Mesmo com Geddel fora do governo, Temer se enfraquece e corre o risco de virar um Sarney

Publicado em Economia

A demora do presidente Michel Temer em demitir Geddel Vieira Lima de seu ministério minou a credibilidade do governo. Temer se mostrou um presidente fraco, incapaz de extirpar um tumor que estava infestando toda a sua administração. Desde o início, a escolha de Geddel foi um erro. Sua ficha corrida é enorme, muito conhecida no meio político.

 

Ao pressionar o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, para que liberasse um empreendimento irregular, no qual havia comprado um apartamento de R$ 2,5 milhões, Geddel mostrou o quando despreza a coisa pública. Na visão dele, o governo era seu butim, no qual prevalecia seus interesses pessoais em detrimento dos anseios da coletividade.

 

Assim que Calero relatou a pressão de Geddel, o presidente já deveria ter demitido seu secretário de governo. Naquele momento, cortaria o mal pela raiz. Mas preferiu passar a mão na cabeça do subordinado, como se o crime que ele estava cometendo fosse apenas uma peraltice de um menino mimado.

 

Essa postura de Temer o faz lembrar seu colega de partido, o ex-presidente José Sarney, que perdeu totalmente o controle de seu governo.

 

Quando substituiu Dilma Rousseff, muitos analistas diziam que Temer teria a chance de se tornar um novo Itamar Franco, que conseguiu fazer reformas importantes e patrocinar o Plano Real, ou de se assemelhar a Sarney. Pelo visto, está mais próximo da segunda opção.

 

Atraso nas reformas

 

O maior temor dos investidores é de que, enfraquecido, Temer não consiga levar adiante as reformas tão necessárias para o país crescer. Mesmo que consiga aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumenta de gastos à inflação do ano anterior, pouco conseguirá fazer se não levar adiante a reforma da Previdência, que exigirá um apoio brutal do Congresso.

 

Temer carrega o peso de parte da população o considerar ilegítimo para o cargo. Muitos o acusam de golpista. Com as denúncias de corrupção proliferando no governo, será difícil aglutinar apoio. Não custa lembrar que dois de seus mais próximos auxiliares, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (responsável pelos programas de concessões), estão encrencados. Padilha, enrolado nas denúncias de Calero, e Moreira, citado na Operação Lava-Jato.

 

De olho em todos esses detalhes, os mercados estão enlouquecidos. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) desabou quase 1,5% e o dólar sobe mais de 1%. A tensão é enorme entre os investidores.