Uma mensagem encaminhada por um embaixador a uma ministra do Itamaraty está provocando polêmica. No e-mail, ele pede a colega de trabalho que indique “algum escravo” para resolver uma pendência dentro do órgão. O tema seria as bolsas que o Ministério de Relações Exteriores (MRE) oferece a estudantes estrangeiros.
O diplomata enviou a mensagem, repassada a terceiros, que se indignaram. Dentro do Itamaraty, o que se diz é que o “escravo” seria um oficial de chancelaria. Na verdade, uma oficial de chancelaria que trabalha com a ministra a quem o embaixador recorreu. Ela teria ficado muito abalada com o tratamento desrespeitoso.
A sensação, entre os funcionários do ministério, é de que os diplomatas “vivem, pensam e agem como se vivessem em tempos de Casa Grande e Senzala”. Muitos oficiais de chancelaria acusam as chefias de tratamento desrespeitoso.
Os oficiais de chancelaria dizem que eles foram os primeiros, dentro do Itamaraty, a serem selecionados com a exigência de curso superior. A carreira de diplomata só passou a exigir tal formação a partir de 1994.
Guerra entre carreiras
A guerra entre as carreiras no Ministério das Relações Exterior é antiga. Constantemente, o órgão é obrigado a abrir processos administrativos para averiguar se as denúncias de assédio moral procedem. A maioria dos processos, porém, não vai adiante.
Há um grupo dentro do Itamaraty disposto a levar a frente um processo contra o embaixador que tratou um subalterno como “escravo”. Inclusive, o sindicato que reúne a categoria já foi acionado para se manifestar. O Blog ainda não conseguiu contato com a entidade.
Os defensores do embaixador dizem que foi uma bobagem, que, em nenhum momento, ele quis ofender ninguém. Os aliados do embaixador dizem ainda que ele e a destinatária da mensagem são muito amigos, por isso, costumam usar uma linguagem bem coloquial nas trocas de e-mails.
Brasília, 21h10min