NOVA SEDE DO BC NO RIO JÁ ESTÁ 42% MAIS CARA. EMPREITEIRA PEDE CONCORDATA

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POR DIEGO AMORIM

Em tempos de arrocho fiscal, o Banco Central não abre mão da milionária construção da nova sede do órgão no Rio de Janeiro, sem qualquer motivo aparente para mais um espaço físico do órgão na capital fluminense. O valor atualizado da obra está em quase R$ 104 milhões, segundo o próprio BC, um salto de 42% em relação ao valor do contrato, de R$ 72,7 milhões. O prédio está sendo erguido na Zona Portuária como parte do projeto Porto Maravilha. A ideia é que o edifício sirva de âncora para o setor de serviços e ajude o governo local a revitalizar a região.

A construção abrigará as atividades do Meio Circulante, responsável pela distribuição de dinheiro no país, atualmente instalado em um prédio histórico na Avenida Rio Branco. Também os funcionários da unidade do Andaraí, na Zona Norte, devem mudar para o novo endereço. O BC, que ainda tem um prédio na Presidente Vargas, Centro da cidade, diz que ainda não existe, cinco anos após a assinatura do contrato, definição quanto à destinação dos imóveis a serem desocupados. Especula-se que o prédio da Rio Banco se transformará em museu.

Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização do BC, defendeu a construção de mais um prédio da autoridade no Rio por questão estratégica. Segundo ele, tanto por segurança quanto por facilidade de acesso, a nova sede permitirá melhor logística de distribuição de dinheiro para o país.

TCU investiga

O projeto é requintado. Inclui espaço cultural, agências bancárias, comércio, salas de aula e um auditório com 400 lugares. Se vingar, poderá abrigar até 350 funcionários. A obra de 30 mil metros quadrados de área construída já deveria estar pronta. Mas, por ora, pouco mais da metade do contratado foi executado. Os trabalhos tiveram de ser paralisados por “achados arqueológicos na área” e, mais recentemente, pelo pedido de recuperação judicial da construtora Engefort. Mergulhada em dívidas de mais de R$ 200 milhões, a empresa foi investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em uma denúncia de esquema para oferecer a elaboração de planos de recuperação judicial a firmas em dificuldades financeiras.

Além disso, o Tribunal de Contas da União (TCU) está fiscalizando as obras. Quer saber sobre o andamento das obras, a fim de manter o “equilíbrio econômico-financeiro do contrato” e apurar o sobrepreço da obra. Ontem, protestos violentos marcaram a inauguração da nova sede do Banco Central Europeu em Frankfurt, na Alemanha. O investimento de 1,3 bilhão de euros (R$ 4,5 bilhões), em meio à crise econômica e a um forte ajuste fiscal, levou milhares de manifestantes às ruas. No confronto com a polícia, ao menos duas pessoas ficaram feridas.

Brasília, 13h15min