Mourão se inspirou em Paulo Guedes para detonar 13º salário

Publicado em Economia

Se já havia um descontentamento de Jair Bolsonaro com as declarações desastrosas de seu vice, o general Mourão, e de seu conselheiro econômico, o “Posto Ipiranga” Paulo Guedes, o quadro piorou muito depois que o capitão reformado tomou conhecimento das críticas de Mourão ao 13º salário e às férias de trabalhadores. Para Bolsonaro, Mourão tocou em um tema tão polêmico, que pode dar início ao desembarque de um público importante da candidatura do representante do PSL, sobretudo nas regiões mais pobres do país.

 

Bolsonaro foi avisado de que as declarações de Mourão foram baseadas nos discursos de Paulo Guedes, apontado como futuro ministro da Fazenda no caso de vitória do capitão reformado em outubro próximo e que defende a volta da CPMF, o imposto sobre transações financeiras. Guedes é contra uma série de direitos trabalhistas, que, na avaliação dele, encarecem o emprego no Brasil. Mourão e Guedes acreditam que, ao tirarem benefícios como o 13º e o adicional sobre férias, as empresas se sentirão mais motivadas a contratar.

 

Não se pode esquecer que o 13º e o adicional de férias são complementos importantes à renda dos trabalhadores. Na média, os salários no Brasil são muito menores do que nos países mais desenvolvidos. Outro ponto que deve ser considerado: há empresas que pagam até 18 salários para trabalhadores, como divisão dos lucros que todos contribuíram para ser alcançados. Se tem empresa que pode pagar até seis salários extras poe ano, qual o problema do 13º?

 

O 13º também é vital para os quase 30 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que recebem um salário mínimo por mês. Para o general Mourão e para o banqueiro Paulo Guedes, um adicional de R$ 954 não é nada. Mas para essas pessoas mais pobres, o ganho extra faz muita diferença.

 

Resta saber, agora, o quanto as declarações de Mourão vão impactar a campanha de Bolsonaro faltando 10 dias para as eleições. O capitão reformado já parou de crescer nas pesquisas. A onda que o havia levado ao topo das intenções de votos parece ter se esgotado por completo.

 

Brasília, 14h24min