogio de que as medidas são na direção correta. Contudo, fez outro alerta sobre os R$ 8 bilhões destinados aos entes federativos destinarem ao Sistema Único de Saúde (SUS). “É muito pouco”, frisou. “O governo está perdido e não sabe. O SUS vai precisar de, pelo menos, R$ 50 bilhões, e as estimativas são conservadoras”, afirmou.

 

Na avaliação de Monica, o governo precisa montar um plano sobre duas bases. A primeira, retomar a ideia do programa de renda básica emergencial de, pelo menos R$ 500 durante 12 meses para os 36 milhões de brasileiros que não são assistidos pelo Bolsa Família. Ela lembrou que os países europeus e, inclusive, os Estados Unidos, estão fazendo isso. E, a segunda base destacada por ela é criar linhas de crédito para pequenas e médias empresas para evitar uma onda de quebradeira durante o fundo do poço da recessão que está se formando.  Ela frisou que são necessárias “medidas urgentes e imediatas”. 

 

Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=0KvEnuXgkpE